Olhos Horripilantes [14]

Zoe se preocupou, sentiu-se culpada, pensou em ir falar com ele, mas Leon aconselhou-a a deixá-lo por aquela noite, só uma boa noite de sono talvez trouxesse a Dan alguma paz ou esclarecimento.

O sol estava espiando pela janela da sala, entre o pequeno vão da cortina que cedia fogosa, sendo levemente soprada pela brisa da manhã. Foi mais ou menos nessa hora que Esther Zoe, abriu os olhos ainda sonolentos.

Olhou para os lados, Leon e Jéfer dormiam. Jéferson como um bebê, com o dedão na boca, e enrolado no edredom como embalagem de bala em volto à mesma.

Ela se levantou, resolveu não acordar os meninos. Ouviu um barulho vindo do quarto com a porta fechada, o quarto que Dan dormia. Zoe foi caminhando lentamente pelo corredor até que chegou a porta do quarto. Bateu. Nada. Tornou a bater.

-Dan. –Chamou.

Silencio. Não houve resposta.

-Dan, você está aí? Sou eu a Zoe...

Sem resposta novamente.

Zoe levou a mão ao trinco. Hesitou. Mas resolveu. Abriu a porta lentamente.

-Dan?

Daniel estava sentado na cama, de cabeça baixa, quieto.

-Dan... Sou eu a Zoe...

Ele olhou-a sério, e depois voltou-se.

Zoe fechou a porta e caminhou devagar até ele.

-Olha Dan eu... Não devia ter falado daquele jeito com você... Eu...

-Quem te mandou aqui? O Leon? –Indagou-o subitamente.

-Não. Não Dan. Ninguém me mandou aqui. Na verdade os meninos estão dormindo, nem sabem que estou aqui.

-O que você quer Esther? –Questionou olhando-a seriamente.

-Eu quero te ajudar Daniel.

-Ajudar? E por que você acha que eu preciso de ajuda?

-E porque acha que não precisa?!

-Olha Zoe, fazer piadinhas sem graças, ou ser malicioso nunca foi nenhum tipo de doença! –Exclamou ele.

-E sofrer por um irmão que já morreu não é?

-O que sabe sobre meu irmão? –Quis saber surpreso.

Zoe calou-se. Sentia naquele momento que havia falado demais. Mas agora que havia começado, não adiantaria dar para trás.

-Hein Esther Zoe... O que sabe sobre o Trevor?

-Eu...

-Quem lhe contou? Foi o Leon não foi? Ah, claro que foi! Ele não tinha o direito de fazer isso comigo! O Leon tem de parar de se meter na minha vida! –Gritou Daniel extremamente nervoso.

-Calma Dan.

-Calma? Calma “Dan”?! Calma droga nenhuma Esther Zoe! Você não sabe o que eu passei... Você não sabe o que eu enfrento toda vez que chega essa época do ano! Calma não ouviu? Calma droga nenhuma!...

-Depois diz que não precisa de ajuda... –Disse Zoe.

Daniel se aproximou dela, pegou-a pelo braço, dessa vez com o olhar gélido, e disse:

-Eu não preciso da sua ajuda garota! Eu não preciso de pessoa alguma se metendo no meio dos meus problemas! O irmão era meu! E quando foi que você se importou comigo? Ontem que não foi!

-O que? Ah, não me venha com essa de que está chateadinho por causa de ontem! Que culpa eu tenho ah? Você queria que eu fizesse o que? Hein Daniel? Fizesse o que?

-Zoe você explodiu só por causa de uma brincadeirinha! Você me humilhou na frente dos meninos! –Lembrou Daniel cada vez mais próximo de Zoe.

-Eu tava incomodada com toda aquela situação...

-Incomodada? Você? E por que hein? Porque num dia só, ganhou um namorado, dois amigos idiotas, e super poderes? Te deixamos ficar aqui, te levamos pra escola, cara! Que mais você quer?! Incomodada garota? Com o que?

Zoe se soltou da mão dele com dificuldade, massageou o braço, e praticamente sussurrou:

-Naquele dia... Na sorveteria... Aquela mulher...

-O que tem aquela mulher? –Indagou Seet sem paciência.

-Ela tinha o meu rosto! –Soltou a garota relembrando.

[continua...]

Madelaine Grumam

Meli Francis
Enviado por Meli Francis em 10/01/2011
Código do texto: T2720422
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