Os Sete Selos

As escrituras eram tão confusas, os dedos corriam entres as linhas cavadas na pedra. Mas aquelas mãos aduncas não eram suas, eram outras. A luz de uma vela estava para se extinguir, e a todo custo forçava os seus olhos para decifrar o que ali estava escrito. Ouvia o som de vozes distintas se aproximando, pelos corredores frios de onde estava. Finalmente seus olhos conseguiram absorver o que ali estava escrito, com um pedaço de papel amarelado transcreveu em linhas tortas, deveria sair dali o mais breve possível, pois sentia o bafo gélido de algo que se aproximava lentamente. Quando finalmente seu trabalho estava concluindo, desatou a correr, e entre escadarias sinuosas e corredores extensos, ele finalmente chegou no que parecia o quarto. Deitou em uma cama de palha, e colocou-se a ler ;

Sete selos

Dos sete selos, sete se abriram

Das sete prisões da terra

Terríveis demônios despertaram

Dominaram em seus reinos

De fome, caos e guerra.

Da caverna mais obscura

Ao oceano mais profundo

Dos vulcões infernais

As montanhas invernais.

Os sete reinos, para sete reis

A punição aos homens tolos

O martírio de fúria e fogo...

A princípio não compreendeu o teor diabólico daquelas palavras. Súbito a porta se abriu, escancarando-se ao ranger da madeira apodrecida. Na escuridão uma neblina espessa sem fim, dois olhos vermelhos faiscaram na escuridão, e uma boca horrenda se abriu de presas luminosas. Um grito e nada mais...

Despertou a procura de ar, ofegando, a camiseta estava empapada de suor. O pesadelo do qual havia despertado parecia ser real demais, como um fragmento de memória que não lhe pertencia. Laura apenas o observara assustada, pois já havia notado o sono perturbado de Jonathan.

- O que houve? – perguntou ela – Mais pesadelos? – por muitas noites havia assistido a mesma cena, o despertar de um pesadelo confuso.

- Me de um papel, por favor, preciso escrever – disse enquanto secava as gotas de suor que escorriam pelo rosto - Dessa vez foi claro demais...

Ela lhe entregou um pedaço de papel e uma caneta, e ele logo anotou os versos que se recordava. Nos últimos meses durante o treinamento, ela havia notado a transformação do rapaz em homem, o corpo já havia ganhado força e até mesmo as suas ações inspiravam mais segurança. Mas também vieram os sonhos cada vez mais frequentes, confusos e muitas vezes perturbadores. Pegou o papel de suas mãos e leu os versos, ficou surpresa, com uma das mãos a cobrir os lábios, enquanto o observava de soslaio.

- Onde você viu isso, Jonathan? – perguntou, empalidecida.

- Não sei, apenas vi, como uma memória... – explicou-se vagamente – Por que, algum problema? – massageou a cabeça, na tentativa de apartar a dor de cabeça latejante.

- È o poema que fala sobre os sete selos, já ouvi a sua história... diz que sete reis, ou demônios iram despertar e dominar o mundo dos homens, mas eles estão aprisionados em lugares distantes da terra. Quando eles acordarem será iniciada a grande última batalha, onde os homens serão extintos. E enfim os demônios governaram este mundo. Mas porque raios você sonhou com isso, não entendo?

- Pode ser o sangue de Margot, isso também é um mistério para mim...

- Pode ser um aviso, daquilo que ainda esta por vir. Pode ser que Margot queira nos alentar algo, temos de saber mais sobre isso. A partir de agora, anote tudo o que puder sobre esses sonhos, todos os detalhes por mais tolos que sejam, esta bem ?

- Farei o possível. – disse Jonathan, reparando que ela separava armas e as colocava dentro de uma mochila – O que vai fazer com essas armas ?

- Que pergunta tola – ela sorriu – Vamos caçar.

Na garagem subterrânea, além de muitos automóveis de procedência duvidosa, haviam motos, muitas motos. Ela se dirigiu a uma em particular, uma Susuki negra.

- Esta aqui é a minha menina, uma Susuki DL 1000 V-Strom. – disse enquanto equipava-a com o seu armamento.

- Pelo jeito você entende de motos heim... – disse enquanto deslizava os dedos na pintura negra e reluzente – tem o costume de nomea-las? – sorriu.

- Chama-se Cherry... – sentiu-se um pouco tola, mas continuou - Preciso entender se quiser sobreviver em perseguições, e aquela é a sua – apontando para a outra que estava ao seu lado – Uma Harley-Davidson Electra Glyde...essa é a moto de um verdadeiro caçador, divirta-se...

Ele não conseguiu esconder a euforia de estar em uma moto como aquela. Pensou em um nome de efeito para sua nova moto, Justiceiro, parecia legal, em homenagem a um dos seus personagens preferidos. Logo os portões se abriram, e os dois adentraram a noite em seus cavalos de aço, dois caçadores, lado a lado.

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Taiane Gonçalves Dias
Enviado por Taiane Gonçalves Dias em 24/11/2011
Reeditado em 03/12/2011
Código do texto: T3354857
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