Morte

Morte

Os olhos cerrados, mãos cruzadas sobre o peito. A respiração cessou assim como a sua própria vida, vida efêmera, repleta de duvidas e angustias que partiram longe ao esquecimento. As lembranças, únicas e vividas de quem partiu apenas permanecem como demônios a perturbar o sono alheio, uma ferida que jamais se cura.

Os dias se tornaram nebulosos, a foto na cabeceira estava intacta e estática, com um leve sorriso no canto dos lábios coloridos. Ele sabia que aquela imagem era eterna, já o que jazia no fundo da cova, seria devorado pela terra ate não restar nada que pode-se ser identificado como sendo ela, a única mulher que amou, a única a quem ele poderia afirmar como sendo senhora do seu negro coração.

Cada vez que fechava os olhos ele podia se lembrar, a imagem nítida surgia em suas pálpebras cerradas. Ela deitada em seu sono sepulcral, na cama de lençóis rubros, com os pulsos partidos por uma lamina de prata. Sim, ela havia de fato, selado o seu destino junto à morte. Mas por quê? Ele não conseguia entender, e esta pergunta se perpetuava em sua mente dia após dia.

Foi então que as primeiras cartas começaram a surgir. Cartas de amor, a outro. Um amor maior, e ela prisioneira de laços matrimoniais jamais poderia consumar tal ato. Mas ela o fez, e a culpa devorou cada parte de sua alma, e no final a morte veio para purificar o que estava corrompido. Ele enfurecido pela descoberta inesperada, estava com o coração destruído pela traição e morte da esposa adúltera. Pensou diversas vezes, seria capaz de perdoá-la se estive-se viva?. Creio que não, em seu mais intimo ódio ele pensou que era melhor ela permanecer entregue aos braços da fidelíssima morte.

Fim.

Taiane Gonçalves Dias
Enviado por Taiane Gonçalves Dias em 05/09/2009
Reeditado em 11/07/2010
Código do texto: T1793763
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.