Dia Z Br

No começo a epidemia era controlada por zonas, alguns países eram isolados para que a doença não contaminasse o mundo, porém a epidemia rompeu as barreiras do exercito, logo ultrapassou os mares e chegou a nossa casa.

Lembro-me daquela tarde de junho, o som dos helicópteros, os tanques de guerra com centenas de soldados e o rádio transmitia que todos os cidadãos deviam ir ao centro da cidade para que fossem distribuídos e isolados em prédios do exercito, para que assim a epidemia fosse contida.

Assim nós fomos eu Yuri T. Ishikiriyama, minha namorada Francielle B. Mueller, meus irmãos Andrey e Kayo, minha avó e minha tia, todos fomos escolhidos, as mulheres separadas dos homens foram para o prédio A, os homens para o prédio B.

No começo todos pensavam que estaria seguros, pensavam que o exército iria proteger eles, contudo eu pensava errado.

Eu indagava, com meus irmãos.

-Caso o exército perca ou morra, como nós iriamos sair do prédio:

Meus irmãos notavam que meu pensamento havia algum fundamento e viam que na verdade o prédio que devia servir de refúgio seria num futuro não tão distante a causa de nossa morte.

Passaram-se os dias, 2 ou 3 assim me lembro, sem notícias de meus outros familiares ou mesmo de minha namorada que estava apenas há 2 quadras de mim. Ninguém podia sair do prédio, de hora em hora soldados entravam e checavam todos, para terem certeza de que ninguém estava infectado.

Foi então que um dia, em uma tarde, ouvimos os tiros...

Olhamos pela janela e vimos os soldados mobilizando-se para o norte, os tanques foram os helicópteros ficaram no pátio central, pensávamos que os helicópteros seriam para nós, entretanto a ideia estava errada, os helicópteros eram para os oficiais.

Depois de algumas horas os soldados não retornaram e os oficiais subiram nos helicópteros e foram embora. Nós ficamos.

Todos estavam olhando que não havia ninguém guardando os portões e resolveram sair, alguns pensaram em ficar, já eu sabia que era uma questão de tempo até que os infectados chegassem aos portões dos prédios e. o final já é bem previsível.

Era hora de fugir.

Peguei meus irmãos e fugimos do prédio, conosco algumas pessoas, logo foram espalhando-se e tentando achar carros ou voltar para casa, contudo nós fomos para o prédio A, buscar meus familiares, eu tinha plenos 20 anos, Andrey tinha 16 e Kayo somente 10 anos.

Desarmados, com medo, fomos atravessando rua por rua, a cidade vazia, nem mesmo os animais estavam lá, pareciam que eles sabiam que algo de ruim iria acontecer.

Chegamos assim ao prédio A, vimos elas já na porta, depois de alguns abraços e beijos, resolvemos partir. Minha vó e tia, falaram-me que iam voltar para casa e pediram que nós fossemos com elas, eu disse que não, que eu iria levar meus irmãos para longe daqui. Elas não falaram mais nada e foram.

Francielle, tentava inutilmente ligar para seus pais, o celular somente chamava e infelizmente ninguém atendia. Eu já havia falado a ela que os pais dela estavam em uma zona de quarentena e possivelmente o pior já haveria acontecido.

Continuamos andando, procurando algum carro que esteja abandonado, os poucos que achamos estavam depenados, sem rodas ou mesmo às vezes todos quebrados, o desespero estava começando a nos ruir por dentro.

Foi então que enfim achamos um carro, a porta aberta, a chave na ignição, realmente um presente dos céus.

Bati a chave, rezando para que ligue.

O som do motor funcionando era música para mim, agora motorizados resolvemos passar em algum posto e achar gasolina, mesmo que o tanque estivesse quase cheio, não sabíamos quando poderíamos parar então para que arriscar.

No primeiro posto, não havia nada, no segundo também não, assim foi com o terceiro e quarto, foi então que veio uma ideia a mim.

-Pessoal, o exército deve ter pego toda a gasolina, vamos voltar à base deles, lá deve ter alguma gasolina para nós e com sorte alguma comida ou armas.

No caminho de volta, a cidade já não estava tão morta assim, pessoas quebrando lojas, roubando, sem polícia e exército as ruas eram de todos, a lei não existia mais e esse era meu medo, temos um carro funcionando e provavelmente alguém cedo ou tarde iria tentar tirar ele de nós.

Antes de estar perto da base, achamos uma pequena garagem e resolvemos esconder o carro lá, assim ninguém veria ele e muito menos algum doente poderia ver Fran e meus irmãos.

Chegando a base do exército, logo vim que havia várias pessoas saqueando o local, algumas reclamavam que não havia armas já outras nem falavam somente tentavam achar algo.

Comecei a vasculhar as tendas, uma por uma, atrás de algo que ficou para trás, qualquer coisa serviria, nada...olho a próxima tenda e NADA, NADA! NADA! NADA! NADA!

Nem um faca ou comida, NADA eles não deixaram nada.

