Chapeuzinho Vermelho

Dois amigos estavam indo para o colégio quando um deles para entusiasmado segurando seu amigo e apontando para o outro lado da rua onde estavam três colegiais de suéter dois números maior, mini saia colegial e meias folgadas. Duas delas pareciam impacientes, chupando cada uma um palito de chocolata. A terceira brincava em uma máquina eletrônica tentando ganhar um chaveiro para celular, as garotas de pé eram Rika e Hitomi, aquela que brincava na máquina era Aki.

- Nós vamos chegar atrasadas mais uma vez - Rika olhava para seu relógio, na parte de dentro de seu punho - aquele velho vai encher o saco.

- Só mais um pouco, eu estou quase conseguindo.

Aki concentra-se no movimento do gancho, inclinando seu corpo para frente, os dois amigos do outro lado da rua ficam animados tentando ver a calcinha de Aki. A garota consegue pegar o chaveiro para celular com o gancho, porém o chaveiro cai e a máquina desliga, irritada Aki chuta a máquina xingando a mãe de quem a construiu. Os dois garotos caem sentados no chão assustados com a reação dela, suas amigas suspiram, como se esperassem um final parecido.

- Eu sabia que isto ia acontecer - Rika não se contém - são por atitudes como esta que você não arruma um namorado.

Aki fuzila sua amiga com o olhar, Rika sorri enquanto Hitomi olha para cima, ainda furiosa Aki encara os dois garotos sentados na outra calçada, a colegial atravessa a rua ignorando os carros, parando de pé na frente deles. Seu olhar refletia o mais puro ódio, enquanto os garotos tremiam de medo.

- Podem pagar - Aki estende a mão espalmada para cima.

- O que?

- Pelo show - os dois garotos continuavam sem entender do que ela estava falando - vocês viram minha calcinha não foi?

- Nós... nós... nós não temos dinheiro.

Aki os olha de cima a baixo com desprezo.

- Vocês são tão pobres que não tem nada?

- Quem você pensa que é para ficar nos ofendendo?

- Calem a boca seus ignóbeis. Vocês não sabem o que é ignóbil? É por que são burros, são burros por que frequentam escolas públicas, vocês frequentam escolas públicas por que são pobres logo vocês são burros, pobres e feios, não tem futuro e nem presente, são a forma de vida mais baixa que existe.

Rika e Hitomi atravessam a rua correndo para separar sua amiga e leva-la para a escola antes que cheguem atrasadas. Assim que as três garotas se vão um dos adolescente levanta-se gritando:

- É... você sua vaca.

As horas passam, o dia escolar estava perto do fim Rika e Hitomi assistiam ao final da aula com interesse enquanto Aki boceja, a professora atira um giz em sua testa.

- Preste atenção Aki - a professora balança a cabeça frustrada - o que eu faço com esta menina?

O sinal toca, os alunos mencionam levantar-se mas são impedidos pela professora.

- Por favor, antes de irem eu tenho um aviso a polícia pediu para vocês voltarem acompanhados para casa, andem em grupos de dois ou três e não falem com estranhos.

- É sobre o assassino professora? - Hitomi estava com a mão levantada.

- Sim, parece que hoje de manhã a polícia encontrou outro corpo, por favor tenham cuidado.

Na saída da escola as meninas andavam assustadas, menos Aki que caminhava elegantemente a frente de suas duas amigas, chamando a atenção dos meninos, assim que as três ficam sozinhas Aki expira escandalosamente voltando a sua postura desleixada, suas amigas já não ligavam mais para a falsidade de Aki.

- Então? O que vocês duas querem fazer hoje?

- Você não ficou com medo Aki?

A colegial vira de costas olhando para um jornal em uma banca de jornais e revistas, que estampava: "O lobo ataca novamente".

- Quem tem medo do lobo mau?

- Bom... nós estamos no perfil do assassino somos lindas colegiais.

- Temos menos de 18 anos, as vezes fazemos encontros pagos - Hitomi complementa a ideia de sua amiga - frequentamos a área de risco.

- Entendo o medo de vocês, mas eu sou diferente - Aki estufa o peito para falar.

- Diferente?

