Nunca Invoque os Mortos

A noite a escola é um local assustador, com corredores longos e desertos, mas não hoje Alexander quebra o vidro de uma janela por onde entra, ele dá a volta dento da escola abrindo a porta para seus amigos Jessica, Samuel e Pâmela. Os quatro amigos, que também estudavam naquele colégio, sabiam o caminho a percorrer. Logo eles vão para a quadra principal mas Pâmela diminui seus passos preocupada.

- Esperem um pouco pessoal.

- O que foi? - questiona Samuel, seu namorado.

- Não acho uma boa ideia vir aqui.

Alexander irrita-se com a amiga que ele julga boba e imatura.

- E você diz isto agora? Muito legal da sua parte.

- Não é isto, não é a escola, é este lugar.

Alexander começa a rir um pouco pela justificativa dela e um pouco pela irritação que sentia, Samuel parecia constrangido pela namorada mas Pâmela não se importava e mantinha sua decisão. Jessica acende um cigarro olhando seriamente para sua amiga, em seguida ela sorri.

- Mas este é o melhor lugar para ficarmos, foi aqui que aquele puto, esquisito, filho da puta, nerd do Doug se enforcou. Este lugar é muito excitante.

- É, o cara morreu virgem.

Jessica levanta sua saia girando seu corpo.

- Ei Doug, quer dar uma lambidinha?

- Parem com isto, é perigoso. Alguém pode ouvir.

Alexander começa fingir que estava tremendo.

- Nossa, o zelador pode nos pegar, ele tem oitenta anos e uma lanterna.

- É sério. Parem com isto.

Jessica larga sua saia repentinamente e deixa o cigarro cair no chão, os demais ficam preocupados, Pâmela adianta-se mas Jessica sorria.

- Vamos falar com ele?

- Com o zelador?

- Não, Alexander seu idiota, Doug. Vamos chamar o espírito dele, ou qualquer coisa parecida.

- Por favor não.

- Pâmela.

Samuel estava arrependido de ter trazido sua namorada, já Jessica pulava animada e corria para junto de Alexander.

- Eu vim aqui por que queria trepar, mas agora eu quero chamar um espírito, depois eu trepo com você. Ou eu trepo com o espírito e com você.

- Você treparia com o Doug?

- Se ele estiver morto sim.

- Nojento - A ideia de transar com um morto incomodava Pâmela.

- Você não tem a mínima idéia do que eu posso fazer na cama.

Foi difícil convencer Pâmela a participar da brincadeira que Jessica queria, mas ela acabou concordando. logo os amigos improvisaram um tabuleiro com as letras do alfabeto escritas em pedaços de papel, juntamente a outros pedaços com os dizeres sim e não. Jessica coloca um copo no meio das letras e todos os amigos colocam suas mãos sobre o fundo do copo que estava virado. Jessica começa:

- O Doug está ai?

Os quatro amigos prendem a respiração enquanto observam o como que não se move nem um centímetro.

- Doug, você está ai?

- O Dog nerd, não vai chorar?

O copo move-se alguns centímetros. Os quatro entre olham-se para saber quem foi, a mais assustada de todas era Pâmela que arrisca uma pergunta.

- Doug?

Não há nenhum movimento do copo, um ruído de copos brindando ecoa pela quadra junto a murmúrios, Pâmela levanta-se assustada mas é abraçada por Samuel, Jessica ri tanto que cai de costas no chão exausta de suas risadas, Alexander observa sua namorada deitada de costas com as pernas dobradas entreabertas, que não resiste e deita ao lado dela envolvendo-a com seu braço.

- O que você está fazendo?

- Bom, nós já invocamos os espíritos, agora vem a segunda parte.

Jessica sorri enquanto beija seu namorado, ela rola no chão ficando sobre ele, enquanto Samuel e Pâmela resolvem procurar outra área da escola.

Pâmela caminhava pelos corredores desertos da escola abraçando a si mesma, Samuel estava um pouco mais atrás tentando pensar em alguma cantada que funcionasse naquele momento. Mas é Pâmela quem quebra o silêncio.

- Agora eu estou realmente preocupada, não sei quem foi que fez aquilo.

- Aquilo o que?

Ela se descontrola e grita:

- Os gemidos, os copos sendo brindados?

- A noite os sons ficam diferentes do dia e como você estava assustada sua imaginação fez o resto.

- E verdade, espero que seja só isto.

Ela abraça seu namorado sentindo-se confortável.

- Eu me sinto um pouco culpada pela morte dele.

- Culpada por que?

- Bom, Eu nunca o ajudei, eu via seus olhos pedindo ajuda, mas nunca fiz nada.

- Você não tinha por que se envolver, ele era homem, se realmente quisesse deveria se defender.

- Você por outro lado participava de torneios para ver quem batia mais forte no coitado.

- Era divertido.

Ela se afasta de Samuel revoltada.

- Divertido? Eu não acho a morte de uma pessoa divertida.

- Você fala como se eu tivesse culpa?

- E você acha que não teve nada a ver com a morte do Doug?

Ela segue andando mantendo distância de Samuel, que tenta segui-la.

Já, na quadra Jessica tirava a camisa do uniforme, sendo ajudada por Alexander que beija o corpo dela, retirando seu sutiã, ele para com as carícias.

