Senzala de Sangue

O cenário é um acampamento sem terra, Joseval empunha sua enxada com o olhar voltado para uma fazenda abandonada. Zé Pilão, o líder do acampamento aproxima-se com Alemão e Bola.

- Vocês estão vendo companheiro? - questiona o líder do acampamento, referindo-se a fazenda abandonada.

- Parece vazia.

O braço direito de Zé Pilão, Bola, é o primeiro a opinar, sabendo que agradaria seu chefe. Porém foi Joseval quem pesquisou a fundo a propriedade:

- Quatro pessoas vivem lá companheiro Zá o caseiro, duas mulheres e uma criança.

- Tem cachorro? - Alemão estava preocupado com a invasão.

- Um vira-lata.

- Um lugar tão grande para quatro pessoas - inconformado com a "injustiça" Bola estava ansioso para a invasão. - Quando nós vamos chefe?

- Ainda não, companheiro, nosso advogado está cuidando de tudo. Por isto não podemos fazer nada até segunda-feira.

- Se ficarmos acampados aqui no final de semana o caseiro vai perceber.

- Nós não podemos invadir - Zé Pilão sorri - mas se a fazenda estiver vazia a burocracia é mais rápida.

- O caseiro pode não gostar da ideia - desta vez é Bola quem sorri, sabendo que poderia divertir-se.

- Vocês podem convence-lo companheiros. Avisem quando tiverem tudo sobre controle.

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Naquela noite Maria, a mulher de Antônio, o caseiro, cozinhava a janta enquanto seu filho Júnior de oito anos brincava no quintal com o cachorro da família. Maria olha pela janela tendo certeza de onde o filho estava.

- Venha comer Júnior.

O garoto brinca com seu cachorro que rola no chão, Júnior levanta-se para entrar em casa, após alguns passos ouve o choro de seu cachorro. Júnior olha para trás, o animal estava morto. Júnior aproxima-se curioso e assustado do cachorro cuja cabeça rachara ao meio, antes de conseguir gritar Júnior tem seu olho esquerdo perfurada pela picareta de Joseval, o invasor ergue a ferramenta rasgando o céu com o corpo de Júnior jogando-o ao chão.

Bola, Alemão, Letícia e Beiço saem de dentro da mata trazendo escopetas e ferramentas agrárias. Joseval leva o dedo indicador aos lábios pedindo silêncio, em seguida ele aponta para a casa. Beiço remove o corpo de Júnior enquanto os demais aproximam-se da residência.

Antônio estava sentado a mesa olhando para seu prato, salivando para poder jantar após um dia duro de trabalho, porém sua esposa o impede.

- Espere o Júnior.

- E a Juliana?

- Ela tem uma prova difícil amanhã, por isto está estudando.

- Ela tem que largar estas coisas e procurar um marido. Vem comer Juliana.

- Depois eu vou - grita a adolescente de seu quarto.

- Era o que eu tentava dizer, ela vai jantar depois.

Mas o marido não escuta, sua fome era maior:

- Júnior. Vem logo!

Joseval arromba a porta com um chute invadindo a casa, tendo uma escopeta em mãos. Letícia e Alemão pulam outras duas janelas, Antônio fica de pé tentando proteger sua esposa, o casal caminha de costas para a porta da cozinha que dava para a sala, Alemão coloca-se entre eles e a sala. Antônio coloca-se a frente de sua esposa tentando protege-la.

- O que vocês querem?

Joseval assume a posição de líder:

- Onde está a outra mulher?

- Não tem mais ninguém.

Beiço estava do lado de fora montando guarda enquanto Bola entra na casa ofegante após percorrer os arredores:

- Esta é a única porta companheiro Joseval.

- Procure em volta. E quanto a você caseiro não me faça procura-la.

- Já disse não tem ninguém.

Joseval empunha um revólver 38 que estava em sua cintura, enquanto segurava a escopeta com a mão esquerda, após mirar rapidamente ele atira no joelho de Antônio que cai no chão gritando de dor, Maria tenta apara-lo.

Letícia desespera-se com as possíveis provas que eles deixariam.

- Sem tiros.

- Tudo bem, a bala ficou nele.

Enquanto seu pai era alvejado Juliana esconde-se debaixo da cama chorando, tentando abafar seu choro, rezando para que os invasores fiquem longe de seu quarto.