- Eu sou especial, sou a mais popular e bonita da escola, aliás eu não sou bonita eu sou maravilhosa, sou tão linda que minha beleza afronta aos deuses, já vocês duas são normais.

As duas amigas olham-se desacreditando no que acabaram de ouvir.

- No final das contas o assassino é só mais um motivo para ela se elogiar.

Ignorando suas amigas Aki corre feliz pela rua, Rika e Hitomi a seguem, as três meninas percorrem as lojas, compram echarpes, bolsas de mão, tiram fotos adesivas por fim vão ao salão de bronzeamento, onde cada uma fecha-se em uma cabine.

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Já tinha anoitecido quando Aki chega em casa, sua mãe a abraça e beija, Aki sorri constrangida.

- Eu estou bem mãe.

- Eu fiquei preocupada, você soube que mais duas garotas foram sequestradas hoje?

- Soube que encontraram uma menina morta.

- Estas são duas irmãs que estavam fazendo compras no bairro de Shijuko matando aula hoje de manhã.

- Bom se elas sumiram de manhã eu estava segura.

- Por favor, prometa que vai ficar longe de Shijuko por uns dias.

- Claro que sim, eu prometo mãe.

Aki vai para seu quarto trocar de roupa quando seu celular toca. Aki se tranca no quarto, deita na cama e atende o celular, era Hitomi.

- Mais duas garotas desapareceram.

- Eu soube Hitomi, o que você queria de tão urgente?

- O que vamos fazer amanhã a noite?

- Lógico que vamos para Shijuko. Beijos.

Aki desliga o celular, deita-se na sua cama em posição fetal, abraça um ursinho de pelúcia e fecha os olhos, apertando-os bem forte, forte como abraçava seu ursinho.

- Papai...

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A professora acabara de sair da sala de aula, Aki estava sentada de pernas cruzadas olhando pela janela, seu pensamento estava distante quando Takami, o nerd do colégio, com óculos fundo de garrafa e cabelo repartido ao meio penteado com muito gel, rompe seu momento de tédio , Aki olha curiosa, mas rapidamente volta a entediar-se.

- O que você quer?

- Aki... Aki.. Aki...

- Se você não tem nada para me falar vá embora, este seu gel para cabelo fede e você me irrita.

Takami menciona ir embora ofendido quando cerra seus punhos, respira profundamente e reúne toda sua coragem em um grito:

- Eu te amo!!!!!!!!!

Todos os alunos que estavam na classe olham para Takami, Aki arregala os olhos assustada quase caindo da cadeira. Rika e Hitomi estavam sentadas juntas assistindo a cena. Rika fica boquiaberta, paralisada deixando os palitinhos de chocolate caírem de sua boca no chão, Hitomi ignora a cena e continua a beber seu refrigerante de olhos fechados.

Takami percebe o que acabara de fazer, desesperado o garoto tenta dar um passo para trás quando Aki levanta-se encarando Takami com um sorriso sedutor, tornando-se furioso, em fim acaba por dar um peteleco na testa dele.

- Você é idiota por acaso? Por que eu iria querer alguma coisa com você que mais parece um chimpanzé do que gente - Aki aponta para ele realizando uma descoberta - este vai ser o seu novo nome Chimpanzé.

Aki chuta o saco de Takami abrindo caminho e sai da sala, Rika acompanha a cena assustada e de certa forma aliviada, Takami ainda estava vivo, Hitomi continuava bebendo seu refrigerante como se nada tivesse acontecido.

- Eu sabia que isto ia acontecer - Hitomi chacoalha a latinha de refrigerante percebendo que estava vazia ela levanta-se - vou comprar mais.

Quando Hitomi sai da sala Rika deita-se na carteira desconsolada.

- Estou cercada por loucas.

Takami ainda estava ajoelhado sentindo a dor nos testículos e feliz por Aki não ter porte de arma.

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Depois da aula as três amigas estavam a bordo do metrô indo fazer compras em Shinjuko. Aki e Rika estavam desconfortáveis, de pé mantendo distância de Hitomi, esta sentada fazia cosplay da personagem Ryomou de Ikki Tousen vestida com uniforme de empregada vitoriana azul marinho, avental branco, meias azuis 7/8, luvas azuis, botas militares pretas, peruca azul estilo chanel e um tapa olho branco. Hitomi lia um livro, sentada como se nada acontecesse.

