PASSEI A NOITE NO CEMITÉRIO
Era o dia de finados o cemitério estava abarrotado de gente, quando eu cheguei já era o fim da tarde, o sol já tinha se escondido atrás das montanhas e começava a escurecer.
Eu tinha ido visitar o túmulo de minha mãe que havia falecido a um ano mais ou menos, como eu não conhecia muito bem o cemitério, demorei para encontrar o lugar onde mamãe estava enterrada.
Quando eu terminei de rezar, levei um susto ao ver que estava sozinha naquele lugar assustador, todos os visitantes tinham ido embora, com o coração apertado dirigi-me ao portão que dava para a rua, e para meu desespero o encontrei fechado.
Olhei instintivamente no relógio e ví que realmente era muito tarde, passava das oito horas da noite, o silêncio era tanto que eu podia ouvir as batidas de meu coração que nessas alturas queria sair pela boca, fui até a casinha do zelador que cuidava do cemitério, batí à porta e não ouví resposta alguma, a luz estava acesa mas não havia ninguém alí. Enquanto eu chorava e rezava ouví um barulho vindo da casa, e caindo bem pertinho de onde eu estava, soltei um grito apavorada.
Sem corágem para olhar na direção de onde vinha o ruido extranho,
limitei-me a sondar por entre meus dedos trêmulos.
Aliviada ví que se tratava do gato do coveiro que miava sem parar, levantando-se sobre as patas da frente de forma ameaçadora.
Tornei olhar no relógio e me arrepiei inteirinha, era exatamente meia noite, de onde eu me encontrava podia ver boa parte dos túmulos e capelas que se erguiam feito fantasmas em meio a escuridão.
Uma única luz chamou-me a atenção, era a de uma das maiores capelas existente no lugar.
Aproximei-me e notei que havia uma senhora de idade sentada a porta, como se estivesse olhando em minha direção.
Respirei fundo e caminhei lentamente até ela e a cumprimentei esperançosa, boa noite senhora, meu nome é raquel eu me perdí aquí no cemitério, será que eu poderia passar a noite aquí com a senhora?
Sem esboçar nenhuma resposta, entrou para a capela e desapareceu.
Cansada e morrendo de frio e medo, adormecí alí mesmo, só acordei quando a luz do sol bateuem meu rosto, ainda molhado de tanto que eu chorei.
A imágem daquela senhora da noite anterior estava viva em minha memória, procurei por ela para agradecer a hospedágem mas não a encontrei, só então olhei para um grande retrato pendurado na parede e reconhecí que se tratava da mesma senhora que me recebera na noite anterior.
Uma placa de bronze pregada no quadro, lia-se, aquí jaz, Perpetua do Rosário, falecida em 22 de 02 de 1911.
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+im.
LEIA O DESPERTAR NO SEPÚLCRO