O malvado vulto.
 

Eram quase duas da manhã, sem conseguir dormir, sem conseguir até ver a TV, Isabela vai para a cozinha aquecer um pouco de leite, por momentos ela sentiu algo roçando no seu braço, mas pensou serem coisas de sua cabeça. Respira fundo e vai até a sala liga o aparelho de som e coloca uma musica baixinho e suave.
Já estava mais calma, pensando porque ela estava já a vários dias sem conseguir dormir, relaxada ela quase dorme, mas algo a faz saltar no sofá, algo inacreditável, confusa e assustada ela se levanta.
O seu aparelho de som estava mudando musicas e com o som alterado ora baixo ora bem alto, parecia que algo invisível estava brincando com ela. Ela sem saber o que fazer rapidamente desliga da tomada todos os aparelhos ali ligados, respira fundo, mas estava confusa com tudo aquilo ali.
Se já não conseguia dormir agora é que as coisas pioraram para ela, sem saber o que fazer foi até ao seu quarto, mas não sem antes ver os meninos a dormirem e se estavam bem. Pegou num livro e tentou acalmar a sua mente, tudo era pesado, ela precisa entender o que estava passando ali, por momentos ela olha para o corredor e acha que viu um vulto passar bem rápido, assustada levanta-se e espreita para o corredor, mas nada estava ali.
O relógio já batia às quatro da manhã, o sono estava longe de chegar, mas deitou-se para descansar um pouco o seu corpo, o dia seguinte iria ser muito pesado, já meio sonolenta ela parece escutar algo vindo do quarto do Diogo, parecia que ele estava brincando com o seu carro automático que tocava e ligava as suas luzes andando sem parar.
Abre a porta e fala baixinho:
- Diogo és tu filho, não consegues dormir?
Petrificada ela olha para a cama e o vê a dormir profundamente, por momentos pensou que ele estaria a fazer de conta que estava dormindo para brincar com ela, como já o fez por varias vezes sem fim.
Pega no brinquedo e abre o local das pilhas e as retira, tremendo sem saber o que fazer e pensar, ela sempre foi de mente lógica e muito sensata, resumindo ela não acreditava em sobrenatural, fazia era piada disso.
Como não há duas sem três, logo a longa noite apronta mais uma surpresa. Já sem saber o que fazer e o que pensar, ela entra no outro quarto o João estava inquieto parecia que estava sonhando, Isabela coloca sua mão no seu rosto e ele queimava por demais. Busca o termômetro, mas ele nada acusa de febre, João começa a falar coisas sem nexo, estranhas e numa língua que ela nunca escutou.
Isabela sentia sua cabeça rebentar de tanta dor, eram coisas demais para ela absorver numa noite só, ficou a pensar no que fazer e de repente o João se levanta e agarra a sua mãe e numa voz ameaçadora, uma voz de um adulto e já bem velho e o seu rosto se alterou para algo monstruoso demais, falando:
- Tu não vais me mandar embora, hoje eu já tomo conta deste, amanha será o Diogo e depois serás tu, os três virão comigo até ao final do dia.
Isabela tremia de tão assustada, ela sabia que não era o seu filho, era algo que ela jamais poderia acreditar e sempre negava. Por momentos as lágrimas tomavam conta do seu coração entre o medo e a raiva da sua impotência de nada poder fazer, ela lutava para que o seu filho saísse daquele transe.
Lembrou-se de sua mãe ela saberia o que fazer ali, mas ela nunca a quis escutar, quanto a rezar ela nem acreditava em algo e muito menos ir à missa, uma pura perda de tempo, o menino queimava, ela respira bem fundo e tenta organizar os seus pensamentos, rápido
O espanta espíritos que ela tinha sobre a janela começa a tocar sem parar, como se fosse a avisar que ela não sonhou e que deveria estar bem acordada. Que deveria ela fazer e a quem pedir ajuda, afinal nem ela estava entendo era nada, tudo saiu do nada e numa noite só.
Abriu a janela da cozinha e deixou que o ar fresco e bem frio a fizesse sentir viva e que tudo era bem real, deixou-se ficar por ali perdida em mil pensamentos e logo já eram horas de preparar os meninos para irem para a escola.
O dia já estava mais quente, os meninos estavam bem alegres e brincavam sobre quem iria primeiro chegar ao carro. Isabela verifica se tudo está nos conformes, cadeirinhas e cintos bem apertados, o carro segue, mas os pensamentos de Isabela estão a mil, por momentos ela lhe pareceu ver um homem sentado na parte de trás do carro, ela quase bateu.
Parou na frente da escola, levou-os e ficou ali parada sem saber o que fazer por momentos ela olha aquela igreja velha, parecia quase abandonada, decida ela resolve entrar.