- Hitomi...

- Aki?

- Você não acha isto meio estranho?

- O que é estranho?

- Você sabe, meio fora da normalidade, vestida assim.

- Defina normalidade - Hitomi permanecia indiferente lendo seu livro - eu estou assim por que gosto.

Aki desiste sendo consolada por Rika e muda de assunto:

- Mudando de assunto Aki, eu fiquei com pena do Takami.

- Chimpanzé, o nome dele é chimpanzé.

- Que seja. O chimpanzé não fez nada de mais.

- Se ele não fez nada então por que você continua chamando ele de chimpanzé - Hitomi interrompe a conversa, mas não tira os olhos de seu livro.

- Que seja, por que você fez aquilo?

- Como ele ousa - Aki parecia furiosa - Você sabe que eu fui um bebê planejado não é Rika?

- E dai?

- E dai? Meus pais foram à melhor clínica do país só para que eu nascer, resumindo fui feita do melhor - ela sorri sentindo-se superior - logo uma pessoa tão especial como eu não pode se envolver com um simples chimpanzé.

Desta vez é Rika quem precisa ser consolada.

- Eu sabia que isto ia acontecer - Hitomi continua lendo seu livro tranquilamente.

As três meninas passeavam pelo bairro da moda japonês, Aki para na frente de uma vitrine vendo uma capa vermelha com capuz da mesma cor, ela fica encantada com o chapeuzinho vermelho. Suas amigas param atrás dela, como sempre é Rika quem quebra o silêncio.

- Esta capa não é meio cara?

Aki volta-se para à amiga com olhar ardente de determinação e sorriso diabólico no rosto.

- Vamos a caça.

Minutos depois um executivo estava andando apressado, olhando para o relógios diversas vezes, mas não apressado o suficiente para ignorar Aki. A garota estava encostada em uma parede com as mãos cruzadas sobre o ventre, olhando para baixo, o executivo aproxima-se.

-Tudo bem com você?

Aki ergue seu rosto, vermelha de vergonha seu olhar era infantil e meigo, demonstrando fragilidade o executivo apaixona-se por ela.

- O senhor quer passar algum tempo comigo?

- Você quer ir para um motel?

Aki esconde o rosto envergonhada, virando-se para o lado dando pequenos gritinhos "não".

- Eu não faço estas coisas, é feio - sua voz estava fina e um pouco a baixo do tom - mas o senhor pode me levar para dar uma volta ou comer alguma coisa.

Sem pensar duas vezes o executivo oferece seu braço, Aki aceita. Os dois caminham lado a lado, Aki vira-se para trás comemorando "trouxa".

- Você esqueceu alguma coisa?

- Não, eu estou com vergonha.

A exemplo de Aki suas amigas caçam seus próprios executivos que as levam para passear no shopping, almoçar, ao cinema, fazer compras, no final do dia Rika vende sua calcinha para o executivo que a acompanhara, Hitomi estava lendo seu livro enquanto seu acompanhante acariciava os seios de Hitomi por sobre a roupa, sem interromper a leitura ela remove a mão do executivo avisando que o tempo que vendera acabou.

Aki estava com seu executivo na frente da mesma loja que vira a capa vermelha com capuz, o executivo percebe que ela estava interessada.

- Você quer?

- Ai não, é muito caro - ela olha para o outro lado envergonhada esfregando seu pé direito no chão demonstrando ser muito tímida para pedir que o executivo lhe compre a capa.

- Espere aqui que eu já volto.

Assim que o executivo entra na loja para comprar a capa Aki vira-se de costas com um sorriso diabólico, sua manipulação dera resultado.

Pouco depois o executivo retorna trazendo um pacote, Aki olha de relance reconhecendo a capa vermelha, meigamente ela dá um beijo na bochecha do executivo e foge correndo. O executivo a acha uma gracinha.

Minutos depois Aki encontra-se com Rika e Hitomi na frente da estação, as três sorriem com o bolso recheado com grana e entram no metrô retornando para suas casas.

