"A vingança dos Anjos"


O nome da cidade, por incrível que pareça era Adrenalina.
Por ser grande produtora de soja, o dinheiro corria frouxo e todos na cidade estavam de bem com a vida. Menos Gibi.
"Gibi"
A história de Gibi não era nada interessante, filho de ninguém, apareceu do nada, não vivia de mendicância, mas da piedade pública.
Alguém passava na rua e dava-lhe um pedaço de pão, que ele comia sempre sorrindo.
Algumas senhoras beatas, davam-lhe também roupas velhas, só que ele nunca pediu, pudera ele não tinha dom da palavra.
Quando tentava falar, era um grunhido e alguns riam dele, ele ria também.
Devia ter quase dezoito anos e era conhecido de todos. Nunca houve sequer um caso que ele se envolvesse.
Paralelo a esta alma triste, mas sorridente tinha “Os Anjos da Cidade”.
Pense na nata, realmente era a nata da cidade, encabeçavam este time: Roberto filho do prefeito (Beto), José Carlos filho do Juiz, (J.C.). Rubens (Rubinho) filho do dono do cartório era em um total de oito, mas quem comandava realmente eram os três.
Com o tempo as diversões foram ficando escassas até que alguém apresentou “a maldita”, nada de mais apenas um cigarrinho para descontrair.
E eram consumidos vários cigarros.
Somados a este viciozinho inocente chegou a “coca”. Quando embalados aí começavam as barbaridades. Principalmente aos finais de semana, patrulhavam a cidade à busca de emoção.
Nessas patrulhas descobriram Gibi.
Ele dormitava em um banco de praça.
Após brincarem bastante com ele, veio a brilhante idéia.
Primeiro o obrigaram a fumar um cigarrinho!
Depois o queimaram com cigarros, depois com isqueiro e finalmente atearam fogo em suas roupas.
Quando viram o exagero era tarde demais.
Gibi apenas descansou, deveria procurar sua mãezinha ou só ficar com os anjos.
Mas o desespero e a dor foram mais fortes.
Seus gritos de Dor se tornaram gritos de raiva e ódio.
Por quê?Por quê? Por que?
Vizinhos acordaram e viram, mas por medo de ir contra o poderio do dinheiro  preferiram  se calar como fazemos hoje.
A cidade parou ante o ocorrido.
A grande peça de teatro foi ao ar.
A polícia procurando o causador, porém foi em vão ninguém viu nada e o caso foi esquecido rapidamente.
Os oito super heróis foram visitar os avós, tios, parentes enfim fugiram como covardes que eram.
Todos participaram, se foi ativa ou passiva sua participação não se sabe.
Os dias passaram, eles voltaram e tudo se normalizou. Sexta feira à noite, os heróis procuram festas ou qualquer manifestação para extravasar seus instintos.
Nada acontece até que uma música contagiante pegou a todos.
Resolveram na hora vamos para lá.
Foram e foram, mas parece que não chegavam, resolveram parar os carros.
À frente dos faróis estavam oito troncos, iguais aqueles usados para amarrar escravos.
Acharam esquisito aquilo, até que alguém falou, vamos embora.
Tarde demais, uma nuvem branca envolveu o local, tipo névoa, neblina serrada, Fog, sei lá, porém mexia com os nervos.
De repente um vento fortíssimo, arremessou-os contra os troncos.
Mãos invisíveis os amarram,  ficaram atados.
Gritaram espernearam, mas nada adiantou.
À frente deles surgiu, Gibi todo queimado, grasnando e uivando como um macaco em dança macabra.
Ele tinha tochas na mão.
Entre gritos de pavor e risos do Gibi, foram queimados vagarosamente.
Quando tudo terminou, só ficaram no local os corpos carbonizados.

Fazer o mal nunca.
Fazer aos indefesos,... você vai brigar com os anjos
E eles nunca perdem.

Oripê Machado.
Oripê Machado
Enviado por Oripê Machado em 20/01/2012
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