Dona Morte - Descida ao inferno (04)

Era estranho imaginar o que viria a seguir. A sala já mal iluminada terminara de se apagar em negritude, assim como minha alma. Sem luz.

O que definia os nomes constantes do 'Livro da Vida'? Jamais saberei...mas, do que me importa isso agora que estou condenado ao sofrimento eterno?

A voz ruidosa, rouca e podre da Morte pela primeira vez desde a hora da ceifa se irrompeu:

- Nunca lembrarásssss de tua morada....

Realmente, sequer sei meu nome. Apenas um rostinho familiar, branco pequenino e sorridente que insiste em apagar e ressurgir na minha mente. Um novo solavanco e meu corpo pendia perpendicular em uma direção qualquer.

Aqui tudo existe, mas nada se vê. Sinto um longo corredor em paredes que ardem cor de brasa.

- Logo alcançaremosss oss prantossss de dorrrr.... - e quanto mais fundo, mais cavernosa se tornava a voz da Morte que junto com gemidos ao longe formavam uma orquestra de pranto, desesperança e sofrimento.

Rafael do Nascimento
Enviado por Rafael do Nascimento em 10/10/2011
Código do texto: T3268536
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