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A pequena Aki de seis anos corria por um longo e escuro corredor, ela sorria com a expectativa de poder confidenciar algo para seu pai. Contente Aki aperta o passo vendo uma luz no fim do corredor, ela entra correndo por esta luz encontrando o quarto de seus pais, sua mãe chorava sentada na cama, perto dela, caída no chão uma carta de despedida amassada com ódio.

Dias depois a pequena Aki estava em um parque de diversões vendo os pais brincarem com seus filhos, pateticamente ela busca outros adultos para brincar com ela, porém todos os homens devam atenção para seus filhos. Em meio as crianças e pais um homem beijava sua esposa, Aki fita o casal com ódio.

Nos dias atuais Aki estava de pé a frente da cama vazia e seus pais vestindo seu uniforme escolar, ela desabotoa sua camisa apressadamente, abrindo a camisa e apertando seu seio esquerdo. O quarto torna-se uma floresta escura, ela ouve passos em seguida um grunhido. Um lobo faminto circulava a garota. O sangue menstrual de Aki escorre por sua perna. Aki estava dormindo na sua cama abraçada a um urso de pelúcia, uma lágrima escorre por seu rosto.

Naquela mesma manhã Aki acorda mais tarde do que o costume, era sábado e ela não tinha nada para fazer.

Na televisão ma repórter mostrava mais uma vítima lobo a matéria era ignorada pela mãe de Aki que terminava de cozinhar um bolo. em cima da mesa havia uma garrafa de vinho tinto ao lado de uma cesta. Aki espia dentro da cesta, sua mãe sorri com sua filha tentando disfarçar. Aki sorri fazendo um "V" com os dedos da mãe direita.

- O que você vai fazer hoje querida?

- Por enquanto nada, Rika e Hitomi não fizeram planos.

- Você não precisa estudar?

- Isto é chato.

- Então me faça um favor. Eu ia levar um pedaço deste bolo e aquele vinho para minha mãe, mas tenho que ir no banco renovar meu cartão e esqueci que hoje é o ultimo dia, você pode ir para mim?

- Na casa da vovó? Claro, eu vou de metrô, não é longe.

- Cuidado, não desça em Shijuko, continue e desça na próxima estação.

- Tudo bem.

Aki vai para seu quarto trocar-se, ela coloca seu uniforme escolar mesmo sabendo que não teria aula ela quer usa-lo pois sente-se sedutora, antes de sair de seu quarto Aki olha para o pacote que ganhara no dia anterior e veste sua capa vermelha com capuz, voltando para cozinha saltitante.

- Onde você conseguiu esta capa?

- Eu comprei faz tempo, estava esperando uma ocasião especial para usa-la? E então não fico bonita com ela?

Aki gira sobre os pés esvoaçando sua capa vermelha e sua saia Aki completa uma volta e posiciona-se de pé a frente de sua mãe.

- Eu fico linda com esta capa, também fico linda com este uniforme.

- Acho que mimei muito você, é o que acontece quando tentamos ser mãe e pai.

- Nada disto, você foi uma mãe perfeita, eu sou a prova da sua perfeição.

Aki beija sua mãe, pega a cesta de cima da mesa, esta já contava com o pedaço de bolo e o vinho tinto, e saltita para a porta despedindo-se.

- Você não vai almoçar?

- Eu almoço com a vovó.

Minutos depois Aki estava no metrô ouvindo "girl you´ll be a woman soon" em seu MP 10 quando percebe que a próxima estação era Shinjuko, a pesar de sua determinação em chegar na casa de sua avó existe algo mais forte dentro dela, algo que grita e necessita ser atendido. O embate dura poucos segundos o suficiente para que as portas automáticas abram e fechem com Aki fora do vagão, ela estava em Shinjuko. O vagão do metrô afasta-se, o som do metrô desaparece parcialmente, Aki percebe-se sozinha na estação, o único ruído era o do vento, a chapeuzinho aproxima-se dos trilhos observando aquele espaço escuro e solitário. Ela estava sozinha, completamente sozinha. O som de passos irrompe pela estação, Aki vira-se assustada com um homem jovem o suficiente para ser atraente, mas velho o bastante para ter deixado de ser um estudante era o Lobo que aproxima-se de Aki com um sorriso nos lábios.

