Ratos

Ela passou quase toda sua vida sendo abusada pelo pai. Trancada em um porão.

A casa num bairro de classe alta não levantava suspeitas. Aos 8 anos ela foi notícias nos jornais e noticiários locias, pelo seu suposto sequestro e desaparecimento.

Nunca foi encontrada. Filha única de um rico casal.

Sua mãe sempre soube de tudo. Todo o dia descia para o porão, onde era muito bem cuidada. Onde tinha acesso a estudo e todo conforto. Mas sua vida era um inferno.

Psicologicamente abalada. Vivia com medo. Tinha nojo de si mesma.

E foi alimentando um sentimento de ódio pelos pais. Mas disfarçava se mostrando retraída e tímida.

Sua vida se resumia a ficar ali o dia todo no porão.

Era inteligente. Mas nunca Deixou que notassem isso.

Sua mente era perspicaz. E passava os dias maquinando uma vingança, algo grandioso, mas precisava ser na hora certa. Tinha todo o tempo para preparar e sabia quando fosse o dia certo.

12 anos se passaram. Era chegado a hora. Tudo estava preparado.

Domingo. 9:00 horas da manhã. Seus pais chegam de algum lugar. Ela sabia que ele desceria como de costume e isso a assustava muito. Era um sentimento de medo, pavor, ódio e desejo de vingança.

Ela já perdera a conta de quantos dias foram assim na sua vida, mas hoje seria o último.

Respirou fundo e ficou ali esperando como se fosse um dia normal. Encolhida no canto.

Viu quando o pai entrou. Sua expressão psicopata a amendrotava. Mas não hoje. Não podia haver falhas.

O pai se aproxima. O olhar perdido olhando para o nada. Drogado. Ela se levanta e vai em sua direção.

As mãos escondidas atrás das costas esconde uma garrafa. Quando seu pai vai abraçá-la e ferido brutalmente com uma pancada na cabeça. Cai ali mesmo de costas. Não vê mais nada.

Quando volta a si, está sem roupas, com as mãos e pernas amarradas. Ela continua lá sentada no canto do sofá. Sua expressão de calma e indiferença o assusta.

Ela fica lá imóvel. Nenhuma palavra.

De repente um assobio baixo e curto sai da boca dela.

Um rato pequeno aparece de dentro de um armário. E depois mais outro e outros mais.

São de vários tamanhos, desde bem pequenos até ratos enormes do tamanho de um palmo ou mais.

São muitos, todos ali parados, imóveis, alguns em pé sobre suas patas traseiras. Cheiram o ar, olham em volta impacientes, como se esperassem uma ordem.

Ele olha assustado, sem saber o que está acontecendo. quando tenta falar, percebe que uma fita crepe cobre sua boca.

Ela se levanta, pega uma sacola pequena de supermercado e tira de dentro uma embalagem de queijo ralado. Ele se desespera, murmura alguma coisa, mas isso não faz com que ela desista de despejar o conteúdo sobre seu corpo.

O Pai arregala os olhos em total desespero. Ele sabe o que acontecerá agora.

Ela volta para a poltrona e os ratos continuam ali.

Ela emite um pequeno assobio e aos poucos os pequenos roedores se aproximam

O homem se contorce no chão. Os ratos sobem sobre seu corpo, começando a comer o queijo.

Ele percebe que são muitos ratos, e que agora já estão sobre ele.

Pequenas mordidas dilaceram sua carne juntamente com o queijo ralado.

Ela continua lá. Ele sente o líquido quente escorrend pela pele.

Apenas gemidos. A dor saltando aos olhos. Ela quase nem o vê mais, devido ao grade número de ratos que estão sobre ele.

Passou-se um bom tempo nessa cena.

Deixando apenas no final, um corpo todo ensanguentado e disforme.

Nenhum traço de sentimento em seu rosto,

Subiu as escadas. Abriu a porta que há muito tempo não abria, entrou na cozinha e chamou sua mãe:

- Mãe, temos ratos no porão.

A mãe, mais apavorada vendo a filha fora do porão do que com os ratos, correu e desceu as escadas.

A jovem então pegou as chaves a trancou a porta. Foi até o telefone e ligou pra a polícia e os informou sobre sua vida de abusos e desgraça.

Contou tudo, inclusive sobre sua mãe ser conivente.

Deixou um pequeno bilhete onde dizia:

Por motivos de minha segurança, estou saindo sem destino, não quero ser presa por um crime, mas parte da justiça eu já fiz, o monstro está no porão. Minha mãe está lá com ele, ou o que restou dele.

Talvez vocês encontrem alguns ratos lá, mas são inofensivos.

Ela deixou o bilhete sobre a mesa e saiu. Quando estava na porta ouviu gritos e sua mãe socando a porta.

Duas quadras adiante cruzou com duas viaturas da polícia.

Pegou um táxi, foi até a rodoviária, tomou um ônibus e foi embora.

Foi viver uma nova vida.

Paulo Sutto
Enviado por Paulo Sutto em 20/11/2011
Código do texto: T3346615
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