Hospital Horror - cap. 1 - A Carta

- Rafael, ela estava muito doente, você sabe. Tem que superar, faz três anos desde a morte de sua esposa, três anos que você vem aqui e não temos progresso. - disse a psicologa.

- Eu estudei medicina pra CURAR ELA!!! PRA QUE?? Não consegui...

- Você é um médico de sucesso...

- Que não conseguiu salvar nem a própria esposa. - respondeu ele.

- Eu vou te passar para um psiquiatra, seu problema é maior do que eu pensava.

- Não seja fria, minha mulher está morta.

- Por um doença que só 2% de quem tem sobrevive. Não é culpa sua, você é médico, você sabe.

- Mas a garotinha foi. Acabamos por hoje, vou pra casa.

O caminho que Rafael Vilaforte faz duas vezes por semana de sua casa até a clinica e vice-versa nunca ajuda, ele sempre lembra porque tem que ir na maldita psicologa, e sempre chora ao volante. Seu corte no braço que agora está cicatrizando foi por isso, acabou perdendo o controle do carro, o que só fez piorar a situação. Atropelou uma menina, Talita Melo, de 7 anos, o velório dela foi feito com caixão lacrado por causa da cabeça esmagada pelo pneu do carro de Rafael.

Sempre que chega em casa da clinica ele bota os videos dele com Maria Vilaforte, do casamento, das viagens, dos churrascos em família. O da praia é seu favorito, mesmo sendo o registro da mulher onde ela está mais debilitada e introvertida com as pessoas. Só ficava de roupa, mas isso era dela, nunca foi de usar biquíni, era muito tímida e recatada, talvez pela rígida educação religiosa que teve.Rafael desligou o dvd, subiu para o quarto e foi dormir, mesmo sendo sete da noite. Por causa dos remédios ele só acordou as onze da manhã, sem os remédios ele passa a noite em claro.

Levantou da cama e se dirigiu a cozinha, passando pela sala viu que havia uma carta perto da porta. Pegou, não havia nome de quem mandou, só o nome de uma cidade, Vale Silencioso. Rafael segurou o choro, foi nessa cidade onde sua mulher morreu, na época trabalhava no Hospital Geral, depois do acontecido se mudou. Resolveu abrir a carta. Dentro uma folha da caderno, com uma mensagen escrita a mão.

"Os tempos são duros aqui, coisas estão acontecendo e só você Rafael pode ajudar, você é o melhor médico que passou por esse hospital. Precisamos de você. Eu preciso de você, o melhor homem que passou pela minha vida. Volta pra cá, volta pro Vale Silencioso, volta pro Hospital Geral, volta pra mim. meu amor. Maria Vilaforte"

Rafael reconhecia aquela letra, reconhecia a assinatura da falecida esposa. Mas era impossível, mas não pra ele. Um homem transtornado acredita em tudo.

Três dias depois Rafael já estava tendo seu primeiro dia de trabalho no retorno ao Hospital Geral. O diretor Henrque Mondego o aceitou na mesma hora, e ficou maravilhado com sua presença, já que um dia antes havia sonhado com Rafael de volta. Ele nem perguntou da carta, não tinha coragem, tinha medo de ser tido como louco. Como se já não fosse um nos últimos três anos.

Andando pelo hospital percebeu que havia uma garotinha o seguindo.

- o que foi menina?

- Você é Rafael Vilaforte. - "como ela sabe se meu crachá não ficou pronto", pensou Rafael. - Ela me mostrou uma foto sua quando eu ia no quarto dela conversar. Uma pena fosse não estar aqui. Ela era uma boa pessoa, e você também parece ser. Eu também choro por ela, minhas duas melhores amigas se foram nesses últimos seis meses, primeiro foi a enfermeira Carla Vilanova, morreu no incêndio tadinha. E dois dias depois, Maria, sua esposa. Eu gostava muito dela.

- Eu não lembro de você por aqui quando... - Rafael não disse - Mas isso faz três anos e não seis.

- Eu ia todo dia no quarto de Maria Vilaforte a seis meses. Ela me falava de você, que chorava sempre vendo os videos da praia, e que sente muito pela morte daquela menininha...

Rafael saiu correndo pelo corredor do hospital. "Como ela sabe dessas coisas?". Era muito pra sua cabeça. Entrou no elevador, lá dentro estava uma enfermeira, ela o comprimento pelo nome. Ele apertou qualquer botão, quando foi descer no andar aleatório a moça deu thau para ele também pelo nome. Por educação ele saiu do elevador e se virou pra olhar o crachá da enfermeira loira. Carla Vilanova. Se lembrou do nome, ficou parado em frente ao elevador, a porta foi fechando, a moça sorriu, sua boca começou a desmanchar, sua pele estava ficando preta e caia do corpo, ela tirou a mão que estava encostada na parede do elevador pra lhe dar thau. A pele dela ficou grudada no aço, sua mão em carne viva, o cheiro de carne queimando ficou forte, e a enfermeira pegou fogo quando a porta do elevador fechou.

Rafael estava trasntornado, quando trombou com uma mulher no corredor.

- Me desculpa eu... - Perdeu a voz, não podia ser, era idêntica a sua falecida esposa, só que mais nova, menos recatada, usava roupas sensuais e não tinha aparência de doente.

Continua no Cap. 2 - Bebês e bisturis.

Renan Pacheco
Enviado por Renan Pacheco em 15/04/2012
Código do texto: T3614737