O rato

Estava andando na rua, ia comprar parafuso para por uma estante na parede. Na volta para casa olhei para o chão e ví um ratinho deitado, parecia cansado. Eu fiz carinho nele e ele deixou sem se mover. Parecia doente, com muita sede ou fome e muito fraco. Pequei o animal com a mão e trouxe ate a minha casa dois quarteirões dali. Suas patas encostaram nos meus dedos e ele se sentiu seguro. O rato tinha as patas trazeiras maiores que as da frente. Pareciam minusculos dedos lizos e sem pelos de uma velhinha com pequenas unhas pontudas. Ele tinha os joelhos virados para traz como os cangurus. Coloquei o animal em uma caixa de sapato. A caixa tinha um buraco na lateral, então peque outra que tiha um buraco menor. Coloquei agua em uma tampinha de garrafa. O rato não quiz. Coloquei o rato numa bacia bem alta. Coloquei carne moida ele não quiz. Coloquei grão de bico e ele não quiz. Coloqui um potinho com agua e enfiei o rato na agua. Ele saiu. Fiquei com dó e coloquei um paninho para ele se aquecer. Ele se enchugou com as patas e a boca. Lembrava um esquilinho. Ele estava docil eu fazia carinho nele e ele deixava. Ele parecia totalmente domesticado e estava calmo. Deixei ele dormir um pouco. Minha irmã chegou e eu quiz mostrar o animalzinho para ela. Ela ficou furiosa e quiz que eu me livra-se do bixo. Eu falei que ia ficar com ele e comprar uma gaiola. Ela falou dos perigos de leptospirose e eu falei que sabia dos riscos. Ela saiu de casa e foi dormir fora. Mais tarde resolvi colocar a bacia na garagem e chamar ela. Mas já era tarde e ela não quiz vir. Coloquei até pó de guaraná na agua dele, mas ele nem quiz beber. Coloquei uma tampa de remedio de complexo de vitaminas com agua. Ele encostou o fucinho e deu uma tremida. Dei bolacha de sal com gergelim e ele gostou. Comeu bastante mas parecia que queria deixar um pouco para depois. Coloquei mais um pedaço de bolacha na bacia. O rato estava calmo. Dei o nome para ele de Max. Coloquei a bacia dele em baixo da cama e fui dormir.

Comecei a ouvir alguns barulinho então fiquei com dó e coloquei a bacia metade para fora da cama. A luz estava acesa. Ele pareceu estar bem acordado naquela hora. Apaguei a luz e coloquei a bacia de volta em baixo da cama. Depois de um tempo dormindo ouvi uns ruidos. O rato estava se movendo. Achei melhor deixar ele na area de serviço. Coloquei a bacia no chão. Do lado da bacia tinha uma cadeirinho de criança de madeira e um lixo preto desses que levantam a tampa com os pés em baixo de uma pía grande. Os dois eram quase do mesmo tamaho. Em cima da cadeirinha havia um copinho de plastico com alguns gis e um esfregador verde. Ele ficou de pé e ví que tinha a metade do tamanho da bacia. Achei melhor não arriscar. Encostei a a porta de ferro e fui dormir. Ele era muito bonitinho. Seus olhinhos pretos eram meigos. Acho que é do sexo feminino. Vou chamar de .... Pirata. A Pi-rata. Acordei com uns barulhos estranhos, pareciam de gis. Liguei a luz e fui ver como estava o rato ou rata. Olhei para a cadeirinha e o copinho estava caido e amassado. Olhei a bacia. havia restos de comida, alguns cocos e o pano. Mas não havia rato. Olhei em cima do lixo e lá estava o animalzinho! Paradinho olhando para mim. Tentei fazer carinho nele, mas ele se moveu. Parecia querer sair de cima do lixo. Peguei mais um pedaço de bolacha com gergelim e dei para ele. Ele beliscou mas não quiz mais. Tentei fazer carinho ele deixou um pouco, mas se moveu. Tentei pegar o animal devagar, mas ele esperneou um pouco e eu achei melhor soltar. A mordida dele não deve doer muito mas não quero tomar vacina de leptospirose. Ele ameaçou pular fora mas estava com medo. Ficou pendurado pelas patas trazeiras na lateral do lixo, depois mudou de idéia e ficou tentando subir de volta no lixo. Comocei a arrastar o lixo com cuidado para ele não pular em mim. Ele começou a so mover em cima do lixo de um lado para o outro sem muita pressa. na metade do caminho para porta ele saiu do lixo. Começou a andar sem correr em direção a porta. Eu segui. Saiu pela porta e entrou num comodo com raquis, cadeiras e uma mesa. A porta de saida já estava aberta. Liguei a luz, depois achei melhor desligar para ele ir para a luz de fora da casa. Ele andou de baixo da mesa e subiu na rodinha de uma cadeira. Eu desviei o olho e derrepente ele sumiu. Olhei em baixo de um jornal que estava no chão e nada. Procurei em baixo dos móveis e nada. Procurei ele do lado de fora para ver se tinha saido e nada. Ele simplesmente havia desaparecido. A porta da area de serviço estava fechada. Procurei em todos os cantos e nada. Bem que minha irmã havia falado para eu não desviar os olhos dele nem por um minutos, em menos de 5 segundos o rato desapareceu. O animal era muito inteligente. Eu observava ele e ele sabia perfeitamente que estava sendo observado. Eu estudava os movimentos dele e ele estudava os meus. Ele sabia exatamente quando ficar quietinho e quando fugir. Ele deve ter vindo de uma geração de ratos que já foram domesticados ou fugido de um laboratório. Deve ter DNA humano de tantos degetos humanos que comeu e bebeu. Como pode um cerebro tão pequeno ser tão inteligente. Quem sabe minha imaginação seja verdade. Quem sabe esse rato tenha um espirito humano. Talvez seja um humano transformado em rato ou pior, um demonio em forma de rato. Quando virei o olho ele volto a ser espírito e desapareceu. Sera que nessa fração de segundos ele correu tão rapido assim e saiu por algum cano de agua no quintal? Sera que entalou no cano? Sera que pulou pelo portão dois metros de altura? Sera que se escondeu no jardim a 5 metros de distancia? Provavelmente não. Ele havia desaparecido sem deixar barulhos ou pistas. Queria soltar minha cachorra pra ver se ela rastreiava o cheiro mas minha irmã havia levado a chave do outro quintal. Quem sabe ele apareça de novo. Até agora nada. Tudo que restou foi a bacia com coco. Ele havia comido toda a bolacha, a carne moida, o pedaçinho de doce de abobora e até um dos dois grãos de bico. E em uma pequena fração de tempo desaparecera para nunca mais voltar. Era o que eu achava...