- O que uma estudante tão bonita está fazendo sozinha nesta estação? Está matando aula.

- Não seu bobo - Aki sorri envergonhada, desta vez ela não estava fingindo - eu não tenho aula, estou indo ver minha avó mas desci na estação errada.

- Você errou de estação? Ou é muito inocente ou muito travessa.

- Eu quis descer na estação errada - ela pisca um olho, levando o dedo indicador para a boca fazendo "shiii".

O lobo gesticula como se trancasse este segredo dentro de sua boca, o assassino olha Aki de cima a baixo, a garota gosta e afasta sua capa vermelha exibindo parte das pernas.

- Logo percebi que você estava muito bonita para ir à escola, acho que o ingênuo sou eu.

- Mas ingenuidade tem cura, eu por exemplo desci em Shinjuko para fazer compras só depois vou para casa da minha avó, mas minha mãe não sabe que estou aqui. Ela tem medo por causa do lobo.

- E você não tem medo?

- Eu sou um lobo em pele de cordeiro, está vendo esta capa? Fiz um homem compra-la para mim só andando com ele por uma hora.

- E este vinho é para atrair mais algum homem.

O lobo tenta pegar a garrafa de vinho, porém Aki segura a mesma impedindo que Lobo a levas-se, o assassino escorrega seus dedos pela garrafa repousando-os sobre os dedos de Aki, a garota arrepia-se sem pensar ela coloca a garrafa dentro da cesta apressadamente.

- O vinho é muito perigoso, eu li que algumas modelos bebem vinho antes de fotografar assim elas ficam mais sensuais.

- Existem coisas mais perigosas do que o vinho, por isto muito melhores.

O lobo leva seus dedos a face de Aki, acariciando o rosto da garota aproximando-se dela pronto para beija-la, Aki sente que o assassino segurava gentilmente seu queixo, ela fecha os olhos entregando-se. Os dois são interrompidos por um par de policiais que faziam sua ronda pelo metrô tanto Aki como o lobo afastam-se um dos policiais os encara por alguns segundos antes de prosseguir.

- Eu preciso ir, quero olhar algumas lojas antes de ir para minha avó. Se eu não for logo vou chegar tarde.

- Você pode me dizer a onde vai?

- Olhar algumas lojas, nada especial...

- Não, estou falando da casa de sua avó, onde fica.

- Por que - ela sorri maliciosamente - você não vai lá? vai?

- Se você me der seu endereço.

- E minha avó? O que você vai dizer para ela?

- Que saia do caminho, pois sou apenas seu. Que tal?

Aki o olha sorrindo, ela morde sensualmente o lábio inferior antes de pegar seu batom vermelho e escrever o endereço de sua avó na mão do lobo.

- Eu aposto que chego antes de você - diz o lobo olhando para o endereço.

- Duvido, a casa da minha avó é escondida e difícil de se encontrar, ninguém consegue ver o que acontece lá.

- Sou muito bom para achar caminho vou chegar antes.

- Se você chegar primeiro eu te dou um presente, algo muito especial.

Aki afastas-se do lobo indo para a saída da estação, o assassino permanece de pé na plataforma, o som do próximo vagão chegando-se torna-se mais forte seu farol ilumina o rosto do lobo que sorria pela empolgação de seu próximo assassinato.

Naquela tarde a garota percorre as ruas de Shinjunko, primeiro Aki compra uma calcinha nova, em seguida um batom vermelho deixando por ultimo uma ida ao cabeleireiro onde muda seu visual. Enquanto o lobo seguia as informações do GPS chegando a casa da avó, uma casa de madeira, escondida dentro de um largo jardim, o assassino caminha lentamente por um caminho em meio ao gramado próximo da porta encontra um machado o lobo sorri com sua sorte municiando-se. Ele bate a porta, com força suficiente para ser ouvido por uma senhora idosa, mas com sutileza para simular as batidas de uma adolescente.

- Quem está ai?

- Sua netinha - diz o lobo afinando sua voz.

- Levante a tranca e entre.

O lobo faz como a velha ordenou entrando em sua casa, a avó estava sentada em uma cadeira de balanço ao lado da lareira costurando algo quando levante-se assustada.

- Quem é você?

Sem dizer nada o lobo gira seu braço 360o cravando o machado na cabeça da avó.

