O Banquete de Albert Fish

Manhã ensolarada. Familiares aguardam o convidado. Um senhor já de avançada idade — para as comparações etárias da época —, que perambulava pelas vilas camponesas. Errante solitário. Sempre portando uma roupa surrada, no entanto possuindo ar formal, quase aristocrático, porte refinado, trejeitos delicados. Num encontro ocasional, surgiu o convite do pai, o chefe da família, para um almoço dominical.

Ao chegar, já havia sido avistado de longe, o que não constrangeu um aceno, nem mesmo o leve bater na porteira de acesso. Passos lentos e firmes, caminhando no chão de terra, em direção a uma propriedade rústica e esbelta. O chefe da casa o cumprimentou com afeto, apresentou a esposa, a empregada e dois filhos, um casal de idade adolescente próxima.

Dentro, a mesa posta, todos os utensílios muito bem organizados. Após breves palavras, o convidado ofertou um recipiente que portava. Quando feito o convite, aceitou apenas com a condição de poder prover a carne, já que disse possuir farto rebanho onde costumava praticar uma pequena caça. Espantado no início, o chefe daquele sítio não se surpreendeu, pelo fato de muitos senhores gostarem desse esporte muitas vezes criticado, poucas vezes extinto.

A esposa com a emprega e a filha, se encarregaram de levar para a cozinha a carne trazida, abriram com cuidado o recipiente, procurando não desperdiçar nem mesmo o sangue. Enquanto cozinha um tanto, o que levou tempo mais desgastante e outras porções se assava ou fritava, os dois senhores dialogavam de forma cavalheiresca na varanda, sentados em cadeiras posicionadas em direção ao pasto.

Logo a emprega trouxe a notícia de que a comida seria servida, beberam um pequeno copo aperitivo para abrir o apetite. Sentados a mesa, a oração foi feita pelo chefe da mesa, em seguida, as mulheres serviram os homens, depois serviram a si mesmas. A empregada, comia de forma alcoviteira na cozinha.

A família lamentou o não comparecimento da filha caçula, criança atrevida que percorria sítios vizinhos sem rédeas, por mais que o pai tenha tentado colocá-las, chegando a quase o ponto de impor cabresto. O chefe da residência, sentiu algo estranho, os movimentos lentos, o corpo desfalecendo. Algo parecido ocorria com os outros membros, inclusive a empregada. Os olhos escureceram. Acordaram um tanto perdidos, tentando compreender o ocorrido.

O convidado estava sentado na cadeira do chefe da casa, que não compreendeu a princípio, quando quis levantar, viu-se amarrado, assim como os outros membros da família, sem exceção da empregada. Pedindo explicações, foi prontamente atendido.

— Senhor! Me sinto honrado com sua companhia e de sua família. O convite do jantar foi magnífico, a situação em que se encontram, posso explicar. O aperitivo que bebemos, que trouxe comigo. Continha certa dose medicamentosa, causando esse desfalecimento que possibilitou que eu, um velho, os amarrasse.

— Mas porque esse disparate? O que nós lhe fizemos? Não lhe fomos solícitos?

— Sem dúvida que foram, e estão sendo. Mas o próximo ato, exigiu tais medidas.

— A que o senhor se refere. — Indagou a esposa aflita.

— A senhora é tão impetuosa quanto sua filha. A pequenina.

— A conheceu?

— Claro, que sim! Um pequeno anjo. Conforme o prometido, vim a este almoço com o prato principal. Mas não lhes disse qual foi minha caça. Saibam que a iguaria é humana, tenro cardápio infantil, composto com partes de sua pequenina.

— Que absurdo é esse !?!?!? — Esbravejou colérico o chefe da casa.

— A mais pura verdade. Todos nos banqueteamos com a carne de sua preciosa filhinha. Ainda me recordo daqueles cabelos loiros, tão delicados, o perfume de bebê.

Choros, gritos, xingamentos, um tumulto verborrágico invadindo o recinto. As classes se misturaram, a emprega também se fez ouvir. O convidado retira da sua sacola, um vestidinho manchado de sangue, jogando sobre a mesa a cabeça sem o corpo. Todos estarrecidos emudeceram. E completou:

— Não sei se dessa cabecinha era possível tirar bom pirão.

O chefe, indignado, proferia ofensas até provocar rouquidão. A mão era um derretimento em pranto. O convidado levanta calmamente, puxa uma faca sobre a mesa, dirige-se ao chefe, decepando seu dedo indicador da mão direita. Mais uma vez o público ali presente é tomado de horror, choros contidos e outros mais calorosos. Aproxima-se da adolescente, toca-lhe o sexo sob a saia, não sente umidade de orgasmo, mais de medo, estava urinada. Prova os dedos com aquela urina, como mais puro gozo.

Chega próximo ao irmão, arranca-lhe as orelhas, fazendo a mãe se desesperar, ao ver a segunda cria sendo mutilada. O convidado lambe as feridas abertas e indaga:

— Será que assim consegue me ouvir?

Volta-se para o chefe, corta-lhe as calças, expõe as genitálias, castra-o de uma vez, arrancando o membro completo. Indo em direção a esposa, enfiando-lhe o órgão na boca, aterrorizando os filhos, enquanto o pai perdia sangue de forma fatal. Mais uma vez retorna ao filho, rasga sua garganta, deixando o sangue fluir, inundando aquele espaço da mesa, fazendo poça embaixo da cadeira.

Desesperada, a empregada grita estridente, o que faz o convidado dar-lhe inúmeras estocadas no peito, até que perdesse a vida. Volta-se para a filha, rasgando-lhe a roupa, deixando-a despida por completo, só adornada com as amarras nos braços e pernas. Repete o ritual com a mãe, o contraste entre imaturidade e maturidade. A jovem, com seios ainda em formação, a mulher, com volumoso busto. Aproxima-se da mãe arranca um mamilo em forte dentada, mastiga e o engole. Suga o sangue que brota, como leite materno escorrido. Rasga o outro seio de fora a fora. Por fim, crava a faca no peito, golpe fatal.

Restando apenas a jovem, deitada a cadeira no solo, com o encosto tocando o chão, as pernas da moça e da cadeira em suspenso. Usa a faca como falo, estupra aquele virgem sexo com lâmina pontiaguda. Olha para a mesa e ri ao ver a cabecinha. Entra no banheiro, toma um banho demorado. Vai ao quarto do chefe, encontra roupa adequada ao seu manequim. Veste seu elegante chapéu-coco. Segue seu caminho, ainda portando em um vasilhame alguns restos da adolescente, que imagina ser de agradável sabor no dejejum do dia seguinte.