A BONECA!

Ângela era uma menina doce, meiga e calma. Ao completar sete anos de idade pediu à sua mãe uma boneca de presente, só que as bonecas eram muito caras e sua mãe não ganhava o suficiente para comprar as que ela queria. Sua mãe, Cláudia, trabalhava com faxineira em duas casas de família, ganhava quinhentos reais por mês, o que mal dava para sustentá-las; o pai de Ângela sumira quando soube da gravidez, mas a menina possuia uma foto dele. Um dia, quando Cláudia saira para trabalhar encontrou jogada no lixo uma boneca, parecida com a que Ângela queria, mas a boneca estava maltrapilha e suja, porém, Cláudia a pegou para tentar limpá-la, assim sua filha ficaria feliz; ela levou a boneca e foi para a casa da patroa, quando lá chegou ela rapidamente fez seu trabalho e limpou a boneca, conseguiu tirar toda a sujeira, pegou um perfume de sua bolsa e colocou um pouco na boneca. Foi em uma loja que havia perto da casa de sua patroa e comprou uma roupinha bonita para a boneca e esta pareceu nova, ela embrulhou o presente e guardou; quando terminou seus afazeres foi logo buscar sua filha no colégio, estava radiante. Cláudia entregou o presente à menina e esta abriu com rapidez, a menina sorriu e abraçou a mãe, beijou a boneca e segurou-a como a um bebê; as três foram felizes para casa. Depois desse dia a vida das duas nunca mais foi a mesma, a menina tinha muitos pesadelos à noite e sua mãe não conseguia dormir direito, o ar da casa era pesado, e elas viam muitos vultos. Uma noite Cláudia se levantou e foi bebe água, quando passou pela sala, avistou a boneca sentada no sofá e a televisão ligada, Cláudia pensou ter sido Ângela e desligou a televisão e pôs a boneca no quarto de Ângela, ela foi beber água e quando passou novamente pela sala para voltar ao seu quarto, novamente estava a boneca na sala, Cláudia sentiu um arrepio em sua espinha e foi até o quarto de sua filha, ela dormia como um anjo e ao voltar para a sala, a boneca não estava mais lá, Cláudia foi até a cozinha e pegou uma faca e foi até o quarto de sua filha para protegê-la, quando lá chegou sua filha estava acordada e brincando com a boneca.

___Ângela, largue imediatamente essa boneca.

___Por quê, mamãe? E por quê a senhora está com essa faca?

Cláudia largou a faca e imaginou se aquilo não fora um sonho, ou algo de sua cabeça. Ela guardou a faca e se deitou. Acordou com a boneca do seu lado e começou a gritar. Ela se levantou, levou a filha para a escola e ligou para sua patroa dizendo que estava passando mal e que não iria trabalhar, a patroa consentiu e Cláudia foi até a igreja com a boneca, pois ela tinha certeza de que aquela boneca estava possuída por algum demônio, quando lá chegou e relatou o que acontecera ao padre, este sorriu e disse ser uma bobagem, que talvez ela sonhara, e que ela deveria ir mais à missa, pois os espíritos malígnos gostavam de perturbar, porém ela não se deu por satisfeita, e se tudo aquilo não fora um sonho? E se realmente aquela boneca estava possuída? Então a vida de sua filha e a dela também estavam em perigo, ela ia jogar aquela boneca fora, no mesmo lugar onde achou; quando Cláudia estava se encaminhando para o mesmo local onde achou a boneca, seu celular tocara; era a coordenadora do colégio avisando que sua filha tinha passado mal, ela imediatamente foi ao colégio com a boneca e pegara sua filha, que ficou muito feliz ao ver sua boneca; as duas foram para casa e Cláudia disse à sua filha que deveria dar a boneca pois iria dar uma melhor à ela, porém ela não aceitou e chorou muito, sua mãe com pena não jogou a boneca fora, mas iria fazer isso mais tarde.

Já era noite, e Cláudia não conseguia dormir, ficou sentada assistindo televisão, quando ela se levantou para ir ao banheiro, viu um vulto e assustada foi até a cozinha pegar novamente a faca, quando voltou a televisão estava desligada, ela a ligou e foi ao banheiro, quando lá chegou a boneca estava lá, ela gritou muito e chamou a polícia, esta veio imediatamente e quando ela disse ter sido quase atacada por aquela boneca eles riram e chamaram uam ambulância, ela jurou que a boneca estava viva e eles a internaram em um hospício, Ângela foi levada à um orfanato e lá disse que queria ir para a casa do pai. E a assistente social lhe disse:

___Mas querida, você não conhece seu pai, pelo que nos consta.

___Conheço sim, ele tem uma outra filha que estuda na minha sala e uma vez eu fui na casa dela brincar e lá eu descobri que era ele, pois eu tenho uma foto do meu pai e era ele, e quando eu falei sobre minha mãe ele se lembrou e perguntou se eu não queria morar com ele,é que nesse meu colégio eu tenho uma bolsa de noventa porcento pela prova que eu fiz e ele é muito rico, e eu quero morar com ele.

___Sua mãe sabe de tudo isso?

___Não.

___E por que você não contou isso à ela, Ângela?

___Por que senão ela iria estragar meus planos de ir morar com meu pai.

___Seus planos?

___Não posso contar enquanto a senhora não chamar meu pai.

A assistente muito assustada com a inteligência da menina resolveu chamar o pai dela e relatou, pelo telefone que a menina dera, que Cláudia havia sido internada e que ele tinha a guarda da menina, ele disse que chegaria no orfanato em no máximo uma hora; a assistente voltou a sala onde a menina estava e continuou a conversa.

___Pronto Ângela, seu pai está a caminho, agora me conta que planos são esses.

___Bem, vou contar, mas não conta à ninguém, tá?

A assistente balançou afirmativamente a cabeça e ouviu atenciosa o relato da menina.

___É que eu estava muito cansada da vida triste e pobre que eu tinha com minha mãe, e quando eu descobri que meu pai estava vivo, pois eu achava que ele estava morto, e que poderia me dar uma vida melhor eu resolvi morar com ele, mas minha mãe nunca iria deixar isso, então eu resolvi enlouquecer ela para que eu pudesse morar com meu pai, então quando ela me deu a boneca eu fingi que ela estava viva para ela se assustar e todos pensarem que ela estava louca, e meu plano deu certo, agora vou morar com meu pai.

A assistente não estava acreditando no que ouviu e boquiaberta não teve coragem de proferir nenhuma palavra, diante de tanta crueldade, frieza, calculismo e inteligência daquela menina de apenas sete anos. A menina gargalhou e disse:

___Será que meu pai já chegou?

A assistente se levantou e foi até seu chefe relatar tudo, ele ficou completamente abismado e não acreditou naquela história e disse:

___Ora, me admiro você acreditar em uma fantasia dessas, essa menina deve ter assistido algum filme, lido algum livro, isso não saiu da cabeça dela.

___Não sei Geraldo, não me pareceu ser isso.

___De qualquer forma vamos observá-la.

O pai de menina, Alberto, chegou na mesma hora.

___Aonde está minha filha, já posso levá-la?

Ele após assinar algumas papeladas levou a menina que feliz não via a hora de aproveitar a boa vida que seu pai e sua família levavam.

CONTINUA...

Mariana Calçada
Enviado por Mariana Calçada em 03/02/2010
Código do texto: T2067425
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