O Último

O Último

A respiração era abafada. Ele ofegava e esforçava-se para continuar. Estava exausto, com a mente em frangalhos, mas a adrenalina e o medo lhe serviam de combustível. Foram sete noites desde o primeiro ataque, os mais bravos guerreiros lutaram em vão, pois suas flechas e armas não eram fortes para enfrentar os demônios do fogo, e assim no final a aldeia fora completamente destruída. Eles surgiram como demônios noturnos, ferozes e impiedosos, em busca de algo que eles não possuiam. Cada mulher, idoso e criança sucumbiu ao fio da espada, pois eles não pouparam ninguém.

Ao longe ele contemplava as labaredas de fogo, devorando a tudo, as explosões iluminavam sua retina, era a última visão do que um dia fora o seu lar. Eram homens em busca de terras, que por direito não eram suas, primeiro escravizaram a todos, os ditos selvagens, depois os assassinaram . Tudo em nome da civilização e em nome de um Deus que eles não conheciam.

Uma lágrima solitária caiu, antes que ele partisse.

Enquanto ele corria entre a mata noturna, ouvia os sons das armas e os gritos furiosos. Hoje ele era a caça. Como um animal indefeso ele foi capturado, o cheiro do sangue era forte, algo quente escorria pelas suas costas, a visão escurecia, o corpo desabou, arrastou-se na tentativa inútil de lutar pela sua própria vida. Em um último suspiro gritou o nome de seus ancestrais, implorou aos espíritos da floresta. Mas ele não o ouviram, a floresta silênciou e os animais desapareceram, a lua era a única testemunha de sua morte , e assim morreu o último Tupi Guarani.

Taiane Gonçalves Dias
Enviado por Taiane Gonçalves Dias em 17/08/2010
Reeditado em 07/09/2010
Código do texto: T2443842
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