O Garanhão das Sombras- parte VII- O Jardim das Delícias

havia repousado, depois de horas incessantes de insônia, onde a angústia e a depressão culminaram em desenvolver alucinações desesperadoras em minha mente. Estava numa caverna imunda, onde não havia um móvel sequer. A escurião era reinante por ali. Frio cruel açoitava minha pele. Ouvi uma algazarra. Uma multidão aglomerava-se próximo do caminho estreito, logo na entrada do paço que resultava nos buracos que nos abrigavam.

- Ha,ha,ha,ha,ha... Garanhão hoje vai ser uma noite especial.

Dizia a bruxa enrugada, arrastando-se sem compromisso por todos os cantos daquela região inóspita. O seu cheiro era repugnante. Falavam ter sido uma prostituta, em vida na carne, onde fez mais de 15 abortos.

Todos a evitavam, e a desgraçada vivia nas cercanias, onde me abrigava torrando minha paciência.

- Afaste-se daqui, velha nogenta. Dar-lhe-ei um surra, caso insista em me perseguir.

A mesma ria, aquele riso de hiena e afastava-se por entre a lama e as árvores secas, sem beleza.

O grupo de guardas, vestidos de forma bizarra entrou no paço destribuindo o cajado nos corpos dos habitantes que estavam no caminho. Suas bestas abriam caminhos com as patas por entre a multidão de miseráveis.

Homens e mulheres foram escolhidos, e eu, também.

Seguimos numa roda, por entre os cavaleiros das ombras. Suas feras que lembravam cavalos selvagens, eram amedrontadores. Pediram silêncio absoluto e que ninguém proferisse uma oração.

Seguimos pela escuridão, cada vez mais para o caminho rochoso, vale a dentro. Subimos encostas, atravessamos a região do pântano. Ouvi e vi o desfile assutador de feras primitivas, pássaros de aparência grotesca, cantos agourentos.

O ar era pesado, sufocava-nos, quando ja esgotáva-mos, enfim, sinalizaram para a parada.

E, la no alto do penhasco se destacava a figura de um castelo tenebroso, encoberto por densa neblina, onde a escurião continuava pairando sobre o ambiente feito o manto endemoniado do Mestre das Trevas a encobrir a luz.

-Não pensem, vermes que foram escolhidos por serem especiais, ou por terem aqui protetores. Foram escolhidos por que podem servir, nada além. Para o caminho, em dupla, sem pressa. Na direção do portão.

Um dos que ousou fazer uma pergunta recebeu um golpe e foi ao chão.

Para onde estávamos indo, que sucederia a seguir? - Indagava-me.

Na entrada do castelo, algumas donzelas semi-despeidas nos recepcionaram, dizendo:

-Sejam bem-vindos ao Jardim das Delícias.

Enfim, depois de tanto sofrimento e tantas dores, teríamos um momento de diversão?

Leônidas Grego
Enviado por Leônidas Grego em 06/06/2012
Reeditado em 10/11/2012
Código do texto: T3709809
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