- Vem aqui companheiro Bola.

Este aproxima-se de Joseval.

- O que foi?

- Aperta o joelho que ele vai cantar. Alemão dá uma geral na casa a garota deve estar escondida.

- E se ela fugiu?

- Nós vamos encontra-la. Enquanto isto eu tenho algumas perguntas para o caseiro.

Juliana ainda estava de baixo da cama tentando conter o choro, pedindo proteção divina quando sua atenção é desperta por Alemão entrando em seu quarto, ele sorri ao perceber que aquele era um quarto de garota e principalmente pela cama ser vazada. Juliana segura sua boca com as duas mãos tentando evitar que algum som saia, ela treme de medo enquanto vê os pés de Alemão circularem a cama. O invasor para por um instante, Juliana prende a respiração olhando fixamente para os pés de Alemão que vira a cama jogando-a longe, a garota grita tentando defender-se de Alemão, impaciente o sem-terra soca o estômago da garota que cai de joelhos, Juliana puxa o ar que não vem. Alemão segura os cabelos de Juliana arrastando-a até a cozinha. Ela gritava e debatia-se enquanto era arrastada pelos cabelos até Josival.

- Cale a boca ou mato seu pai.

Juliana se cala, Alemão joga a garota contra sua mãe, enquanto Josival abaixa-se a frente de Antônio olhando-o nos olhos. O caseiro odiava aquele homem, Antônio desejava mata-lo e Josival sabia e gostava disto, de ser odiado e principalmente gostava de saber que quem o odiava era impotente.

- O que tem na casa principal?

- Nada, ela está vazia.

- Por que alguém manteria ma casa vazia?

- O patrão costumava vir, mas faz alguns anos que ele não aparece.

- Tem mais alguém na casa?

- Não tem nenhuma pessoa lá dentro.

- Se tiver alguém eu volto. Tem vizinhos?

- Não, toda esta área é do patrão.

- Ouviram isto? Tem crianças passando fome e o playboy com esta casa só para ele. E este puto aqui colabora com "o patrão".

Josival chuta Antônio enquanto os outros invasores riem.

No lado de fora Beiço ouve as risadas sabendo que estava perdendo a diversão, sua atenção é desviada por um barulho, o sem-terra ergue sua escopeta apontando-a para noite, pé ante pé Beiço caminha na direção do ruído, ele caminha na direção da casa.

- Tem alguém ai?

Ele ouve um novo ruído, desta vez na na frente da casa. Beiço mira sua escopeta, mas não encontra ninguém.

- Eu não sei quem é você, mas nós estamos fazendo justiça social, nossas famílias precisam de um lugar para viver e este terreno está vazio.

Beiço ouve algo ranger, uma das janelas estava aberta, as dua pequenas portas de madeira que protegiam a janela estavam abertas, Beiço aproxima-se percebendo que aquela janela era a única entrada para a casa. Ele ouve um choro.

- Não precisa ter medo, nós somos pessoas boas.

Beiço apoia-se na janela tentando olhar dentro da casa quando é atingido na cabeça e arrastado para dentro da casa.

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Ao mesmo tempo, dentro da residência do caseiro, Josival acerta um tapa na cabeça de Antônio que contem suas lágrimas de ódio e frustração.

- O terreno não é meu.

- Mas você trabalha aqui, você colabora com os imperialistas, você é a favor favor da miséria.

- Eu preciso sustentar minha família.

Irritado Josival soca e chuta Antônio, ele fica de pé apontando sua escopeta para Antônio, Maria e Juliana tentam cobri-lo, mas é Letícia quem impede o assassinato.

- Sem provas materiais.

Josival olha sua companheira com ódio, rapidamente ele decide o que fazer, sorrindo Josival encara a mulher e filha do caseiro.

- Família, não é?

- Fique longe delas.

Josival ri com a ideia que tinha em mente.

- Faz quanto tempo que você não trepa companheiro Bola?

- Já tem algumas semanas.

- É hora de tirar o atraso.

Alemão e Bola arrastam Maria, Josival aponta sua escopeta para a cabeça de Juliana, enquanto Letícia ajoelha-se sobre Antônio pressionando seu revólver contra a cabeça dele.

