Sangue no Cemitério.
 
Não era a primeira vez que aquele grupo de amigos profanava o sono eterno daqueles que já não fazem parte deste mundo, com risadas, bebidas e drogas. 
Primeiro nas cercanias do cemitério, depois de alguns goles e de algumas cheiradas, adentravam barulhentos e entre os antigos mausoléus, a balburdia era saliente em todos os sentidos, quebravam vasos, picavam flores, quebravam quadros com retratos, era a mão de satanás, nos movimentos daqueles jovens. 
No escuro da noite por entre os túmulos, sopravam sonatas fúnebres que os perversos jovens desdenhavam, mas eram estranhas aquelas musicas, quem as tocava? 
No embalo das drogas e álcool, muitos bailavam até a madrugada, saíam andando como autômatos na rua, sem se importar se algum deles tivesse lá ficado, a droga
proporciona os momentos de êxtase, e nunca preocupação com a própria vida, quanto mais a dos outros.
No outro dia, se algum deles faltava ao religiosamente preparado esculacho, pensavam:
___Deve ter queimado uns mais cedo e não pode vir.
E nada os desviavam deste macabro ritual, a morte subtraía aos poucos a juventude de todos, mas era faminta, pois além disso levava uma vida a cada noitada desta infame maneira de viver.
Mas aquela noite era especial, a mesma rodinha a meia noite ao lado do cemitério, depois um a um ultrapassavam o limite que aqueles muros representavam visíveis, mas tão sarcasticamente desrespeitados, mas a morte é silenciosa, pois vem, leva e ignora tudo e a todos.
Duas horas da madrugada, o som longínquo da marcha fúnebre de Chopin, soou como trombetas do juízo final, e pela primeira vez aquele grupo de jovens não reagiu
sarcasticamente, pois uma brisa gelada acompanhou cada acorde deslizando como uma navalha na pele dos meninos, que entre a realidade e o surrealismo da droga
não tinham bem certeza do que ouviam, e menos ainda do que os aguardava naquela nebulosa madrugada.
Tornou-se cada vez mais forte o som da marcha fúnebre, e no final do largo corredor entre a bruma, um pequeno coro de anjos aproximou-se, envolto em mantos negros e capuzes vinham em duas fileiras, de modo que ladearam os jovens, passando por eles e fixaram-se em duas fileiras de frente para eles, a uns 15 metros.
Agora os jovens os olhavam com os pelos eriçados e olhos arregalados, pois de dentro dos capuzes vinham dois pontos luminosos vermelhos no lugar dos olhos, e eram invisíveis suas mãos, e a cada acorde da fúnebre sinfonia, repetiam em coro:
____hummmmhummmmhummmmm
Com seus estômagos gelados, e sóbrios das drogas e do álcool, por tanto medo, em pânico, o grupo fez menção de correr, mas o inferno os esperava...
Do mesmo lugar de onde surgiram os primeiros seres, em mesmo numero e agora com longas lanças e em numero superior, vinham outras criaturas, como as mesmas e assustadoras atitudes.
Ao chegarem também a 15 metros estacionaram e colocaram as lanças com as pontas no chão, vestidos de longos mantos negros e também de capuzes.
Nos últimos acordes da musica, os primeiros, retiraram, escudos afiadíssimos de debaixo de suas vestes aproximaram-se mais 5 metros e simultaneamente ao lançamento da lanças, atiraram seus objetos contra o grupo de jovens.
Como um bando de animais feridos, pelos primeiros golpes, avançava desnorteados sobre as criaturas que retalhavam seus corpos, esmiuçando em meio ao sangue abundante aquelas pobres almas.
Por meia hora ouviu-se gritos, gemidos, pedidos de socorro, mas este cemitério tinha uma característica, ficava distante 2 kilometros da cidadezinha, e jamais alguém em sã consciência iria a noite perturbar o lugar onde mora a morte, então...
 
Malgaxe
 
 
Malgaxe
Enviado por Malgaxe em 01/09/2010
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