A MORTE TE ESPERA

Hummm, agora falta pouco, rsrsrsrrrssr........Pronto lá está.
Olha só que maravilha, 109 metros de altura....rsrsrsr que loucura, vai ser hoje meu grande dia.
O diálogo se passa num beco imundo da favela do gergelim, numa linda cidade/capital.
Não é um diálogo normal, mas de um assassino frio, consigo mesmo.
A última fumaça a deixar aquela boca mal cheirosa de Afehz Atta, sim era esse seu nome, foi o primeiro ato daquela figura tenebrosa em direção ao centro da capital.
53 anos, dos quais 19 em prisões do Oriente médio e Africa, tinha uma cicatriz do lado esquerdo do rosto, teve uma mulher que vivia com ele até 8 meses atrás, mas numa noite, certo de que iam lhe matar, despedaçou a mulher, e andando nos esgotos, foi atirar os pedaços da pobre vítima num rio ao lado de um campo de futebol.
Era árabe, sem ser muçulmano, era um assassino sem nunca ter cometido um atentado terrorista, era calculista sem nunca ter frequentado uma escola, astuto por natureza, assassino por destino.
Afehz Atta era um sanguinário, um ser humano que matava por prazer, o trunfo de seus crimes, era a maneira como destruia os corpos antes de desaparecer com eles, eram álibes perfeitos, labirintos sem saída.
Chegara a muito tempo atrás, no porão de um navio, em um porto perto da capital, estava só, desidratado e em fuga.
Fugira de um pequeno emirado árabe, pelo golfo pérsico, o seu crime? 18 casais mortos numa noite...
Astuto, fugiu do navio e refugiou-se na capital, onde viveria em paz com seus demônios e livre para atendê-los quando viessem lhe pedir para matar...
E matou, matou muitos...A sua roupa exalava o cheiro putrefato da morte.
Um caminhão parou: Olá seu Afehz, tudo bem? Sim, vou até o centro comprar remédios...
___Até logo então turco, assim o chamavam, apesar de ser egípcio.
O olhar de Afhez Atta do chão onde estava, apenas levantou, girou 10 graus a direita, observou o caminhão sumir numa curva da rua, endireitou o caminho e seguiu...Seu olhar tinha um estranho ódio.
Num terreno baldio, parou e olhou...Além daquele terreno, além da próxima rua, há uns 4 kilometros, entre as nuvens, erguia-se majestosa a torre.
Na verdade era uma torre de observação, iam lá em cima para observar a cidade, e era bela a cidade a noite...
Pensou Afehz...A noite... Será a noite, rsrsrsrsrssr
Já muito perto da torre, mas ainda faltavam 8 horas para a noite chegar.
Afhez sentou-se numa praça, cheia de flores, árvores, pássaros e lembrou do deserto em que nasceu, a primeira morte...
Tinha 13 anos...Aquele casal no oásis...Sim, a espada lhe ofereceu a chance de satisfazer seus demônios...riu-se de prazer quando lembrou, rsrsrsrssrrsrs.
O crepúsculo cobria o céu de poluição da fumaça dos carros, mas as luzes diziam que ela estava lá, pelas luzes primeiras a acender.
 20, 21, 22 horas...em passos próprios de quem sofria com a chegada da noite, por causa das dores nas articulações, Afhez Atta deu seus derradeiros passos em direção a maior glória de sua vida.
A uma quadra da torre, olhou para cima e sorriu...Olha ela, rsrsrsr, chegou a hora!
Entrou numa ante-sala para os elevadores e logo depois tomou um dos deles...
Chegou na parte mais alta da torre o ponto de observação da cidade.
Rodeou próximo as paredes, mas com medo...Afhez Atta, tinha medo de altura, até que chegou a um ponto na parte oposta aos elevadores...
Simmmm, é aqui então...balbuciou..Aqui que se reunem os casais a noite no escuro...complementou. Seus olhos brilharam...
Em sua frente 4 janelas grandes, tres delas haviam 3 casais observando a cidade, a quarta e ultima janela, escondia-se em um lugar mais escuro...De cima da torre via-se o manto branco da neblina abaixo dela.
Afhez Atta, aproximou-se dos casais por trás, passou o primeiro, o segundo, o terceiro...
Analisou cada um, como que escolhendo algo, mas o que?...
Em frente a quarta janela aproximou-se...Olhou a imensidão surreal branca...Voltou o olhar mais uma vez para os casais...Seria agora...Pensou. Encostou-se de costas na janela, como se estivesse descansando,  inclinou o corpo para trás, e soltou-se para o vazio da morte...
Na praça em frente a torre, o corpo de Afhez Atta...E presas a ele , 5 espadas usadas em crimes, que a liberdade da morte o impediu de usar pela última vez...



Malgaxe
Enviado por Malgaxe em 23/08/2009
Reeditado em 28/07/2010
Código do texto: T1769917
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