Bola limpa a mesa jogando os pratos no chão, enquanto Alemão joga Maria por sobre a mesa, os dois sem-terra rasgam o vestido de Maria lambendo seu corpo, Bola chupa os seios de Maria enquanto Alemão abre suas pernas. Humilhado Antônio chora abaixando sua cabeça, Letícia pressiona sua arma contra ele.

- É para olhar filho da puta.

Josival olha desejoso para a adolescente, enquanto esta via sua mãe ser estuprada. Alemão e Bola viram Maria de lado, os dois a estupram ao mesmo tempo, Bola pela vagina e Alemão penetra seu cu, sabendo que com sua força a mulher sentiria mais dor do que se fosse o pênis de Bola. Maria grita de dor e desespero, desespero pois a pesar da violência a vagina e o ânus são zonas exógenas e geram prazer.

- Ei Joseval a buseta dela está molhada, a vagabunda está gostando.

Joseval olha para Antônio.

- Aprendeu como se faz.

Assim que Alemão e Bola ficam satisfeitos eles gozam no rosto de Maria jogando-a no chão. Letícia troca de lugar com Josival erguendo Juliana.

- Agora é minha vez de brincar companheiros.

Antônio tenta impedir mas é chutado por Josival.

Letícia coloca Juliana por sobre a mesa, levanta a saia da adolescente lambe sua vagina, Bola segura os braços de Juliana, ficando excitado com as duas mulheres. Letícia retira sua blusa, em seguida rasga o vestido de Juliana esfregando seus seios nos da garota, Antônio chora impotente, Josival chuta as costelas do caseiro percebendo que quebrara uma delas.

- O Alemão! Limpa o pinto e vem segurar o velho.

Josival afasta-se da cozinha enquanto Letícia esfrega seu revolver na vagina de Juliana, Letícia tinha orgasmos, Bola estava quase atacando a garota.

- Você já se divertiu Bola, não seja egoísta.

Josival deixa claro que era sua vez, ele enfia sua escopeta na vagina de Juliana masturbando a garota, Josival surpreende-se ao constatar que Juliana não era virgem.

- Parece que você não vigiou sua filha, ela já deu.

Em meio ao desespero Juliana pede desculpas ao pai, sem entender o que estava falando, os invasores gargalham com a situação.

- Me diga garota, você é virgem por trás?

Juliana chora balançando a cabeça, Letícia e Bola colocam a menina de bruços enquanto Josival empunha um cabo de vassoura o enfiando no ânus de Juliana o mais profundo que pudesse, a menina grita de dor, este é o incentivo de Josival para girar o cabo de vassoura aprofundando-o mais.

Antônio não aguenta mais, ele tenta levantar-se mas Alemão agarra o caseiro pelo pescoço, o joga contra a parede, matando-o por ordem de Josival.

- Ei companheiro Bola, vá tocar de lugar com o companheiro Beiço, veja se ele não quer brincar.

Bola vai procurar por seu companheiro enquanto Juliana arrasta-se até os braços de sua mãe. Bola volta em seguida assustado.

- Ele sumiu.

- Como assim sumiu?

- Eu não acho o Beiço, ele não está em nenhum lugar.

- Seu amigo deve ter entrado no casarão - Juliana rompe o silêncio encarando Josival com olhar rabioso - por que não olha lá?

- O que tem no casarão, putinha.

- Nada, ela é velha, foi construída na época da escravidão. Tem muitas lembranças.

- A elite é assim, fodem com quem quiserem e acham que podem esconder a verdade. Vamos companheiros.

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Josival, Bola e Alemão vão até o casarão enquanto Letícia senta-se com sua arma apontada para as duas mulheres.

Os três invasores aproximam-se do casarão todas as portas e janelas estavam trancadas, Alemão aproxima-se para arrombar a porta quando esta abre-se. O sem terra para, olhando assustado para Josival.

- Tem mais alguém aqui.

- A porta abriu sozinha - Bola esconde-se atrás de Josival que acerta um tapa em Bola - idiota, é alguém querendo nos assustar. A falha é minha, não pesquisei direito.

Josival entra confiante no casarão seguido por um fiel Alemão e por um temeroso Bola, logo os três perceber que aquele não era uma casa comum, mas sim uma senzala desabitada, no teto eles encontram as argolas de aço onde os negros eram acorrentados, assim como um tronco, o local onde os negros dormiam estava intacto, como se alguém cuidasse. Porém era uma senzala muito grande com corredores e outras alas.

