O covarde (miniconto)

“Naquele momento ele não teve medo”, caminhou depressa, seus pés ultrapassando um ao outro. Ele podia vê-la á metros de distância, o seu destino á sua frente. Seu coração batia cada vez mais forte, sua respiração ofegante, o suor brotando na testa e alcançando o rosto. Uma sensação louca o tomou e ele gritou aos quatro ventos o nome de sua esposa.

- Maria!

Sua Maria. O embalo se transformou em uma corrida. Thiago fechou seus olhos e pôde vê-la. Sentiu que podia voar. Ela sorria, lindamente. Naquele momento de lucidez, ele abriu os olhos e a sanidade lhe chegou como um sopro. Ele pensou em voltar atrás, mas seus pés e braços balançaram no ar. Ele havia saltado sobre a ponte indo de encontro ao asfalto quente, trinta metros sob ele. O barulho dos carros abafando seu grito que ecoava no vazio de seu peito. Em sua mente, apenas, a certeza do erro.

Maria, sua esposa, estava com câncer. Ele a abandonou por que não conseguia suportar vê-la, depois que ela estava sem um de seus seios e seu cabelo havia caído.

Os olhos de Thiago estavam arregalados, o vento encontrando seu corpo em queda livre. Segundos que acabariam com toda sua covardia. Ele bateu contra o solo. Seu corpo esmagou-se sobre o frio asfalto. Os carros pararam. As pessoas saíam assustadas. Crianças apavoradas viam através das brechas das mãos que tapavam seus olhos. Pais boquiabertos sentiam seu peito saltar, vendo o sangue daquele homem á sua frente.

Seis meses mais tarde no Hospital o jovem médico abraçava Maria em meio a lágrimas.

- Você está curada! - ele dizia, após ter salvado sua primeira vida.

Maria sorria feliz, sem um seio, sem seus cabelos, sem seu Thiago, mas tinha encontrado um novo amor na sua vida...

O amor próprio...

A todos que me lêem um forte abraço e que Deus lhes abençoe e ilumine sempre.

Sidney Muniz
Enviado por Sidney Muniz em 20/09/2011
Reeditado em 21/09/2011
Código do texto: T3231365
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