Misterio na noite, Lobos e Mitos infundados (pequenos contos)

Conto IV

A chuva estava forte, o carro não pegava de forma alguma, não podia ver nenhuma casa ou algo do tipo para se abrigar, que idéia fora aquela de enfrentar uma estrada de terra se já se armava àquele temporal... Ficou angustiado, pegou o guarda-chuva no porta luvas , abriu a porta, os pingos faziam um som alto ao bater no plástico daquela cobertura insuficiente.

Seus pés encharcados e enlameados impediam de ter um passo firme. O celular estava mudo, o céu azul escuro era de tempos em tempos iluminado por faíscas, e junto a um estrondo seu caminho era um pouco iluminado. Sentia frio, e um pouco de sono, afinal já se aproximava das 1da manhã. Ao longe vislumbrou uma pequena luz, foi tentando caminhar mais rápido em direção ao ponto, logo percebeu uma pequena casa a beira de um morro, algumas árvores em volta davam uma impressão de desleixe e abandono, mais um raio ilumina o céu.

Bateu na porta, sem resposta, insistiu por muito tempo até pressionar e descobri-la destrancada. Procurou um interruptor, foi caminhando lentamente pelo escuro, o som da chuva no telhado era forte, gritou em busca de alguém:

-Olá?! Alguém aí?

Sem resposta, foi ate onde parecia a cozinha, não havia nada que pudesse iluminar o chão a sua frente, e tropeçou em algo caído no chão. Abaixou-se e apalpou, teve a impressão de tocar um ser humano, mas, parecia muito frio para alguém que vivia, sentiu um calafrio na espinha. Deu um passo para trás e esbarrou em um móvel, o abriu e encontrou duas velas encardidas, acendeu e iluminou o chão, não havia nada...

Foi em busca de um lugar para dormir, apesar do medo, não podia enfrentar a chuva, encontrou um quarto, muito bonito, destoante quanto ao resto da casa, pois tinha tapeçarias e quadros, uma cama com cobertas avermelhadas, um móvel muito bem lustrado, e parecia limpo, ao contrario do resto da casa. Sentou-se na cama, esbarrou em um livro, a capa era negra, aveludada, no ímpeto de folheá-lo nem notou que não estava mais só...

Começou a ler, era um diário, a letra era muito bem feita, quase bordada, em uma pagina havia uma marca de sangue, e nas que se seguiam mais marcas, no fim havia uma folha branca, mas de repente foi maculada com uma gota de sangue fresco, quando levantou os olhos, viu em sua frente uma mulher de vestes negras a chorar lagrimas de sangue; ela tocou em seu rosto, olhou no fundo de seus olhos e lhe cortou a garganta...nunca ninguém soube como morrera o rapaz encontrado em baixo de algumas árvores na beira da estrada....

***

Conto V

Naquela cidadezinha de interior, já era comum nas noites de lua cheia ouvir ruídos semelhantes a uivos de animais, porem, havia algum tempo os sons estavam piorando, e o terror se disseminava aos poucos.

Na escola local era uma ótima historia entre os jovens, alguns diziam já ter visto lobos a devorar animaizinhos pela noite, outros diziam se tratar de um lobo-homem, mas ninguém sabia ao certo do que se tratava.

Milena sempre sentia algo em seu coração, como se seu peito ansiasse por algo quando os uivos começavam, sentia grande atração pelos mistérios, pelas coisas ocultas, e pelas coisas que normalmente assustavam as pessoas. Desde que um rapaz, chamado Dionísio mudara para a cidade, sentira uma atração irresistível por aqueles olhos cor de ébano, aquela voz aveludada, aquele sorriso enigmático, sentia seu corpo se arrepiar só de pensar nele, estava em todos os seus sonhos dos mais lúgubres e funestos , aos mais lascivos. Não conversava com ele,eram os dois muito fechados para se aproximar.

À noite de lua cheia se aproximava, seus olhos já se voltavam para o morro que trazia os sons do ocaso, sua alma angustiada e deprimida buscava mais uma vez respostas dentro si, mas não encontrava e como sempre dormia muito pouco, com o dia quase amanhecendo.

Então a noite chegou, com a Diana a brilhar com todo o seu magnetismo e misticismo. O relógio marcava meia noite, e os sons começaram a surgir, inicialmente baixos, até tomarem proporções assustadoras. O vento entrava pela janela, agitava sua camisola negra e seus cabelos cor de carmim , de repente seu corpo foi tomado por um desejo incontrolável de ver de onde vinha aquele som. Pulou a janela, desviando das moitas e obstáculos, foi subindo em direção aos uivos.

Sua mente estava em uma paz absorta, seus pés pareciam nem tocar o chão, alcançou rapidamente o alto do morro, e viu muitos lobos, sentados a contemplar a lua, notaram sua presença e se aproximara, cheiraram-na, lamberam-na, ela se sentou entre ele, então líder deles fez uma reverencia, se levantou em duas patas e voltou a forma de homem:

-Quanto tempo esperei por ti, minha doce Milena...

Então ele a abraçou, e ela pôde sentir o doce sabor do beijo de Dionísio...

***

Conto VI

Como poucos que compreendiam a força e o desejo de um grande amor, que parecia ultrapassar os âmbitos da realidade física, que mesmo longe os pensamentos estando um no outro era quase possível sentir o toque. Era assim o amor de Artêmis e Eliseu.

Eram dois jovens, estavam a passeio numa cidade misteriosa, cheia de historias fantasiosas e mitos infundados.

Foram a um passeio por uma floresta, com árvores frondosas, e muitas flores, na primavera tudo ficava tão alegre e colorido...

De repente o vento traz o gemido angustiado de algum animal, os dois tomados de pena vão a busca, os gemidos ia se tornando mais próximos, então aceleravam os passos, e quando chegaram viram a mais horripilante cena de suas vidas, um bebê metade lobo, metade humano sendo devorado por algo dotados de asas, como o mais cruel dos monstros. Caíram mortos ali mesmo diante daquela visão, e seus corpos foram achados muito tempo depois, com a carne toda arrancada dos ossos, e os olhos inteiramente fora das órbitas, criando assim novos “mitos infundados” para aquela pequena cidade...

T Sophie
Enviado por T Sophie em 05/01/2007
Reeditado em 26/06/2014
Código do texto: T337271
Classificação de conteúdo: seguro