SOMBRAS DA ESCURIDÃO

O inconsciente coletivo tantas vezes em eminência e nem sempre notado, produziu grandes alegrias, e notadamente também grandes tragédias, cito o incêndio trágico do Edificio Joelma, o incendio do Circo Panamericano,
e a tragédia sem vítimas, mas que reuniu o inconsciente coletivo no mesmo drama, o 16 de Julho de 1950 no maracanã, na trágica perda da copa do mundo para o Uruguai.
Mas nada se compara a uma tarde de Agosto da década de 70.
Muitas história contavam, e passavam de geração a geração, os apavorantes casos sobre o velho teatro.
Havia uma que dizia ter sido o terreno do antigo teatro um velho cemitério indigena, e que sacrificados em rituais de imolação vagavam nos porões e nas escuras noites de apresentações.
Talvez fosse esse um dos motivos porque que tantas pessoas atraves dos tempos visitaram e assistiram peças teatrais naquele local.
Mas esta noite foi especial, o teatro trazia a peça, Sombras da Escuridão, e a sessão seria as 21:00 horas.
Uma fachada sóbria, não fosse pelas peças esculpidas em cima que representavam dois seres alados, diriam tratar-se de um antigo e histórico edifício, somente isso.
Um pequeno jardim em frente, 15 degraus de uma larga escada, davam a porta de saída, a única em todo o teatro, nas laterais 1 porta em cada uma de tamanho normal e sempre fechadas.
O interior como de qualquer casa de espetáculos com centenas de cadeiras, e alas superiores, com camarins e mezaninos, onde as pessoas circulavam durante os espetáculos.
O palco gigantesco tinha duas portas laterais de onde vinham os artistas para a presentação.
Uma volta ao ponto do inconsciente coletivo torna-se necessário: A imagem que todos tinham desde criança, é que o teatro era o ponto mais proximo que se podia aproximar de uma outra dimensão, de um outro mundo, pelas próprias histórias enraizadas na mente das pessoas.
Hoje parecia que a natureza conspirava, para que fosse uma tenebrosa noite.
No início da noite uma névoa densa desceu sobre a cidade, as pessoas pareciam fantasmas nas ruas.
Olhava-se do lado por qualquer barulho.
A verdade é que muitos diziam que seria uma noite de pesadelos visíveis e rios de sangue...É claro que o intuito de tais pessoas era assustar, mas sinceramente nem eles mesmo acreditavam que coisa menor que isso fosse acontecer.
19:00 horas...O teatro para 1200 pessoas, ja contava com 520.
A música era alegre, os rostos das pessoas eram de pessoas alegres, mas os olhos denunciavam a preocupação, pela maneira como olhavam para os lados e para a grande cortina em frente ao palco.
20:00 horas...Para conter a entrada de mais pessoas, os produtores fecharam a porta principal, com 950 pessoas dentro do teatro.
A coincidencia trágica veio a seguir, numa combinação, de um medo precurssor com um ódio avassalador.
Do lado de fora 300 pessoas, a princípio resignadas por não poder entrar para assistir o espetáculo, maquinavam na surdina agora uma maneira de entrar a todo custo.
A barreira de policiais, enfureceu mais ainda jovens rebeldes e afoitos, e sob a escuridão da noite traçaram as diretrizes da vingança.
21:00 horas...A musica 2001, Uma odisseia no espaço, inicou o espetáculo.
Uma a uma as luzes foram apagando e a cada sombra formada pelo apagar da luzes, uma espécie de crescente
loucura e extrema agitação foi tomando conta das pessoas, quando a ultima luz apagou, todos estavam em pé, nos limites da sanidade.
Atrás da cortina, uma luz vermelha foi acesa, tornando lilás o ambiente, e lentamente a cortina se abriu pelo meio.
Do lado de fora, a ferocidade dos revoltosos produzia a hecatombe sugerida pelo inconsciente coletivo, quando coquetéis molotov, foram atirados contra o velho teatro, com muitos pontos em madeira.
A simetria dos acontecimentos fora e dentro produziram o sinistro desastre.
Quando terminou de abrir a cortina, 7 manequins colocados logo atras da cortina, fantasiavam mortos vivos...
O que se seguiu foi apavorante....Centenas de pessoas assustadas corriam em direção ao que deveria ser a porta de saida, mas antes montanhas de seres humanos pisoteados, chutados, e sufocados eram a barreira mortal.
De fora pra dentro a fumaça venenosa do combustível matava por sufocação.
Quando as labaredas tomaram conta do velho teatro, pelo menos 300 pessoas jaziam carbonizadas entre as chamas.
Se um dia naquele local tivera sido um cemitério, hoje não há mais um teatro, mas no inconsciente coletivo aquele lugar será para sempre um lugar de apavorantes mortes...

Malgaxe
Enviado por Malgaxe em 28/04/2009
Reeditado em 28/07/2010
Código do texto: T1564607
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