“Rosinha, a Vingança”.

Desde que eu a conheci, senti uma antipatia instantânea, acho que no mundo só existe gente retrógrada.
A única exceção foi minha mãe, ela sim me entendia, até que meu pai a matou.
Ela nunca gostou dele, que sempre a maltratou.
Conseguiu interná-la dizendo estar louca.
Ele que era louco, tarado.
Assim que a internou, já colocou outra em seu lugar.
Mas eu não deixei, uma boa dose de veneno de rato despediu-a do trabalho, nunca mais vai me xingar.
Depois meu pai me obrigou a casar com Rosinha.
E casei, mas o marido era ele.
Canalha, acho que pelo meu jeito de não gostar de ninguém. Preciso pensar vou fazer um serviço.
Minha querida esposa vai matar meu pai e depois se matar.
Estou devendo isto a minha mãe.
Quando meu pai estava jantando, olhava para Rosinha , de repente olhou para mim.
Deve ter desconfiado, porque jogou o prato na mesa.
Mas já tinha comido o suficiente.
Sofreu a noite toda e de manhã morreu.
Antes de morrer contei tudo a ele e falei o porquê, de escolher o pior veneno.
Para que o caminho dele fosse o pior possível.
Tentou me esganar, mas morreu antes.
Rosinha estava com muito medo, ela desconfia, mas não tem certeza.
Não gosto dela, mas não é ciúmes é raiva.
Por ter feito o papel de moleque.
Ela disse que não gostava dele foi obrigada.
Eu concordei, parece que ela se acalmou.
O inspetor de polícia veio me perguntar se eu sabia alguma coisa.
-Inspetor falei.
– Eu estudo história, química e biologia, só Rosinha e meu pai.
Ele ficou pensativo e foi embora.
Comprei veneno em nome dela e guardei um pouco na biblioteca.
Em uma caixinha de madeira, difícil, mas não impossível de achar. À noite ela falou.
- Agora que seu pai se foi, podemos viver felizes.
Se você não gosta de mim, não tem problema, a gente pode se respeitar, não é?
- Sim é.
-Você gosta de homens?
–Você se equivocou, eu gosto do ser humano em geral.
Eu não gosto de sexo.
É diferente gostar de homem ou de mulher.
Bateram na porta era o inspetor.
-Posso falar com a senhora Dona. Rosinha?
-Lógico inspetor.
- A senhora comprou veneno em uma loja da capital?
–Nunca inspetor, só na faculdade e nunca gostei de fazer experiências.
-Esta caixinha de madeira é sua?
-Sim, é nela que guardava algumas lembranças, até que ela sumiu.
-Dona Rosinha, a senhora está presa para averiguação.
É suspeita de homicídio, de duas pessoas, seu sogro e sua sogra.
-Inspetor isto é uma mentira.
–Já sei foi você, o tempo todo.
Matou sua mãe, seu pai, só não me matou porque precisava de alguém para encobrir os crimes.
Bandido sem vergonha.
-Desculpe inspetor ela esta nervosa, vou ligar para meu advogado. -As evidências são fortes, ela realmente é a assassina.
Enquanto chorava e era conduzida, eu maquinava um jeito de matá-la mesmo na cadeia.
Agora vinha à minha cabeça cenas por mim esquecidas.
Minha mãe no quarto e eu servindo seu chá verde.
Agora velha maldita você verá.
Seu filho não tem importancia?
Só seu marido?
Tome mamãe aproveite que está quente.
  Quando saí da biblioteca para me recolher, ouvi ruídos na sala das armas.
Lá chegando nada vi de anormal.
Mas no chão alguém havia derramado algo.
Será que tem ladrão em casa?
Peguei uma espada e comecei a fazer uma busca.
Ouvi um sussurro que me arrepiou os cabelos.
– Meu filho porque fez isto com a mamãe?
O papai também está com raiva de você.
Larguei a espada e corri para a porta de saída.
Ela estava trancada como sempre, porém a chave não estava lá. Ouvi outra vez.
-Menino mau, você precisa ser castigado.
Desesperado corri para meu quarto.
Ao subir as escadarias escorreguei e caí.
Acho que desmaiei, pois quando acordei estava em minha cama.
Ao meu lado minha mãe, só com a metade do rosto, o resto estava comido pelos vermes.
Meu pai a mesma coisa não tinha mais rosto, só sabia ser ele por causa das roupas.
A empregada, sua amante também.
Ao lado da cama tinha uma mesa cirúrgica e alguma coisa borbulhava, parece que ferviam algo.
– O bebê acordou?
Exatamente na hora do chá.
 Colocaram em uma bandeja quatro xícaras onde derramaram aquele líquido.
Pelo cheiro adocicado, percebi, veneno.
-Perdão mamãe e papai, eu não sabia o que estava fazendo.
-Lógico filho vamos brindar a isto e me obrigaram a tomar vários goles.
Enquanto sentia meu estômago, esôfago e garganta sendo corroídos pelo veneno ouvia as gargalhadas de mamãe que dizia.
-Gostou filhinho, que pena, a mamãe vai dar mais um chazinho para você.
Estão todos contra mim, mas vou me vingar me aguardem...

Oripê Machado.
Oripê Machado
Enviado por Oripê Machado em 17/01/2012
Reeditado em 27/01/2012
Código do texto: T3446287
Classificação de conteúdo: seguro