- Olhem o tamanho disto companheiros - Josival estava impressionado com o tamanho do lugar - estes filhos da puta. O playboy deve manter esta senzala para lembrar-se de quando oprimia nossos companheiros trabalhadores. Esta casa vai ser a primeira coisa que vamos derrubar depois da invasão.

Josival segue pelo corredor principal, Alemão e Bola vão por caminhos adjacentes, cada um devidamente armado procurando por mais um porco imperialista.

Bola caminhava assustado por seu corredor, em cada parede marcas da tortura, com cada passo uma lembrança afogada em sangue. Bola ouve passos, ele aponta sua arma tremendo de medo quando surge um vulto.

- Quem é - sua voz tremia - apareça.

Para a surpresa de Bola surge uma mestiça de traços indígenas linda, pele levemente morena, cabelos negros e longos moldavam sua face, olhos verdes, seios fartos, quadris largos completamente nua, ela é possivelmente a mulher mais linda que Bola jamais viu.

- Quem é você?

A garota aproxima-se do sem-terra que tenta manter sua arma empunhada, ela desliza seus dedos por sobre a escopeta, olha para a arma de cano longo, em seguida encara Bola com malícia, mordendo seu lábio inferior impedindo assim seu sorriso delator de desejo. Bola larga a arma e abraça aquela mulher beijando-a enquanto acaricia seu corpo. Os dois deitam no chão, a garota abre o zíper da calça de Bola, o sem-terra acreditava ter o melhor dia de sua vida quando ela começa a cavalgar gentilmente rebolando seu quadril, Bola acaricia os seios dela quando sente uma profunda dor, a garota arrancara o pênis de Bola que grita desesperado quando a garota fura seus olhos.

Alemão ouve os gritos de Bola e volta correndo por onde veio, porém aquele caminho havia mudado, Alemão encontra-se em um labirinto, sua atenção é desviada por gemidos de dor e choros de desespero. Alemão segue o som deparando-se com escravos acorrentados, aqueles presos ao tronco eram chicoteados. A garota outrora nua, agora vestida, observa a cena de longe.

O sem-terra não entende o que acontece quando a garota entra na senzala, limpando o suor da testa do negro que acabara de ser chicoteado. O capataz tenta persuadi-la.

- Por favor sinhazinha, aqui não é lugar para você. Seu pai, o sinhozinho vai ficar furioso se souber.

- O que este homem fez para ser tão torturado?

- Ele tentou fugir, por isto ele tem que servir de exemplo.

- Solte ele.

A garota leva seus dedos até as corrente que prendiam o negro ao tronco, ela sente uma excitação com aquele cheiro de sangue e suor, o ódio contido revela seus próprios sentimentos que não podiam ser revelados em uma sociedade escravista.

- Não posso solta-lo, são ordens do sinhozinho ele vi ficar preso a noite inteira e amanhã eu continuo a tortura. Seu pai foi até generoso por mim quebrava os pés dele e deixava, a gangrena cuidaria do resto, mas seu pai quer o negro trabalhando. Ele quer mostrar que é mais forte.

Naquela noite a garota invade a senzala, onde solta o negro do tronco. Este a segura pelo pescoço pressionando-a contra uma parede, mas o olhar sensual da garota convence o negro do contrário.

- O que você quer mulher branca?

- Eu não sou branca, sou como vocês.

- Você vive na casa grande, você é branca.

- Mas meu lugar é aqui - o ódio surge em sua voz - vim solta-los.

Os negros rebelam-se contra o sinhozinho invadindo a casa grande, ocorre um massacre o capataz mira no negro, mas a garota coloca-se na sua frente recebendo o tiro fatal, o capataz larga a arma arrependido correndo para a garota, o negro quebra os pés do capataz.

- Deixa, este ai vai morrer pela gangrena.

Ao final da noite os negros foram massacrados, o sinhozinho joga o corpo de sua filha na senzala para que apodreça, ao lado do demais negros.

Alemão percebe que estava de volta na senzala o tronco era ocupado por Bola, ele possuía marcas de chibatadas no dorso, capado e de olhos perfurados Bola clamava pela morte.

- Companheiro.

Bola reconhece a voz de Alemão, chamando pelo amigo. Alemão tenta ajudar Bola quando é derrubado por dois negros que retalham seus braços com facões, Alemão morre lentamente enquanto Bola ouve seus gritos sabendo que seria o próximo. A garota estava de pé ao lado de Bola.

