Vilarejo vermelho

Em um certo vilarejo havia uma casa na qual todos temiam, pois o único morador que ali habitava obtinha manias estranhas, como nunca abrir uma janela para o sol, não cultivava flores como os vizinhos e sim cactos, quando noite, corujas e morcegos brigavam para garantir um pouso em cima da casa.

A virada para o ano de 2000 estava próxima, a festa seria grande e alegre, pois acolheria a cidadezinha inteira na praça central para a comemoração, menos o morador misterioso que nunca com ninguém se comunicava.

Finalmente o dia chegou, dia 31 de dezembro de 1999, a festa começara tarde, pois a noite vararia. Algumas horas depois, todos com roupas impecáveis, brancas e com taças de champanhe na mão, contavam...: Dez, nove, oito, sete, seis, cinco, quatro, três, dois, um! Feliz ano no... De repente todos pararam, seus braços e pernas começaram a tremer, suas bebidas estilhaçaram no chão, pois em cima do coreto principal aparecera o morador estranho, seus trajes negros e nas mãos trazia um quadro absurdamente grande com a pintura que assustara a todos: havia cactos para todos os lados, só que ao invés de serem verdes, eram vermelhos, vermelho das pessoas neles espetados. As pessoas eram todas do vilarejo, a pintura era perfeita, seus rostos destacavam-se. A correria foi total, famílias se juntavam, namorados se beijavam, mas não era de alegria, era a despedida, pois sentiram que o ano de 2000 já havia acabado para eles. Quando o relógio bateu meia-noite e cinco um trovão partiu o coração de todos de susto, água vermelha começou a cair. Meia-noite e dez, cactos de todas as direções começaram a vir e pessoas neles começou a esmagar. Meia-noite e quinze, a única coisa que restou foi um homem em cima do coreto e sua criação de cactos.

Pamela Faria
Enviado por Pamela Faria em 27/04/2009
Reeditado em 10/09/2011
Código do texto: T1562820
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