- Por que você parou?

- Preciso ir não banheiro?

- Como assim precisa ir no banheiro?

- Eu já volto.

Alexander vai correndo para o banheiro enquanto Jessica estica sua camisa no chão para proteger-se do frio e deita sobre a camisa. A garota ouve o som de uma respiração ofegante e olha em volta protegendo os seios nus com suas mãos.

- Alexander?

Como ela não ouviu mais nenhum ruído Jessica deita-se novamente mantendo as pernas dobradas, ela olha para a cesta de basquete, local onde Doug se enforcou, quando a barra de sua saia é levantada. Jessica fica de pé assustada, ela tenta correr mas uma mão segura sua perna derrubando-a no chão, a garota tenta gritar mas é arrastada para a parte mais escura da quadra.

Alexander volta do banheiro e encontra a quadra vazia. A camisa e o sutiã de Jessica estavam jogados no chão, ele olha em volta mas não encontra ninguém.

- Jessica? Cadê você?

Ele ouve o som de algo sendo esfregado no chão "suuuf". O som vinha em intervalos regulares de alguns segundos. Alexander segue o ruído "suuuf" estava cada vez mais perto e vinha de uma parte não iluminada da quadra. Alexander aproxima-se cada vez mais, o som torna-se mais alto quando ele encontra o corpo de Jessica quebrado ao meio, pendurado na arquibancada. O corpo movia-se sozinho para frente e para trás, ele estava sendo empurrado por Doug. Alexander tenta gritar, mas já era tarde para ele.

Samuel sentia-se frustrado quando retorna a quadra desportiva na esperança que seus amigos tenham terminado e queiram ir embora. Porém Samuel encontra a quadra vazia com as roupas de Alexander e Jessica caídas no chão, ele abaixa-se ao lado das roupas procurando por mais alguma coisa que lhe desse uma ideia de onde seus amigos estariam, sem sucesso ele levanta-se percebendo um vulto atrás de si. Samuel vira-se mas não encontra nada.

- Eu estou estressado, isto sim.

Ele resolve ir embora mas ouve passos atrás dele.

- Alexander?

Uma respiração ofegante rompe com o silêncio.

- Tá legal, chega de brincadeira.

Uma bola de basquete sai da escuridão rolando até encontrar o pé de Samuel, ele força a vista tentando identificar quem estava de pé na escuridão, Samuel aproxima-se de um vulto.

- Você joga que nem mulher cara.

Ele segue andando, ao mesmo tempo que estranha o fato de Alexander não responder.

- O que foi? A vadia da sua namorada resolveu correr pelada e te deixou na mão?

Outra bola de basquete atinge o rosto de Samuel com força jogando-o ao chão e quebrando seu nariz.

- Mas que merda cara! Qual o seu problema?

O vulto havia sumido, agora além de frustrado Samuel estava irritado e apreensivo, ao levantar-se ele dá de cara com Doug, o espírito estava pálido, tinha olheiras profundas e cabelo emaranhado. Seu olhar reflete o mais profundo ódio.

Pâmela estava perto da saída do colégio quando ouve os gritos de desespero e dor de Samuel, preoculpada ela segue o som dos gritos correndo pelos corredores até chegar a quadra onde encontra Samuel prestes a morrer, ela ajoelha-se ao lado dele amparando-o em seus braços, Samuel esforça-se para falar com ela.

- Fuja...

Ele morre para o desespero de Pâmela, em meio as lágrimas ela reconhece Doug de pé a poucos metros dela, encarando a garota que cai de costas no chão rastejando para trás, ela reúne suas forças e foge da quadra.

Pâmela corria por um corredor caindo no chão ao perceber Doug de pé na outra ponta, ela ouve gemidos vindo de trás dela, ao virar-se Pâmela depara-se com os espíritos de Jessica e Alexander que vieram busca-la.

- Não, Doug por favor.

Ela consegue levantar e entra na primeira sala que encontra. A garota faz uma barricada na porta e ajoelha-se encostada em um dos cantos da parede. Alexander e Jessica batem suas mãos na porta de maneira descoordenada, Pâmela leva suas mãos a cabeça e começa a gritar, em meio ao desespero ela não percebe o som do dia, o sol entrava pela janela e os alunos andavam pelo corredor - ela não estava mais na sala de aula.

Pâmela surpreende-se ao ver a si mesma conversando com Jessica, enquanto Doug passa apressado de cabeça baixa por elas abraçando seus livros. Samuel e Alexander vinham atrás, o primeiro atira uma bola de basquete em Doug derrubando-o. Samuel comemorava enquanto Doug olha assustado para Jessica e Pâmela. Jessica fica irritada:

- Vê se vira homem.

Ela abraça seu namorado enquanto Pâmela olha para Doug com piedade, mas não faz nada.

Pâmela de agora assistia a cena experimentando um misto de horror e nojo quando o espírito de Samuel segura seus ombros empurrando-a contra a parede, Pâmela estava de volta a sala de aula com o espírito de Samuel sobre ela, a porta abre-se e os espíritos de Alexander e Jessica entram cambaleando. Os três espíritos debruçam sobre Pâmela que grita, a ultima coisa que ela vê é Doug, este olhava seu assassinato, mas não faz nada para ajuda-la.

FIM