Terra dos Sonhos: Martha Parte III - O final da história

Interlúdio IIi:

Vagando pelos corredores e se perdendo entre as estantes de livros antigos de uma biblioteca, Martha, a pequena fantasma é atormentada por lembranças esquecidas e sonhos perturbadores.

A única coisa que ela sabe, é que tem que continuar procurando o livro.

O livro que atormenta os seus sonhos e a sua existência pós-vida.

§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§

Terra dos Sonhos: Martha Parte III: O final da história

Ela se perdeu mais uma vez pelos corredores formados pelas estantes de livros da biblioteca.

Ela não se importa mais... está cansada... cansada de procurar o livro que aparece em seu sonhos.

Martha atravessa o chão em direção às catacumbas que jazem sob a biblioteca.

Mais uma noite perdida... à quanto tempo ela estaria ali, assombrando a biblioteca e sendo assombrada pela sua busca?

Exausta, ela paira sob o chão da catacumba... ela não quer mais lutar contra o sono e o cansaço... quer se deixar levar para sempre pela escuridão... não quer mais ser atormentada por lembranças desconexas e sonhos dispersos.

Então, ela se lembra da voz... a voz tão dolorosamente familiar que surgiu em seus sonhos... ela quase podia se lembrar da voz, mas então tudo se perdia no caos de sua mente.

Martha fecha os olhos e se entrega ao sono e aos sonhos... ela deixa aquela voz lhe guiar para algum lugar perdido do seu passado.

Pairando entre o limiar do sono, Martha, a menina fantasma sonha:

§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§

Ela está debaixo das cobertas novamente. A voz ecoando na sua mente: “Martha querida, você está bem?”.

Ela se encolhe mais um pouco debaixo das cobertas, sentido aquela presença pertubadoramente familiar perto dela.

Ela sente uma mão puxar lentamente o cobertor... e de repente a luz toma conta de tudo.

- Olá, querida...está se sentindo melhor?

A menina apenas olha para a mulher... e de repente, ela sabe quem ela é... ela é sua...

- Não, mamãe... – ela responde com voz fraca.

Ela sente o olhar da mãe sob si... um olhar carinhoso e preocupado.

- Querida, você vai melhorar... olha... (ela se cala durante um momento segurando as lágrimas e faz esforço para falar sem que a voz denuncie o seu pesar) olha, eu vou terminar de ler a sua história, lembra?

A menina faz um sinal fraco com a cabeça confirmando que se lembra... a mãe começou à contar uma história, mas ela não se lembrava quando tinha sido.

- Está bem, querida... eu vou lá buscar o seu remédio e já volto, viu?

A menina não respondeu... apenas olhou pra mãe e deu um fraco sorriso.

Quando a mão saiu do quarto ela olhou ao seu redor... viu as bonecas cuidadosamente arrumadas em cima do armário, o móvel com o espelho no qual ela gostava de brincar de se pentear e se pintar... viu as cortinas que se moviam suavemente ao sabor da brisa que vinha de fora.

E ela viu a pequena estante de livros... em cima dela, um livro de capa verde escura estava separado dos outros livros de histórias. Era o livro que ela junto com a mãe trouxe da biblioteca antes dela adoecer... sua mãe lia para ela uma parte da história todas as noites em que ela estivesse sem a febre que lhe fazia ficar fraca demais para se manter desperta.

A história do livro estava quase no fim... sua mãe ia lhe contar o final da história assim que voltasse.

A menina estava olhando para o livro de capa verde escura quando tudo começou à escurecer... mas antes que a escuridão a levasse, um vento mais forte soprou e as cortinas se levantaram alto... a luz do dia que irrompeu pela janela, iluminou todo o quarto e fez com que as letras douradas da capa do livro brilhassem intensamente.

E então, veio a escuridão que a levou para longe.

§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§

Martha despertou... despertou de um pesadelo que a atormentava à muito tempo.

Ela sabia... agora, ela finalmente sabia o que tinha acontecido com ela e o que estava procurando.

