HNO3, O PERFUME DA MORTE.
A névoa da manhã dissipava-se e agora deixava à mostra as flores na bela praça, onde existira um terreno baldio, de tristes lembranças.
Corriam os anos 70 e o desenvolvimento industrial acelerava-se no mundo todo.
A concorrência por vezes leal, em outras desleais a ponto de transpor os limites normais e chegar a espionagem e até pior.
Naquela cidade, adjacente da grande metrópole, desenvolvia-se o ramo de fabricação de perfumes
em grande escala, e muitas já eram as empresas a que isto dedicavam-se.
A maior empresa dessa região empregava em seus perfumes, essências importadas e liderava o comércio de exportação, o que causava extrema inveja aos outros industriais.
Centenas de empregados e uma segurança monumental era o perfil que os moradores tinham da empresa,
que costumavam dizer: "Só entre lá se for pra trabalhar", referindo-se sempre a notória concorrência e a espionagem industrial, latente naqueles anos de prosperidade.
Um pequena e emergente industria formou-se, o seu proprietário, um antigo e malsucedido cidadão, entrava nesta empreitada para reaver perdas anteriores de outros negócios.
Usando materiais de segunda categoria, seria difícil atingir os patamares dos grandes e um dia teve uma idéia...
Chamou a seu escritório três empregados e lhes propôs um negócio: Teriam eles que adentrar na gigante produtora de perfumes e causar o maior dano possível, assim pensava ele atrasar entregas daquela empresa e por conseguinte, calculou, os interessados sem serem atendidos procurariam outras empresas da região para o fornecimento, inclusive a sua.
Ofereceu grande quantia em dinheiro, mostrou o planejamento da ação e os 3 homens aceitaram a sabotagem.
Como acontecia todas as madrugadas, o caminhão de lixo adentrava a empresa para recolher o lixo, esta era a oportunidade e assim o fizeram, após furtivamente roubarem um caminhão minutos antes.
Sem problemas já encontravam-se no interior da industria e ao lado de 5 tonéis que guardavam 10 mil litros cada um.
Estes tonéis possuíam dois registros, um para pouca vazão, evidentemente para uso diário da empresa e outro de grande vazão para que  se pudesse esvaziar rapidamente os tonéis, em casos emergenciais, tal como incêndios e catástrofes, para salvamento de tão
preciosos líquido, que iriam então dali para um recipiente em ambiente seguro.
O tempo urgia, e rapidamente cortaram o encanamento dos tanques e os dirigiram para esgotos existentes no chão...
Foram abertos os registros para grande vazão...o silencio era total e a segurança fazia seu papel na parte externa da empresa, porém do lado de dentro dos grandes muros.
De 1 em 1 hora vistoriavam o interior da empresa.
Quando os tonéis estavam quase vazios uma luz iluminou o corredor central da empresa e os homens desacostumados com o habito dos bandidos, puseram-se a correr e foram alvejados impiedosamente com rajadas de metralhadora pelas costas, numa carnificina com normas:
"Atirar, segundo o proprietário em quem fosse encontrado a noite na empresa sem para esta pertencer".
Erguendo do esgoto um dos canos cortados, verificou o segurança que já estavam vazios, a palidez e uma rápida vertigem tomou conta dele, pois antecipava a tragédia em seus pensamentos.
Comunicou ao patrão as mortes, e que tipo de liquido haviam jogado fora.
Analisou friamente o fato e chegou a conclusão de que, quanto aos homens mortos a justiça lhe protegeria
por invasão e prejuízos a empresa e quanto ao liquido correria ele a um terreno baldio, ao lado que fora
o local de retirada de argila para um antigo olaria desativado. O liquido iria para as enormes cavas e nada traria a natureza de prejuízo.
Olhou serenamente pra os tonéis, 3 deles azuis, com as inscrições: Essências para perfumes e 2 deles as inscrições,
ÁCIDO NÍTRICO(HNO3), usado para manutenção na empresa, que misturado em pequenas quantidades com outros componentes era usado pelos funcionários para a limpeza, tudo bem, concluiu ele.
Sem identificação os corpos foram levados ao IML e lá permaneceram na geladeira.
No dia seguinte, o termômetro acusava 36 graus, 4 meninos, brincavam na rua, e após como sempre faziam, foram banhar-se nas cavas abandonadas...
A tarde quando os corpos dos 3 homens eram velados, um perfume adocicado impregnava o ar nas redondezas, e nas barrancas das cavas, roupas de crianças.
A mistura do ácido com a essência produzira um perfume adocicado, altamente corrosivo...mortal.
A água das cavas tinha uma estranha cor rosa...
Sangue, ossos, músculos...o acido transformou tudo em água perfumada.

Malgaxe

 
 
Malgaxe
Enviado por Malgaxe em 11/03/2009
Reeditado em 07/03/2012
Código do texto: T1480842
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.