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Começava à anoitecer quando Aki caminhava sobre a trilha que leva a casa de sua avó, ela bate na porta com força suficiente para uma idosa ouvir, mas de maneira delicada para não ferir sua mão.

- Quem está ai? - dia o lobo imitando a avó.

- Sua netinha.

- Levante a tranca e entre.

Assim que Aki entra na casa casa de sua avó ela encontra o lobo sentado na cadeira de balanço, ao lado da lareira o fogo alto era única fonte de iluminação, que também cozinhava alguma coisa em um caldeirão.

- Hum - Aki mostra-se desinteressada - você conseguiu.

Sem dizer nem uma palavra o lobo levanta-se caminhando lentamente até Aki que estremece com a aproximação do assassino este leva seus lábios até os da garota encostando-os suavemente nos dela. o lobo vira-se voltando para frente da lareira.

- É só isto - pergunta Aki?

- Estive preparando o jantar, para apreciar junto ao meu prêmio.

Aki olha para a lareira reconhecendo os cabelos brancos de sua avó queimando juntamente com sua roupa.

- Aproxime-se do fogo.

Aki obedece mesmo incomodada com o calor.

- Está quente aqui.

- Retire sua capa.

Aki retira a capa vermelha com capuz segurando-a amarrotada diante dos olhos desejantes fitando o lobo.

- O que eu faço?

- Jogue no fogo, minha criança. Você não vai mais precisar disto.

Aki obedece, os dois observam as labaredas dançarem com a oferenda, o lobo desamarra sutilmente o lenço que prendia a gola da camisa o uniforme escolar de Aki, abrindo um-a-um seus botões Aki permanece parada com os braços caídos, como uma criança indefesa, parte dela está gostando da brincadeira.

- Retire seu uniforme.

Aki termina de tirar a camisa, em seguida retira os sapatos, meias e por fim a saia.

- O que eu faço?

- Jogue no fogo, minha criança. Você não vai mais precisar disto.

Aki obedece, em seguida ela reclina no chão abrindo a cesta de onde retira a garrafa de vinho, simultâneamente o lobo retira a panela do fogo enquanto pega uma garrafa de líquido vermelho e viscoso (o sangue da avó), ele repousa dois dedos por sobre a boca da garrafa de vinho impedindo Aki de servi-los.

- Experimente isto, você vai gostar.

O lobo serve Aki com o sangue de sua avó, a garota bebe o primeiro gole afastando a taça de seus lábios manchados de sangue.

- Isto e viscoso.

- Mas é doce.

- Sim é doce, mas também é "éca".

- Você não quer.

- Não falei isto.

Aki bebe novamente o sangue enquanto o lobo abre a panela de onde retira um pedaço do corpo da avó colocando-o em um prato para Aki.

- Está com fome?

- Muita, não comi nada o dia inteiro.

O lobo oferece a carne da avó para Aki que a devora sem pestanejar. Assim que termina ela percebe o lobo fitando seu corpo com luxúria, Aki coloca o cálice com sangue de lado oferecendo seu corpo para o lobo que a pega no colo levando a garota para o quarto onde a deita na cama, acariciando seu corpo.

Nua Aki repara no corpo do lobo.

- Que braços enormes você tem!

- São para te abraçar melhor.

- Que pernas grandes você tem!

- São para correr melhor.

- Que olhos grandes você tem!

- São para te ver melhor.

- Que orelhas grandes você tem!

- São para te ouvir melhor.

- Que dentes grandes você tem!

- São para te comer melhor.

O lobo avança sobre Aki mordiscando seu pescoço, a garota ri excitada, o lobo para olhando-a com seriedade, Aki consente e ambos começam a transar na cama de sua avó, em meio ao gozo simultâneo o lobo puxa uma faca de baixo da cama com a qual perfura o coração de Aki, a garota morre em meio ao orgasmo.

“mansinhos,

Quietos, ternos, sossegados,

Os quais, brandos, recatados,

Vão perseguindo as donzelas

Até sua casa, e às vezes até se deitam com elas.

Quem não vê, pois, que os lobos carinhosos

De todos são decerto os mais perigosos?”

(PERRAULT )

FIM