Sonho vívido... (mais um dia começa, pra onde eu irei dessa vez?)

Ajoelhada frente ao altar fazendo minhas preces... a estrutura velha e quebrada da capela me faz sentir em casa, abóbada trincada permite que o altar seja iluminado, mas não há nenhum ídolo, nem adornos... me levanto limpo os joelhos e saio atravessando as pesadas portas de carvalho que se fecham atrás de mim, como se me expulsassem,

a lua já esta alta... mais uma vez olho em volta procurando algum caminho, alguma saída, ponho-me a caminhar na grama úmida,

meus pés descalços vão me guiando e aos poucos sem perceber adentro a uma floresta tão densa que já não vejo mais o brilho da lua, continuo a andar, ao longe ouço musica, risos, raios começam a cortar o céu, dou-me um tempo para observá-los, no silencio entre um raio e outro o ruflar de asas se faz notar, meu coração estremece, ponho me a correr, “mas pra onde?” tomada por valentia repentina ou por pura estupidez paro, mal posso enxergar nem mesmo com a ajuda dos raios que iluminam o céu, pingos de água ao poucos começam a molhar meu vestido deixando-o mais pesado, sinto algo em meu dorso e viro, mas não há nada, um sopro quente atinge minha nuca, meu coração se aperta não ouso me virar...

- Vamos corra!!! Aquela voz ecoara dentro de mim um misto de fera e homem sussurrava em meus ouvidos...

- Corra criança! Corra que tenho fome... pude sentir aquelas unhas descendo por minhas costas e por fim comprimindo minha cintura... sem nenhum esforço me solto e começo a correr de volta a capela, corro como nunca corri, meus pés afundam na grama, ao longe podia ouvi-lo...

- Vamos corra!!! Corra que eu tenho fome!!!

A terra molhada faz com que eu escorregue, caia, as gargalhadas dele ecoam pela floresta, como quem se despede da vida eu me ponho a pedir perdão, gritando com toda a força dos meus pulmões... - Perdoa-me meu pai por minha omissão, sempre te amei...

Perdoa-me minha mãe por minha covardia, sempre te admirei... Perdoam-me minhas irmãs por minha apatia, sempre me inspirei em vós... a chuva cessa, mostrando novamente a lua que tão graciosamente aponta o caminho, já próxima a capela um aroma agradável de lírio toma o ar, uma voz feminina vindo junto ao vento sussurra - Acalma-te! aquela voz afável ressoou e retomei minha paz, novamente ouço o ruflar de asas a minha frente uma sombra formada pela luz da lua nas portas da capela, era a silueta de um homem dotado de dois pares de asas com longos cabelos, ao poucos ele desce recolhendo as asas lentamente, sem pressa e dona de toda a calma do mundo me viro, perante a mim encontra-se um homem, alto, robusto, com cabelos negros que chegavam-lhe a cintura dotado de uma brancura anormal, em sua face e por todo seu tórax haviam varias cicatrizes que se estendiam pelos braços, sem que eu perceba sou arremessada contra porta, caída no chão ele me ergue pelo pescoço sorrindo... - Te encontrei!

continua...

Dimitria
Enviado por Dimitria em 08/06/2010
Reeditado em 08/06/2010
Código do texto: T2306786
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