Cercado pelo ódio...

Um homem de 43 anos estava caminhando á noite próximo á casa de Marcos. Um mp4 em uma das mãos, os fios do fone subindo por dentro de sua camisa, os auto-falantes ao ouvido. Marcos sentado no alpendre. Não havia mais ninguém na rua.

O homem parecia estar tão feliz, cantarolava e se aproximava cada vez mais de sua casa. Ainda não havia visto o garoto no alpendre. Marcos desceu e foi em direção ao portão. Parou. Ouviu seus passos, sua respiração ofegante pelo cansaço. Deus, como a felicidade alheia o incomodava.

- Esta vida é tão ordinária, tão mesquinha e inútil. Por que ele está tão feliz? Por quê? Marcos refletia.

Ele o olhou mais uma vez. Agora o homem podia o ver. Estava próximo. Ele ainda no portão, de pé. Ele passou por ele. O desejou boa noite, lançou um sorriso amável na direção do garoto. Marcos detestou aquele momento. Queria pular na jugular dele e sugar todo seu sangue. Queria ser um vampiro, um monstro.

- Quem era ele? Quem sou eu? Marcos continuava a refletir...

Aquilo o encheu de uma nostalgia intensa e insana. Seus olhos arderam naquele momento. Uma lágrima brotou e desceu abruptamente pela sua face. Tudo tão rápido.

- Por que sou tão infeliz?

Marcos pensava... Levou a mão ao lado de dentro do portão e segurou uma pá firmemente. O homem seguia andando. O observou mais um pouco. Aquele andar pacato. Ele correu em sua direção.

- Boa noite pro senhor também! Ele o disse. O homem olhou para trás sorrindo e então recebeu o golpe... o aço frio da pá atingiu-lhe o rosto, seu pescoço virou-se de uma forma estranhamente horrenda, o seu corpo deu um giro de aproximadamente 180º e ele caiu estatelado no chão. Estava morto. Marcos pegou o corpo e o levou para dentro de sua casa, arrastando-o. Ninguém o viu. Desceu até o porão segurando-o pelas pernas, puxava-o, a cabeça do homem batendo nos degraus, um rastro de sangue ficava para trás. Ele voltou para rua e lavou o passeio. Novamente não havia ninguém.

- Agora somos só nós dois. Ele disse ao corpo inerte.

Seus olhos de repente ficaram vermelhos, ele ergueu os braços na direção do corpo que começou a flutuar. Suas unhas se transformaram em garras, seus dentes cresceram bisonhamente, lágrimas de sangue escorreram pelos seus olhos... ele olhou o corpo mais uma vez, levantou sua mão direita e afundou suas garras no peito do homem arrancando-lhe o coração, sugou toda a vida daquele pedaço de carne, sua boca repleta de sangue...

- Quero sua felicidade... quero todo seu desejo de viver...ele comeu cada parte do corpo daquele homem, olhos, fígado, rins, dedos, tudo. Restaram apenas restos de ossos e sangue esparramados pelo chão. Por fim ele despertou. Estava ainda no portão pensando. Seu ser repleto de inveja daquele homem que ali passava. O homem seguia cantarolando. Como ele queria matá-lo. Como ele queria provar um pouco deste seu misterioso desejo pelo sangue. Mas não seria hoje... não ainda. Quem sabe amanhã. Quem sabe com você! Quem sabe enquanto caminha pela rua... feliz e cantarolando...

Leiam também meu conto...

Pena de morte...Postados três capítulos...

Pena de Morte - Capítulo I – O Condenado

Pena de Morte – Capítulo II – O Clone

Pena de Morte – Capítulo III – A Cilada

E

A Rainha dos Monstros - Capítulo I - O colar da Vênus

A Rainha dos Monstros - Capítulo II - Conhecendo seus poderes

Um abraço a todos que me lêem e fiquem com Deus!

Sidney Muniz
Enviado por Sidney Muniz em 01/03/2011
Código do texto: T2823110
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.