O quadro de Rose

Aquele playground onde as crianças brincavam nas tardes frescas de outono era como que um descanso mental para Rose, a proprietária bem sucedida da uma galeria de arte, onde expunha arte moderna e contemporânea. Todas as tardes Rose ia ao mesmo lugar depois do expediente, o parque, e vez ou outra conversava com alguém, mas era uma senhora orgulhosa de seu status, e na cidade todos a conheciam não só pela fortuna amealhada com o vertiginoso sucesso de sua galeria, mas também com a pequena fortuna deixada pelos seus 4 falecidos maridos.
Coincidência ou não 3 deles morreram em acidentes, e um na escalada de uma montanha nos Alpes a dois invernos atrás.
Além de esculturas, aquarelas e xilogravuras, Rose tinha uma sala especial, onde por módicos 100 dólares a pessoa poderia fazer uma visita de 20 minutos, os quadros eram de um realismo surpreendente, tinham como tema a natureza,  eram quadros de tamanho médio, colocados estrategicamente dentro de proteções blindadas, o que convencia a todos de seu valor monumental, e de certa forma justificava o pagamento exorbitante para que quem pudesse vê-los.
A musica de fundo no ambiente era quase sempre uma versão mais light da marcha fúnebre de Chopin, e musica para relaxamento, o que causava nas pessoas um bem estar, e sobravam elogios às obras de arte, que na verdade eram simples, uma moldura preta e as vezes dourada, a tela com uma pintura moderna mesclada a uma cor pastel, e embaixo a assinatura do artista, que Rose mantinha em segredo.
Rose tinha um item em sua vida que a diferenciava consistentemente de outras mulheres, fora dublê em sua juventude e era atribuído a este dote artístico não ter morrido nos três acidentes em que os ex maridos morreram. Foram mortes horríveis, o primeiro despencou num abismo e durante 30 segundo o carro voou indo espatifar-se a 440 metros de profundidade explodindo em seguida, e Rose milagrosamente saltou antes do vôo fatal, o segundo em circunstância semelhantes, numa estrada, capotou várias vezes e incendiou-se e novamente Rose, soltou o cinto e pulou do carro antes de começar o balé mortal, o seu segundo marido morrera carbonizado horrivelmente. Na terceira ocasião em que se casara Rose não passou da lua de mel, durante passeio por Mônaco o carro alugado em que estavam, disparou em um declive, e colidiu com um muro de pedras não respondendo ao freio, ele teve morte instantânea, ela apenas ferimentos leves.
Rose não estava presente quando da escalada em que o seu quarto marido morreu nos Alpes, mas ficara na pousada ao pé da montanha, aguardando o seu amado.
Rose era uma mulher com um ar grave, olhos negros, uma ou duas linhas marcavam o rosto acima dos olhos, da sua boca de geografia sinuosa e sensual saiam pouco mais que sons em sua rouca voz, e ao soltar a voz eram ouvidas sempre determinações definitivas, nada mais se ouvia depois e muito pouco se ouvia antes, pois ela dominava o ambiente, do alto de seus 1, 82 metros.
Havia duas unanimidades naquela cidade, o padre e Rose, e em parceria eram a redenção do lugar. As quermesses, bailes e bingos eram concorridíssimos e não raro Rose colocava um de seus quadros para o leilão comunitário uma vez por ano.
O que arrecadava bem mais que os míseros adjutórios conseguido pela igreja junto à comunidade.
Por isso pelo menos 2000 pessoas olhavam estupefatas a policia com um arsenal pesado, cercar o complexo onde estava a galeria de arte e a casa de Rose, naquela tarde.
E por 1 hora, os olhos da população aguardaram o desfecho da operação e finalmente,
Rose saia escoltada, algemada em direção ao helicóptero ali em frente pousado, entrou no aparelho, e 2 minutos depois se ouviu uma violenta explosão, que derrubou a aeronave matando todos a bordo...
Depois do corre corre, um enorme caminhão baú, encostou ao lado da galeria para carregar as obras de arte, mas especialmente da sala de obras especiais, ali se escondia o crime maior de Rose e seu comparsa, um antigo taxidermista, seu colega de profissão nos tempos difíceis.
Naquela tarde um senhor franzino em seus 50 anos referia-se a rose diante de 3 oficiais da guarda nacional.
___Ela matou os 3 maridos sabotando os carros e usando suas habilidades para escapar... Os equipamentos de alpinismo do quarto marido ela mesmo “arrumou” para que tudo desse certo, ela era uma assassina fria e sanguinária... Sim, ela seduzia jovens para sua alcova, e os matava com faca pra não estragar a pele e nem chamar a atenção. A gente usava umas partes deles o resto a gente diluía em ácido, o que aliás virava um ótimo alvejante para a pele seca...
___Pode nos explicar sobre os quadros? Perguntou o oficial.
___Bom, Rose viu na pele jovem de seus amantes juvenis, um ótimo material para fazer telas para os quadros... Aí é que entrava meu trabalho, eu além de duble aposentado fui taxidermista, empalhava animais e o sistema é quase igual, basta esticar bem a pele retirada e esperar secar como os animais espalhados... Depois é que se aplicava o acido para amaciar e aveludar as peles, depois basta espalhar um pouco de tinta e ta feita à obra de arte... Agora que já sabem tudo me podem dizer onde é que errou Rose em seu intento?
___No ultimo leilão... Ela doou um quadro, destes especiais, feitos de pele humana, e quem o adquiriu foi um velho restaurador... Ele tinha curiosidade de saber o segredo destes quadros, e o porquê ninguém podia adquiri-los... E descobriu...

Malgaxe   
 
 
 
 
 
 
 
Malgaxe
Enviado por Malgaxe em 20/02/2011
Reeditado em 20/02/2011
Código do texto: T2803936
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