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Na residência do caseiro Letícia olha para o relógio já fazia tempo que seus companheiros saíram.

- Eles estão mortos - Juliana rompe o silêncio enquanto olha de maneira vingativa para Leticia que aponta sua arma para a adolescente.

- O que você quer dizer?

- Aquele casarão é maldito, vocês estão mortos.

- Se você não falar logo.

- Eu falo, a família do patrão é amaldiçoada, as pessoas morriam cedo até que o avô do patrão procurou um preto velho este disse que uma ancestral o amaldiçoava pela morte de quem amava, e não era só ela a família do patrão matou muitos escravos, estas almas não conseguiam descansar.

- Eu não sou supersticiosa, se tiver alguém naquela casa o Josival vai é acabar com ele.

- Não se pode matar os mortos.

- Pare Juliana.

- Não mãe - Juliana encara Letícia - agora escuta, o preto velho disse para o avô do patrão construir uma senzala para que sua ancestral e os escravos pudessem viver, assim as mortes parariam. Mas ele também avisou que concentrar tantos espíritos raivosos em um só lugar seria perigoso. Nos vivemos aqui para impedir que alguém entre na casa.

- Desculpe, mas eu não acredito em fantasmas.

- Agora já é tarde, a casa sentiu o gosto de sangue, todos vamos morrer.

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Dentro da senzala Josival sabia que tinha alguma coisa estranha, o corredor que ele estava parecia não ter fim, o invasor ouve passos atrás de si. Ao virar-se Josival encontra a garota nua o sem-terra ignora a beleza dela atirando em seu estômago.

Na casa de Antônio as rês mulheres ouvem o som do tiro, Letícia fica com raiva.

- Aquele idiota, pelo menos acabou, não sei quem era mas morreu.

Josival aproxima-se do corpo da mulher percebendo que este havia sumido. Um negro surge atrás de Josival erguendo um facão, o sem-terra percebe desviando a tempo, ele atira conta a cabeça do negro, em seguida no peito do espírito. Josival se vê cercado pelos espíritos de escravos, ele atira outras vezes os espíritos seguem em sua direção erguendo o invasor, Josival é carregado até a sala principal onde estavam os corpos de Alemão e Bola, Josival é acorrentado no chão diante da garota, está dá a ordem para os negros rasgarem a barriga do invasor, retirando suas entranhas, arrancando sua pele, rasgarem os músculos de seus braços e pernas.

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Letícia estava preocupada com a sequência de tiros e a demora de Josival, ela tenta olhar pela janela, sabendo que as duas mulheres estavam quase mortas.

- Ouviu os tiros?

- Cale a boca.

- Eu disse eles estão mortos.

Letícia vai até Juliana acertando um tapa nela, puxando a garota pelos cabelos sem perceber o espírito de um escravo olhando pela janela. O som de uma corrente sendo arrastada chama a atenção de Letícia que empunha sua arma, novamente um som parecido só que desta vez vindo do outro lado da casa, Letícia gira em tono de si procurando sua origem.

- Quem esta ai.

Ela sente algo atrás de si, uma presença física estava de pé Letícia sente medo, uma sensação diferente de tudo o que sentira, a sensação de estar próxima da morte invade o peito de Letícia que ofegante gira por sobre os calcanhares deparando-se com o espírito de um escravo, Letícia tenta mirar mas o negro a desarma com um soco. Letícia é arremessada longe, outros negros surgem das sombras erguendo Letícia. Por fim é a garota nua que aproxima-se de Letícia, beijando-a na boca a sensação de prazer é rapidamente substituída pela dor. A garota arranca a língua de letícia com uma dentada, enquanto os negros matam a sem terra sob o olhar da garota nua que devorava a língua de sua vítima.

Maria abraçava sua filha chorando, Juliana por sua vez assistia a morte daquela que a estuprou. A garota nua olha para Juliana que percebe ela e sua mãe seriam as próximas.

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Assim que o sol nasce os sem-terra invadem o terreno. A casa de Antônio jazia deserta, dentro dela apenas os móveis quebrados e a comida estragada caída no chão. Zé Pilão Comandava o acampamento seguido por seus homens e suas famílias, não demora para que eles fiquem de frente para a senzala, sem perceber que a garota nua olhava para eles de uma janela.

FIM