A maldição do capitão do mato - Cap II A lenda entre os escravos

Entre os escravos tinha a dona Jurema. Essa senhora que tinha quase 80 anos e muitas histórias para contar, por conta dos trabalhos que realizou na lavoura fora chamada para trabalhar na casa grande a mais de 10 anos e cuidar da família do coronel João. Ela era muito conhecida por todos os escravos e tinha as mais diversas histórias. Não só os escravos paravam para ouvi-lás mas também o próprio pessoal da casa a até uns convidados que passavam por lá.

Porém, uma dessas histórias chamava mais a atenção de todos e era conhecida como "A maldição do capitão do mato". O capitão do mato era uma espécie de capataz dos donos das fazendas mais antigas e era usado para capturar e castigar escravos que tentavam fugir dos trabalhos forçados nas fazendas.

Essa lenda segundo o que falava dona Jurema era a de um desses capitães que foi vitima de uma armação por parte de uma família de fazendeiros e que prometeu se vingar não importasse o quanto tempo demora-se. Dona Jurema ouvira ainda criança sobre essa história e nunca a tirou da cabeça, toda vez que ela falava sobre isso ela até se emocionava e começava a chorar.

Esse conto se popularizou entre os escravos da região e toda vez que aparecia um capitão do mato nas fazendas esse medo ficava estampado em suas faces. Não se afirmava com certeza a veracidade dessa lenda, se de fato aconteceu algo anos atrás por aquelas bandas que fizesse com que o medo de algo muito ruim pudesse acontecer afinal, a vida parecia normal aos padrões da época e nada aparentemente poderia de fato mudar isso.

Um certo dia, nos afazeres da casa grande, dona Jurema cozinhava para o almoço quando a filha mais velha do coronel chegou para conversar:

- Jurema, que cheiro bom!!!!! O que você está cozinhando?

- Eu estou cozinhando um feijão com carne sinhá!

- Jurema, queria que você me contasse uma daquelas suas histórias.

- Sinhá, o que quer ouvir?

- Não sei, pode ser qualquer coisa, pode ser sobre a história que todo mundo fala que a senhora inventou.

- Eu inventei? Qual história?

- A história do capitão do mato.

- Há, esse povo, não pode ouvir nada, mas por que a sinhá diz que eu inventei?

- Não sei, não dá para acreditar que há uma maldição de um homem que jurou vingança, afinal, faz quanto tempo isso Jurema?

- Já faz tempo sinhá, mas digo que a sinhá não deve brincar com essas coisas, um dia ele voltará ele fará o que prometeu.

- Fará o que Jurema?

- Ele disse que iria acabar com a família dos que trairam ele por muito e muito tempo.

- Que família é essa Jurema?

- Não sei não sinhá, sei que é uma família de fazendeiros ricos.

- Fazendeiros ricos? Pode ser a minha?

- Não sei não sinhá.

- Mas por que ele quer vingança? Quanto tempo que aconteceu isso?

- Sinhá já faz muito tempo, mais tempo do que eu tenho de vida, sei que os antigos falavam, não brinco com isso, e pelo que sinto está cada vez mais próximo de acontecer.

- A vingança?

- Sim, ele está para chegar.

- Mas se tem mais tempo do que sua idade esse homem já não morreu?

- Sinhá, o corpo pode ter morrido, mas a vingança não.

- Credo Jurema, que coisa é essa que você está falando? Não quero ouvir mais sobre isso.

Assustada, Janaina sai da cozinha e Jurema argumenta consigo mesma:

- Vocês não sabem de nada, ele vai chegar e cumprir com o que prometeu. Sua familía fez muitas maldades com muita gente, muita gente ainda vai morrer por conta disso.

......continua.......

Histórias mil
Enviado por Histórias mil em 04/09/2011
Reeditado em 25/09/2011
Código do texto: T3200635
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