Sangue e Pesadelo
 
Régis acordou na madrugada ouvindo gemidos, e vez ou outra batidas nas paredes.
Como morava sozinho, do terceiro andar na sua kitinete achou tudo um absurdo que àquelas horas da madrugada alguém, seu vizinho talvez, estivesse fazendo algo que provocava tanto barulho a ponto de acordá-lo.
Espreguiçou estendendo bem os braços, os dobrou e como de costume os esfregou em ambos os olhos, observou que os intervalos entre as batidas e os gemidos foram ficando cada vez mais espaçados, e como estivesse com preguiça de levantar e observar através da janela aberta outras kitinetes a procura da causa do incomodo, sossegou, até que pararam em definitivo as batidas e os gemidos.
Régis adormeceu bem próximo ao amanhecer, mais uma vez ele acordou vindo de um pesadelo terrível, suava gelado...
A lâmina furiosa de um assaltante gritava por sangue, num pequeno quarto em que ele e mais 3 amigos, estavam amarrados na cama...
Na primeira viagem da mão sanguinária do bandido, viu a cabeça do amigo presa pelos cabelos na mão tremula e ameaçadora que escolhia novo alvo.
O marginal jogou a cabeça com violência na parede e avançou furioso degolando contra o travesseiro o segundo amigo, jorrando sangue como em uma torneira destravada, ensopando a cama daquele liquido quente viscoso.
Ao seu lado o terceiro amigo desmaiara e o olhar esbugalhado do facínora passeava de um lado para outro como a escolher onde derramar mais sangue balbuciava palavras desconexas quando aproximava o hálito etílico do rosto de Regis, mexendo afirmativamente o rosto, como a lhe perguntar alguma coisa...
Afastou-se, passou o punhal no tecido da calça, altura da coxa, para limpar, foi até o canto do quarto, baixou a cabeça, e vez ou outra olhava de lado, como se pedisse a seus demônios que o ajudassem a escolher o próximo a deixar este mundo.
Regis suava frio, um misto de desespero e resignação, rezava alto, mordendo os lábios imaginando a lâmina assassina rasgando a sua jugular no momento final.
O assassino virou-se para eles...
Seus olhos esbugalhados, decididamente determinados a completar a chacina avançaram para eles...
Um longo grito de terror, completamente encharcado de suor, Regis sentou na cama, era um pesadelo... Um terrível pesadelo.
No escuro do quarto, Regis fitou um pequeno fio de luz embaixo da porta, e concentrou-se nele, tremendo, com as mãos cruzadas, sentindo-se para ter certeza de que estava vivo, enquanto seu coração volvia a seus batimentos normais.
Levantou e ainda tremulo acendeu a luz estava salvo, pensou.
Sentou-se novamente na cama, e logo depois resolveu ir ao banheiro.
Abriu a porta de seu quarto, olhou os cômodos em frente a ele, a manhã dava seus primeiros sinais, ao lado a dois metros a porta do banheiro foi lentamente aberta por Regis...
No instante em que abriu totalmente a porta ergueu a cabeça e viu...
No fundo do banheiro entre duas barras do basculante, com a língua esticada, o rosto roxo, e o corpo do lado de fora, um ladrão, enforcado.
Na tentativa de entrar pelo banheiro, escorregou na parede externa, e ficou preso pela cabeça, debatendo-se e gemendo até morrer.
Sorte do Regis que sonhou o que poderia ser a sua realidade.
Deu dois passos para trás e sorrindo foi ao telefone avisar a polícia.

Malgaxe
 
Malgaxe
Enviado por Malgaxe em 10/11/2010
Código do texto: T2608113
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