A mão tatuada

Tudo ia bem naquele passeio ao shopping.

Tudo era novo e moderno. As lojas, as decorações, as pessoas e tudo que compunha aquele ambiente era incrivelmente moderno.

Muitos corredores. Mas nem todos eram assim.

Havia um corredor mais sombrio chamado de ala gótica.

Vitrines com roupas negras. Pessoas vestidas de negro e com pelo menos uma meia dúzia de tauagens pelo corpo.

Algumas lojas de cds exclusivamente de bandas góticas.

Sem mesmo saber o porque quando notaram estavam no tal corredor.

Entraram em várias lojas e por fim acabaram atraídos pelo cheiro de insenso que saia de uma loja de bijouterias.

Olharam a vitrine, pareceu interessante e entraram.

Muitas peças, colares, brincos, piercings e toda coisa do gênero.

Mas algo lá chamou mais atenção.

Sobre o balcão havia uma mão com todos os dedos bem abertos e com vários anéis em cada um deles.

O mais curioso era a perfeição daquela mão. Sim, eles já haviam visto outras mãos do tipo em outras lojas de bijouterias, mas geralmente eram de plásticos e de tamanhos disformes.

Mas aquela era simplesmente perfeita.

Havia muitas pessoas na loja, experimentando e comprando também.

Anel. A mocinha com tatuagens de borboletas no pulso resolveu que queria um anel com um crânio e quee stava na tal mão exposta.

Retirou e colocou no dedo. Perfeito.

Vou levar. Falou a mocinha, olhando para o pai, dando a entender que o pagamento era com ele.

Aproveitando a proximidade com a mão modelo, o pai olhou mais de perto e a tocou.

Sentiu como se fosse uma pele ressecada e notou uma tatiagem tribal que ia do polegar passando pelo dorso da mão e terminando onde começaria o punho.

Sentiu um arrepio. Parecia muito real.

Retirou a carteira, pedou o dinheiro e entregou à filha para que ela pagasse o anel.

A moça sentada atrás do balcão com cabelo moicano, alargador e piercings nos lábios,

maquaigem negra ao redor dos olhos e um olhar totalmente perdido no horizonte.

Ela pegou o dinheiro e voltou o troco.

Foi quando o pai da mocinha reparou que ela não tinha a mão esquerda, era maneta e no seu punho viu; para seu espanto; a mesma tatuagem tribal que terminava na mão modelo de anéis e continuava pelo seu braço misturando se com outras tauagens.

Saíram e foram embora, o pai torcendo para que a filha não tivesse notado tal aberração.

Ou será que teria notado?

Paulo Sutto
Enviado por Paulo Sutto em 11/09/2010
Código do texto: T2491648
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