Anfíbios

Um jovem casal resolveu se mudar para o campo ao lado de um pequeno riacho, não queriam mais ter família por perto para dar palpite na vida deles, pensavam que no meio da natureza, iam encontrar sussego. Eles tinham um gato de estimação que agora teria de se acostumar ao novo ambiente úmido, no começo não queria sair de casa, mas logo entrava no meio do mato, caçando roedores e insetos.
Mary e Josh não reclamavam da vida, não tinham vizinhos fofoqueiros e o celular não transmitia sinal algum, estavam finalmente sozinhos. Porém, certa noite, uma intensa chuva gelada começou a cair no local, fazendo os dois ficarem em casa trancados, tomando uma caneca de chocolate quente em frente á lareira calorosa. O rapaz abraçava a esposa no sofá, até notarem que o animal havia ficado do lado de fora, Mary se levantou rapidamente e disse:
- Precisamos trazê-lo de volta amor!
- Não se preocupe querida, gatos são independentes, sabem se virar!
Inesperadamente ouvem o miado desesperado do felino, parecia estar sendo torturado por alguma coisa, o homem pegou sua capa de chuva e uma lanterna, indo até o riacho procurar o bicho. Sua esposa ficou em casa, olhando pela janela, o marido desaparecer na escuridão. O som do miado estava cada vez mais fraco, até seu dono iluminar seu corpo com a pele arrancada, como se algo tivesse grudado em seu pêlo e não quisesse sair. O animal agonizava, havia muito sangue escorrendo nas águas, fazendo Josh sacar sua arma e matar o gato com um tiro na cabeça. Mary ouviu o barulho do disparo e se assusta, tentou correr para a porta buscar seu esposo, mas avista sombras passando embaixo da fresta rapidamente. Toda trêmula, ela se afasta e tenta olhar pela janela, o que tinha na entrada, até um enorme sapo gordo e melecado grudar no vidro, tentando invadir a casa. Apavorada, ela pega o celular e tenta ligar para a mãe, mas não conseguia telefonar, não achava rede.
Josh ouve barulhos vindo de sua residência e correu de volta, ao sair do local, dois olhos imensos e verdes emerge das profundezas do riacho, com pequenos chifres na cabeça. Quando chegou em casa, se deparou com o lugar cercado de sapos e rãs de todos os tipos, até o telhado. Sem escolha, começou a atirar nos anfíbios, mas eram milhares, percebendo que alguns saltavam em sua direção, tentando grudar nas suas pernas. O rapaz começou a fugir dos animais no meio da chuva, chegando a cair numa poça de água suja, ao se levantar, descobre que se tratava de uma pegada enorme de um sapo gigante, nunca imaginou que existisse um anfíbio daquele tamanho. Resolveu ali mesmo recarregar seu revólver, no entanto, Mary ainda estava no interior da casa sem saber o que fazer, no meio daquele caos, se deparou com um velho quartinho embaixo das escadas que nunca entrava, ao ligar a luz do pequeno cômodo, avistou uma banheira antiga cheia dágua, abrigando milhares de girinos enormes do tamanho de um peixe, nadando velozmente de um lado para o outro. Ela gritou de medo, mas olhou um vidro de querosene e um machado pendurado na parede, imediatamente a jovem se apoderou dos objetos e trancou o quarto. Quando tentou voltar pra sala, as rãs haviam invadido o local. Chorando de desespero, Mary joga todo o querosene pela casa e atea fogo, fazendo as chamas se alastrarem pelos cômodos. Josh correu atirando nos sapos, fazendo-os explodirem, mas ao ver seu imóvel sendo corroído pelo fogo, tentou salvar sua amada, mas algo o impede de caminhar. Ao olhar para trás, uma língua pegajosa e imensa o agarrava pela cintura , era o sapo gigante do riacho, de olhos verdes penetrantes com chifres na cabeça. Josh assustado com a criatura, deixou a arma cair no barro molhado, tentou pegar devolta o revólver, mas não conseguiu, pois foi arrastado pela lama, até a imensa boca do anfíbio, que quebrou seu corpo ao meio para que pudesse engolir o homem por inteiro.
No dia seguinte, a polícia foi chamada por um fazendeiro que avistou as chamas ao longe, e encontraram o corpo carbonizado e retorcido de Mary no interior da residência chamuscada. Josh foi dado como principal suspeito do assassinato da mulher, por estar desaparecido, mas a polícia nem imaginava que o real problema era muito mais embaixo...Embaixo das águas...
Alexandre S Nascimento
Enviado por Alexandre S Nascimento em 26/03/2012
Reeditado em 25/09/2016
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