Penso então em retornar para o carro, quando vejo um galão verde, encostado na tenda, com o pé da mesa encobrindo-o.

Engulo ar seco e resolvo ir até lá, minha mão aproxima-se do galão, até que alcanço-o, sentindo já de primeira vez é possível perceber que está pesado e cheio, rezo para que seja gasolina.

Trouxe o galão para perto e abro-o, sinto o cheiro forte de gasolina, fecho-o rapidamente, ninguém pode perceber o que eu carrego, esses 6 L valem ouro.

Começo a voltar para o carro, todos começam a ver que carrego algo, aos poucos todos olham somente para mim, até que um homem para na minha frente e barra minha passagem.

-Moleque oque você achou ai:

Olhando atentamente a chave de roda que ele tem na mão direita, penso em fugir, mesmo que eu fuja dele há pelo menos mais 5 pessoas a minha volta, lutar não é uma opção, pelo jeito terei que desistir da gasolina...Foi então que uma ideia veio a mim, caso eles descubram que tenho gasolina, logo ficaria claro que possuo um carro. Eu devo achar um jeito de mentir e sair daqui e rápido.

-Eu não tenho nada aqui cara, somente um galão com água.

O homem inclina o rosto para esquerda, dá um sorriso de canto com a boca seca, um sinal que ele não caiu na minha mentira.

-Água é, então por que você não bebe um pouco ein:

Realmente, não é difícil de imaginar que ele suspeite que é outra coisa, como gasolina ou álcool. Pelo jeito é fingir que vou beber isso e torcer que para o vento não leve o odor da gasolina para eles.

-Tudo bem cara, calma eu vou dar um gole só, é água cara...

Abro o galão devagar, todos olham para mim, com as duas mãos elevo aquele galão verde musgo, já posso até sentir o cheiro da gasolina, tranco a respiração, ponho na boca e aguento firme, inclino o galão e já sinto que a gasolina vem em direção da minha boca, os pelos do meu nariz começam a queimar com o cheiro, quando a gasolina encosta no meu lábio, ela queima, arde, meu Deus como doeu. Não posso fazer uma cara de dor, se eu fizer eles vão desconfiar, paro meu sacrifício e abaixo o galão fechando-o rapidamente.

-Viu cara, falei que é só água.

Ele estava olhando para mim, porém fez cara que acreditou em tudo.

-Tá bom moleque, sabe, mesmo assim passa o galão aqui na mão, perdeu moleque!

Fiquei nervoso, já estava tentando traçar uma rota de fuga e falei.

-Cara, é só agua, pelo amor de Deus, você vai me roubar agua!

Ele começou a chegar mais perto e levantou a chave de roda , pensei que ia levar uma pancada feia, com um braço ameaçando-me com a chave e o outro estendido pedindo que eu passasse o galão, não havia muita escolha.

Quando eu ia passar o galão, deixei ele cair propositalmente, esperando que o cara abaixa-se para que eu tivesse tempo para fugir, mesmo bolando um plano simples ele foi frustrado quando uma mulher saiu de uma tenda portando uma pistola, ela apontou a arma na direção do cara com a chave de roda e gritou.

-Ei você ai, você com a chave, jogue aqui esse galão!

Quando a mulher veio, pensei em estar salvo em primeiro momento, essa é a chance que tenho para fugir!

Imediatamente ergo as mãos para o ar dizendo para ela não atirar, todos fazem o mesmo, ela fala para o cara jogar o galão, ele abaixa-se pega o galão e joga na direção dela, a moça quando foi pegar o galão recebeu um golpe pelas costas, ao cair ela solta a arma que agora é de ninguém, todos correm para pegar a arma, já eu corro para pegar o galão e sair dali.

Foi irônico, no começo estavam todos indo na mesma direção, quando todos saltaram para pegar a arma, eu passei por eles e fui em direção do galão, pegando-o saio correndo, já virei uma tenda para esquerda e fui rapidamente em direção da garagem.

Agora talvez essa parte seja muita onisciência minha, mas a grande ironia da arma era que ela estava desarmada, sem nenhuma bala, bem não preciso dizer oque aconteceu com a moça...

Correndo feito um louco em direção da garagem vejo a porta ainda fechada, o alivio toma conta de mim ou foi mesmo a adrenalina, não consigo respirar de tão nervoso, ao lado da porta começo a gritar para que abrirem.

-Fran, sou eu Yuri, abra a porta rápido!

A porta de metal começa a subir, entro por ela quando ainda nem estava meia erguida, peço para que ela feche em seguida, ela olhou o meu ar de cansaço e perguntou-me.

-O que aconteceu amor:

Retomando o fôlego, falo rapidamente.

-Depois te conto, vamos sair daqui o mais rápido possível!

Coloco a gasolina no porta malas do carro, Andrey está abrindo a garagem e eu já ligo o carro, ele entra e saímos, ainda meio sem destino, mas pelo menos já é uma pequena vitória.

snpr
Enviado por snpr em 09/07/2010
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