Coma (parte 1)

-Fenômeno-

O telefone tocara em plena madrugada, ao acordar atordoado e na escuridão, era difícil para encontrar tanto o interruptor das lâmpadas assim como o aparelho que estava fazendo um barulho absurdo, até por ter se mudado a um ou dois dias para aquele apartamento; assim que finalmente encontrou o interruptor e acendeu as luzes o telefone parara de soar, deu uma olhada no número e depois teclou em RECALL para ligar de volta.

-Alô, você me ligou a pouco, quem é?

-Sou eu Adriana... Você disse para eu te ligar caso precisasse né?

-Ah sim... – disse o rapaz ainda sonolento. – aconteceu alguma coisa?

-Sim, o meu...- biiiiip biiiiiip, o telefone ficou mudo, houve um som como se pratos estivessem sendo quebrados.

Imaginando que fossem ratos, foi até a cozinha verificar, oras, era apenas um recém-formado e não tinha dinheiro para pagar um lugar melhor. Não precisou dar um passo a mais quando se aproximou do acesso, foi atingido na testa e maçã do rosto, por grandes cacos de vidro de pratos quebrados. O sangue descia por seu rosto caindo nos olhos, embora com a vista embaçada e a vermelhidão causada pelo sangue ainda poderia ver quem o atacou, isso é, se existisse alguém ali, ouvia zunidos e sons estranhos, alguns sussurro, entretanto ninguém além dele, pelo que constatou andando por toda a casa. Quando os sons pararam e tudo aparentemente estava normal, foi até o banheiro e lavou seus ferimentos antes de sair para ir até um hospital.

Quando lhe perguntaram sobre o que causara suas feridas, achou difícil de explicar, não poderia dizer simplesmente, “cacos de vidro voaram sozinhos em minha direção!”, esboçou um sorriso amargo ao invés de responder, -um acidente, sabe como é, não sou um talento na cozinha...-, a enfermeira que tratava de suas feridas que eram um tanto profundas, mesmo achando aquela estória de acidente uma mentira, por se tratar de tais ferimentos, embora tenha ficado calada enquanto aguardavam um médico.

Havia perdido muito sangue até chegar no hospital, nada com necessidade de transfusão, mas por ordem médica ele ficaria um tempinho ali, para o caso de apresentar algum sintoma decorrente de infecção.

Conforme os dias passavam, os estranhos acontecimentos se seguiam, barulhos estranhos, rangidos em todos os cantos, coisas se quebrando, a parte elétrica do apartamento entrava em pane nesses momentos. O jovem notou algo de estranho, a cada vez que havia alguém mais na casa, assim como eletricistas para reparar os danos causados pelos estranhos acontecimentos, nada ocorria, até que finalmente tudo aparentava ter cessado. Alias, ele errara ao achar que estava livre daquela situação, os piores dias da sua vida seguiriam após alguns dias de ‘paz’.

Estava realizando um trabalho, seu computador quase pedia socorro enquanto os seus programas estavam ativos, Corel Draw, Photoshop, etc; selecionava algumas imagens e criava as capas para os livros de seus clientes, seus olhos passaram por sobre uma pasta “faculdade”, clicou e abriu, recordar de alguns momentos felizes naquele bom período lhe fariam bem... ERRADO!

Abriu e começou a passar as fotos, até que parou especialmente em uma, onde sua amiga, aquela que o telefonara há tempos atrás, fato que só recordara agora ao olhar a imagem e pensou em telefonar para ela, assim que tentou passar a foto notou algo de estranho, a seta do mouse se movia sobre a foto, especialmente sobre a garota, olhou para sua mesa, o mouse movia-se como se alguém o guiasse. Levantou e se afastou, atônito, e observou a tela de seu computador, a seta moveu-se até a opção de ‘editar’, a imagem abriu-se num editor e com opção pincel a seta riscara o seu rosto, inúmeras vezes até que ele fosse irreconhecível ao lado de sua colega na foto.

Ariel Lira
Enviado por Ariel Lira em 28/10/2011
Código do texto: T3303670
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