Martha flutuou e atravessou o chão das catacumbas. Ela emergiu na biblioteca. Agora ela sabia exatamente aonde ir.

Ela atravessou os mesmos corredores como fizera tantas vezes... ela nunca seria capaz de saber aonde ir sem se lembrar do que estava procurando.

Numa estante empoeirada, ela encontrou um velho livro de capa verde escura... ela o puxou lentamente e viu as letras que ainda conservavam o mesmo brilho dourado de antes.

Ela o abraçou e o segurou bem forte contra o peito... sua busca finalmente havia chegado ao fim.

Ela se sentou no chão da biblioteca e com reverencia solene, abriu o livro.

Ela folheou algumas páginas e finalmente encontrou o que procurava.

E então, ela leu o capitulo final... o fim da história que afinal, era o fim da sua própria história.

Fim

Denis Correia Ferreira

– Dreamaker –

05/03/2010-18:38

N.D.A.: Comecei à escrever essa história por volta das 16:30. A história de Martha estava perambulando na minha cabeça há tempos. Hoje, um ano e praticamente três meses depois da segunda parte e dois anos e quase cinco meses após o seu início, a sua parte final finalmente se permitiu ser contada.

Tentei várias vezes dar um desfecho à história triste de Martha. Escrevo poucos contos, pois não me considero um escritor de contos... não gosto de escrever contos, pois quando o faço, me envolvo demais com a história. Para que eu consiga escrever uma história, eu tenho que criar esses mundo e personagens... tenho que ser capaz de ver os locais para poder descrevê-los... tenho que ser capaz de me colocar no lugar desses personagens e vivenciar suas histórias para poder escrever sobre aquilo. Comigo, só funciona se for assim... tem que ser tudo tridimensional.

Então, eu me envolvo demais com isso... pude sentir o desespero e a agonia de Martha. E quando comecei à contar a sua história, não sabia como ia ser... ia ser apenas um conto pequeno e cresceu dessa maneira... levei todo este tempo pra conseguir fazê-lo, e o tempo todo, esse mundo e essa personagem estavam dentro de mim, esperando.

Espero de coração ter feito isso... ter contado a sua história bem e que ela tenha encontrado o que queria.

Estou agora mais leve... me sinto melhor. Levo muito à sério os personagens e histórias que crio... não posso deixá-los abandonados e não me importar com o que estou fazendo.

Trago mundos dentro de mim... neles, as histórias que comecei e não terminei estão esperando... mas as histórias (ao menos as minhas), tem o seu tempo certo de serem contadas... eu respeito esse tempo.

Ao menos, a de Martha chegou ao seu fim... há tantas outras aguardando.

Mas isso, é uma outra história... tudo ao seu tempo.

Aos que leram as outras duas partes, o meu muito obrigado pelos seus comentários, cobranças e incentivo... peço desculpas por essa demora.

Denis Correia Ferreira, 05/03/2010 – 18:59

Minhas desculpas à Martha também.

Terra dos Sonhos: Martha

15,23/10/2007 – 05/03/2010

Copyright © 2007,2008,2009,2010 by Denis Correia Ferreira “Dreamaker”.

Copyright desta edição © 2010 by Denis Correia Ferreira “Dreamaker”.

--------------------------------------------------------------------

N.D.A.: Bem, gente... esta foi a história de Martha. Espero que tenham gostado. Há muitas outras no blog Terra dos Sonhos e tantas outras ainda esperando o momento certo de ser, contadas. Até a próxima leitura. - Denis Correia Ferreira, 19/08/2011

Conheça outros textos inéditos de minha autoria no Blog Terra dos Sonhos:

http://sonhosdesperto.blogspot.com

Ou se quiser, digite sonhosdesperto (tudo junto) em qualquer mecanismo de busca que você encontrará o blog Terra dos Sonhos.

Caso goste dos textos e do blog, torne-se seguidor, comente e acompanhe os novos textos postados lá.

Denis (Dreamaker)
Enviado por Denis (Dreamaker) em 19/08/2011
Código do texto: T3169667
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.