PRESENÇA DIABÓLICA

Por todos os tempos fizeram-se conjecturas a respeito de demônios e seus malefícios, estudaram mentes diabólicas, mas nunca se chegou a uma conclusão do porque se mata

um semelhante por puro prazer ou para lhe subtrair alguma coisa.

Ano da graça de 1984, em algum povoado desse imenso planeta.

A neblina da manhã deixa a mostra apenas a cúpula da velha igreja, herança ucraniana de imemoriais anos, e que pelo menos 3 dias por semana reúne fiéis e visitantes do pequeno lugarejo de 2 mil habitantes, entre povoado e área rural.

Esta manhã de domingo era especial, pois reunia na praça do lugarejo quase todas as pessoas do lugar, hoje especialmente Dona Eulália não estava.

Há 1 mês perdeu o marido em condições misteriosas, adentraram em sua casa, pouco afastada do lugarejo, roubaram as poucas economias que tinham, mataram seu marido, ocultaram o cadáver em algum lugar que não foi possível encontrar e lhe feriram um dos braços.

A Dona Eulália tinha uma particularidade, era muda e apenas por gestos descreveu ao delegado na época os momentos de horror por que passou, desde então buscas foram realizadas mas nada foi encontrado, nem do cadáver e nem dos latrocidas.

Mas o que preocupava a todos, nem era bem a morte do ancião, marido de Dona Eulália e sim os demais assassinatos com roubo acontecidos nos últimos tempos.

A pracinha era bem arborizada, com uma lanchonete na frente, e saindo dela uma rua dava para um maravilhoso lago de grande profundidade, onde faziam passeios de barcos.

Além dos locais, pessoas visitantes também, permaneciam na cidade para pescaria ou simples descanso e entre estes 15 pessoas haviam sido mortas e roubadas nos últimos 6 meses, além é claro de 10 pessoas da comunidade, mortas de maneira covarde.

As vítimas eram amarradas e fuziladas nas costas como em execuções, uma diabólica maneira de matar, e simplesmente para roubar.

Em meio a conversas e transeuntes pelo menos 2 vezes por semana, Dona Eulália vinha até o mercado para

comprar comida e ração para meia dúzia de galinhas que criava, sempre perguntavam alguma coisa a respeito do assassínio de seu marido e tristonha ela dizia em gestos que não tinha nada de novo.

A própria polícia havia feito varreduras no terreno de Dona Eulália e nas redondezas e nada foi encontrado, pobre senhora, recebia uma minguada pensão da previdência e reservava a si a tristeza e solidão daquele lugar.

Nunca permitiu que visitas adentrassem a casa, apenas as recebia na varanda, tinha como uma pessoa antiga suas particularidades que deviam ser respeitadas.

1,60 metros de altura, magrinha, cabelos brancos, usava óculos e vestidos pelos pés.

Há uns 15 dias a polícia trocou tiros com bandidos e matou 3 deles e um fugiu.

De lá pra cá mais 2 latrocínios e a polícia se reservava a dizer que estavam investigando.

___Não acho que estão nas redondezas, disse o delegado numa roda de amigos.

Numa madrugada, ouviram-se 3 tiros no centro do lugarejo, as luzes foram acessas em quase todas as casas.

Ao sair na rua viram se arrastando o único auxiliar do delegado, com as entranhas arrastando na poeira da ruazinha.

___Ele...ele.....é...é... Balbuciou o auxiliar.

___Ele quem homem? Indagaram, mas sua pupila dilatou e uma asfixia na garganta lhe travou pra sempre a voz.

Na delegacia deitado sobre a mesa o delegado com 2 perfurações no rosto, já em óbito.

Ninguém mais dormiu esta noite, além de matar os dois homens levaram todo o armamento e as comidas que possuíam na delegacia.

Na manhã seguinte tropas estaduais, tomavam posse da delegacia.

Pela frente dos soldados enfileirados, passou assustada Dona Eulália, olhou bem a todos e parece ter ficada horrorizada com os armamentos dos soldados.

Analisou um a um, passou a mão de lateral a lateral do rosto, balançou a cabeça e passou.

O interventor do lugar tomou uma decisão drástica iria investigar todos os moradores do lugar, acreditava ele que ali estava a pista para a descoberta dos latrocínios.

Em alguns lugares seriam feitas as investiduras a noite e de surpresa, mas claro era assunto sigiloso, dele e de mais 2 assessores seus.

Durante o dia seguinte nas ruas revistavam-se carros e pessoas, sem exceção, nada foi encontrado nos veículos e nas pessoas, aliás nada poderia ser encontrado, pois eram pequenos agricultores, religiosos e nem armas tinham.

A noite chegou, a tropa se armou, e deram inicio às batidas nas casas, uma a uma foi revistada no lugarejo e então seria necessário saírem do lugarejo e revistarem as propriedades rurais.

A primeira casa a ser visitada era da Dona Eulália, chegarem em frente e um habitante que ajudava avisou:

___Olha lá esta senhora é muito brava, cuidado.

Mas mesmo assim, enquanto a tropa seguiu, 3 deles ficaram para revistar a casa.

Bateram na porta e nada. Resolveram arrombar a porta, afinal era ordem judicial, teriam que fazer o serviço.

No escuro da casa em silencio absoluto entraram, acenderam a luz, na sala nada, na cozinha nada.

Neste momento um barulho lhes chamou a atenção vindo dos fundos da casa.

Encostaram-se na parede, foi quando um grito de horror dado por um dos soldados, deixou a mostra uma lâmina que transpassou seu abdômen e caiu no chão num banho de sangue.

A lâmina saiu de uma das paredes, e os tiros de metralhadora foram dirigidos para aquele local, pelos dois outros homens.

Depois da saraivada, um silencio sepulcral tomou conta de tudo...

Uma porta lateral se abriu, e o fogo cerrado iniciou-se...

Ao final mais um soldado morto e no fundo do corredor um homem de pequena estatura, aparentando 50 anos arrastava-se.

O soldado restante se aproximou, encostou o ouvido no agonizante e ouviu...

___Eles estão no banheiro...Embaixo da laje...Resmungou. Após adormeceu para sempre.

Lentamente o soldado, abriu a porta do quarto metralhado, num canto, objetos diversos, armas de grosso calibre, sobre a mesa, dinheiro, desenhos, plantas do pequeno lugarejo e uma lista de nomes e valores que estes possuíam.

Abriu um armário, uma peruca grisalha, vestidos e um par de óculos.

1 semana depois o IML retirava o corpo de um casal de anciãos debaixo da laje do banheiro...

Malgaxe
Enviado por Malgaxe em 03/04/2012
Código do texto: T3592803
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