Crônicas V - Bela

Crônicas V - Bela

O desejo era mais forte e corroia minhas entranhas como fogo ardente. Minha respiração ofegava junto a dela, enquanto eu deslizava meus dedos gélidos pelas suas curvas nuas de feminina e rara beleza. Ela me fitava com olhos lacrimosos onde o puro brilho da vida cintilava de paixão.

O vento soprava suave através das janelas fazendo com que as cortinas flutuassem sobrenaturais, podíamos ver a lua de prata no céu, nossa cúmplice deste amor proibido. O fogo crepitava na lareira, inesquecíveis eram minhas noites ao lado dela.

Eu cria noturna, amava ela, filha dos homens. Mergulhava entre seus cabelos ondulados eu sibilava em seus ouvidos palavras de eterno amor. Mas diante da efemeridade da vida, entreguei-lhe o dom da vida eterna. Eu havia criado uma esplêndida obra de arte, portadora da mais tenra e sublime beleza, imortalizada, agora entre os tempos.

Mas feito, não podia ser desfeito. Toda a vida se esvaiu e o brilho do olhar desapareceu, restando apenas ela, somente ela, a visão da mais perfeita, falsa e frágil beleza.

Taiane Gonçalves Dias
Enviado por Taiane Gonçalves Dias em 28/09/2009
Reeditado em 11/07/2010
Código do texto: T1835433
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