Caminha entre os bancos escutam-se os seus saltos pela madeira, tenta abafar o barulho, mas quase nem consegue a madeira só range e faz barulho. Olha para os lindos altares, são tantos por ali, mas existe um que lhe chama atenção, um bem especial, o da Santa Teresinha. Para ali, por momentos ela se ajoelha e pede numa fervorosa oração:
“Santa Teresinha, quantas vezes escutaste a minha mãe, quantos desejos lhe realizaste nos anos todos que ela sempre te pedia, desculpa, mas eu não sei orar, perdoa por isso, sempre fui uma descrente e uma ovelha perdida dos valores de Deus, mas se podes me perdoar e escutar o meu problema, por favor, me ajuda por amor aos meus filhos”
E lá entre os pensamentos desordenados e confusos ela coloca todos os seus medos e sua falta de fé pedindo desculpa, mas também sorrindo.
Ela se lembrou que sua mãe se estava vendo ela ali iria dizer “filha estou orgulhosa de ti e Deus também, Santa Teresinha me escutou”, bastante mais calma e confiante ela sai da igreja, já fora desta um mendigo, estende a sua mão e gentilmente ele diz:
- Senhora pode me ajudar, hoje nada comi e estou com tanta fome que o meu estomago está colado nas costas.
Isabela tira uma nota da sua bolsa e entrega o mendigo feliz lhe diz:
- Senhora, será que eu posso lhe oferecer algo, não grande valor material, mas sim sentimental, já me salvou de muitas encrencas como esta aqui, pedi e eu sempre recebi. Acho que está a precisar dela mais do que eu.
Isabela agradece o livro velho que ele lhe dá, sem olhar para ele o mete em sua carteira, segundo viagem. Faz as suas compras e volta para sua casa, liga a sua tia por momentos a sua voz lhe fez muito bem e lhe deu muita força.
O dia correu quase normal não fosse a professora de a escolinha lhe ligar dizendo que os dois meninos estavam, muito quentes, mas que não acusavam temperatura e ela já tinha colocado varias vezes os termômetros, apenas se queixavam de dor de cabeça.
Logo ela corre para ir os buscar estava aflita sem saber o que sequer fazer e pensar, mas era melhor os trazer para casa e logo veria o que fazer. Não seria um palerma armado em fantasma cruel que iria lhe meter medo, ela iria lhe fazer frente sim e iria lutar com todas as suas forças e a primeira coisa foi encher o seu coração de coragem e amor.
Leva os meninos para seu quarto, os deita, diz que não saiam dali, liga a sua TV em desenhos animados e vai fazer um lanche para eles todos eles ficam felizes por estar com a sua mãe, ela se deita com eles e como estava cansada, adormece.
A noite chegou rápido demais, com ela veio o malvado vulto, algo estava ao seu lado um cheio a enxofre e ovos podres invadiram o quarto, Isabela levanta-se preocupada demais, olhando para os seus meninos eles estavam dormindo sossegados, por momentos escuta uma gargalhada demoníaca e malvada. Rindo-se ele diz:
- O divertimento vai agora começar
A TV começa a mudar de canais e ligava e desligava tudo que estava em cima dos moveis voou pelos ares, ela apenas se baixava para não ser atingido, o frio dentro do quarto era demais, Isabela estava paralisada de medo, diria que se borrando de medo.
Sua bolsa caiu mesmo a sua frente e dela saiu aquele livro velho, mas que tinha um brilho especial, Isabela se baixa e o pega curiosa, pois se lembra das palavras do mendigo.
Meu Deus era a Bíblia, algo que a sua mãe ensinou que era muito poderoso eram uma união com Deus e uma proteção de luz. Resolvida a o enfrentar, ela se lembra da sua manhã na igreja, aquela paz e aquele aconchego de que não estava sozinha ela respira fundo e faz o sinal da cruz.
O vulto rodopia pelo quarto, fazendo os meninos levitarem e zangado abre as janelas, todo voa por ali, Isabela apenas ganha mais força e abre a sua bíblia e começa a rezar os salmos que por ali encontrava com uma fé indescritível. Parece que tudo piora, mas ela não desiste não ela sente que não está ali sozinha, sente naquele exato momento Jesus em seu coração e ganha ainda mais força.
Entre gritos, entre rezas, entre o inacreditável e a insanidade, tudo ali acontece, soltam-se verdadeiros monstros e malvados, era uma luta pesada entre o bem e o mal, mas ela jamais desiste e ora com tanto fervor que de repente tudo para ali, tudo volta ao se lugar e os meninos estão dormindo sem nada darem por isso.
Era um clarão de luz pelo quarto todo, um cheiro forte a rosas, Isabela ajoelhou-se agradecendo a ajuda do céu, pedindo perdão pela sua ausência.
A pobre Isabela aprendeu que teve que conhecer o lado negro para poder ir buscar a sua própria luz e a sua própria fé da sua real existência. Quanta Isabela não andaram por ai ainda permanecendo mergulhados na ignorância e sem alguma réstia de fé...
 
 
 

Betimartins
Enviado por Betimartins em 04/05/2012
Código do texto: T3648983
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