Horror numa noite de Outono

Era uma noite de outono, Vinicios dirigia seu carro pela estrada deserta. Olhou para o banco do caroneiro e viu que Kelly dormia como um anjo. Pelo retrovisor pôde notar que Rafaela e Pablo estavam no maior amasso. Já passavam das tres e meia da manhã, e os quatro voltavam de uma festa na cidade vizinha, a cerca de 30 km da cidade em que moravam.

De repente uma coisa que ele não pôde identificar atravessa a estrada bem em frente a seu carro e ele freia buscamente, assustando a todos.

- Que foi Vin? – indaga Kelly ainda meio sonolenta.

- Alguma coisa atravessou a rodovia e por pouco eu não atropelo!

- Ah, cara, pára com isso. Liga o carro aí e vamos pra casa. – Pablo parecia irritado por Vinicios ter interrompido seu namoro com Rafaela.

Vinicios olha para todos os lados e não vê nada.

“devo estar com sono, é isso.” – pensou consigo mesmo.

Andam cerca de cinco km e de longe ele percebe algo no meio da pista. É uma mulher de longos cabelos louros, vestida de negro. Mas o que uma mulher faria no meio da estrada a essa hora da madrugada? Ele imediatamente pára o carro no acostamento. Kelly olha assustada para Vinicios, ela também viu aquela mulher. Rafaela e Pablo pouco de importam, preferem continuar nos amassos e tudo mais.

Vinicios sai do carro, seguido por Kelly. Apenas a luz dos faróis iluminam o caminho. A mulher está no mesmo lugar, estática. De longe, o rapaz grita:

- Ei, moça, a senhora ta perdida? – sua voz sai trêmula.

- Quer carona? – arrisca Kelly.

A mulher nada responde.

Vinicios olha para Kelly como que num ato desesperado para saber o que deve fazer. Kelly olha para ele e ergue as sobrancelhas num gesto de dúvida. Ao olharem novamente para o lugar onde a mulher estava percebem que ela sumiu.

- Sumiu? Para onde ela pode ter ido? Não tem nada por aqui... – Kelly agora treme, mas Vinicios não sabe se é de medo ou devido ao vento frio que sopra.

- Vamos embora. – Decide o rapaz.

Ao se aproximarem do carro os dois ouvem um grito. Os dois páram. Em seguida outro grito.

- Ah não é nada, deve ser o casalzinho se divertindo – conclui Vinicios olhando pra Kelly com um sorriso malicioso.

- Eu.... eu acho que não Vin....!!

Ao olhar novamente para o carro o rapaz vê aquela mulher misteriosa. Ela sorri e tem as maos e as vestes cheias de sangue.

Vinicios e Kelly correm de encontro ao carro e ficam horrorizados com a cena: Rafaela está nua, cheia de sangue. Em seu ventre há um buraco que deixa a mostra todas as suas entranhas. Pablo está no outro canto, sem cabeça. A cena é horrenda, e o cheiro de sangue e de morte é insuportável.

Kelly fica em estado de choque, somente chora e treme. Vinicios tenta tirá-la dali, pede para que corram, mas a moça está paralizada.

De repente ele sente uma presença atras de si. Vira-se lentamente e se depara com aquela mulher, toda suja de sangue, com uma faca enorme na mão. Ele tenta puxar Kelly para fugirem dali, mas ela está petrificada de horror. Decide ir sozinho, mas já é tarde demais. A faca fria perfura suas costas e seus pulmões e ele cai, morto, nos pés de Kelly.

No dia seguinte os jornais noticiam:

Na noite de ontem foi encontrado na rodovia que dá acesso a nossa cidade um carro com três corpos: O jovem Pablo de vinte e dois anos, sua namorada Rafaela de dezenove e Vinicios, dono do carro, de vinte anos. A suspeita recai sobre a namorada do jovem Vinicios, chamada Kelly, que está foragida.

Kelly pede por socorro, pede para que a mulher a solte, que a deixe ir embora. A dor de perder seus amigos e seu namorado a dilacera por dentro, é quase insuportável.

- Não, mocinha, eu não vou deixá-la ir. A partir de agora você será como eu, acabará com a vida de jovens insanos e drogados que atropelam gente inocente por ai. – a mulher fala isso enquanto afia sua faca.

- Não atropelamos ninguem! Agora por favor, me deixe ir embora! – Kelly não controla seu desespero.

- Não vai embora. Será como eu, já falei. Juntas vamos salvar vidas. Vidas que seriam perdidas nas rodovias. Vidas que seriam tiradas por jovens irresponsáveis... irresponsáveis como aqueles da noite de 15 de outubro...

- Eu não entendo...

- Vou explicar. Dia quinze de outubro, a três anos atras, eu estava naquele ponto da rodovia em que me viram, lembra? Estava no acostamento pedindo ajuda, pedindo carona pois meu filho estava morrendo no banco de tras e meu carro quebrou quando o levava para o hospital. Ninguém me deu carona. Ninguém me ajudou. Foi quando vi que um carro de aproximava. Era um grupo de jovens. Eles pararam o carro e sem nem mesmo me ouvir um deles desceu e me jogou no capô. Estava bêbado e desconfio que drogado também. Os três rapazes me estupraram e depois me espancaram tanto que chegaram a pensar que eu estava morta. Me jogaram em um barranco e foram embora. Quando acordei e subi de volta, atras do meu filho, era tarde demais. Ele morreu à espera de ajuda. E nessa noite jurei que mataria todos que pensam que podem beber, se drogar, correr e estuprar estrada a fora...

- Isso não ta certo, não pode culpar todos pelo erro de uns...

- Vista isso. Vamos sair. – disse a mulher estendendo uma capa preta.

- Sair? Pra onde? Eu não quero ir a lugar nenhum, quero ir pra casa.

- Você viu demais, não pode ir embora. Não te matei, não pude te matar, você estava em estado de choque. Está segura comigo. Agora vista isso, temos muito trabalho a fazer.

Kelly vestiu, e as duas seguiram para a estrada da morte.

Kelly nunca mais foi vista. As mortes na estrada continuam, e até hoje ninguém sabe quem são as criaturas vestidas de negro que atacam nas noites de outono...

Lady Daphne
Enviado por Lady Daphne em 11/08/2006
Reeditado em 13/10/2006
Código do texto: T213930