Templo do diabo
 
Ashtar arrastava-se entre os escombros, revirando corpos, e cortando aqui e ali um ou outro pescoço que mostrasse vida, há horas deixara sua metralhadora, gostava do deslizar da lâmina na carne tremula de seus adversários.
Lembrava-se freqüentemente do dia em que entregou sua alma ao diabo prometendo fidelidade, era o quinto dia de bombardeio nuclear, os clarões vermelhos ao longe, faziam as noites fantasmagóricas, com gritos de dor e promessas de vingança.
Ashtar subiu no alto das ruínas do aglomerado de edifícios, e ao longe viu o acampamento de sua tropa, até aquele momento não havia sentido ódio dos seus, mas era uma necessidade imposta pela jura ao domínio àquela ira tinha que aflorar, era imperativo o jorrar de sangue, acariciava seu punhal como a uma bela flor, prometendo sangue, muito sangue.
Retirou de seu bornal uma garrafa de água amarelada e sorveu um, dois goles, quando ouviu um gemido atrás de uma parede.
Furtivamente grudou seu corpo na parede e com olhos de um animal na hora da caça, rastejou até ver aquilo...
Sentada, com um dos braços decepado, olhos chorosos, uma linda mulher, que ao vê-lo balbuciou...
____Socorro... Socorro...
Aproximou-se com os olhos fixos na mulher, sem perder nenhum movimento dela.
Instintivamente a dois passos da moribunda, colocou a mão dentro do bornal e do fundo dele levou diretamente na jugular da mulher seu punhal e em duas estocadas desceu o corpo da mulher ao chão bruscamente, o que se seguiu foi a prova de que Ashtar era um guerreiro do diabo, conhecia a realidade e muito mais as outras dimensões, pois a mulher ao cair no chão tomou forma de um ser de outro mundo, com garras e gritos surreais, mais duas viagens da lâmina enfurecida do punhal de Ashtar foi o suficiente para degolar o ser saído das profundezas vizinhas ao inferno.
O céu da terra na maior parte do dia era rubro, a atmosfera cinza e um odor terrível do hélio fatal nascido das explosões nucleares.
Ao longe as intermináveis fogueiras a 100, 200 metros de altura, queimavam petróleo que vazaram quando explodiram os pontos de extração, caia a tarde no que restou de uma civilização, agora só existia a sede de sangue e quase todos os mortais nas mãos de satanás.
Ashtar olhou pela ultima vez a imensidão de um mundo arrasado, as barracas de sua tropa, sabia o que tinha a fazer...
Pisando por cima dos corpos deixou para trás aquele reduto que ele e os seus tinham arrasado, coube a ele a limpeza final, queimar os corpos e tudo que ali havia depois a missão lhe esperava.
Desceu os 20 degraus, daquelas ruínas até o que antes era uma avenida, encostou o corpo empoeirado na sua caminhonete, e olhando aquele lugar acionou o detonador... 10 bombas incendiárias transformaram tudo num inferno cheirando a corpos queimados.
Veloz, percorreu os 10 kilometros até onde deveria pegar a munição para o ataque de seu juízo final.
A sua munição era uma e somente uma bomba, seu peso, 10 toneladas.
Como uma canção revolucionária a voz do diabo lhe lembrava a todo o tempo de que era preciso atacar para vencer, e vencer para triunfar, o triunfo do diabo.
Já era noite quando Ashtar percorreu a longa via entre duas fileiras de 1000 barracas, e estacionou no meio delas...
____Agora filho, acione o detonador... Disse-lhe o diabo.
____Mas e eu mestre?
____Esta é a sua missão... E meu templo sua vida.
Ao tentar sair do veiculo, sentiu toda a força do mal pesando sobre o cinto de segurança, e passeando diante de si o detonador saiu de seu bolso e a luz vermelha do fim apareceu em seu painel...
Na imensidão de um mundo miseravelmente arrasado e terminal, uma risada diabólica comemorava na escarlate madrugada que aparecia no horizonte a suprema destruição.
Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Malgaxe
 
 
Malgaxe
Enviado por Malgaxe em 20/11/2010
Código do texto: T2626826
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.