O LADO NEGRO DO AMOR

O LADO NEGRO DO AMOR

Flutuava pela brisa gelada daquele inverno opaco e enigmático ele procurava uma nova vitima. E em meio a tudo que o rodeava a tudo que lhe aconteceu e a tudo que não entendia ele se perguntava o que realmente era.

Não sabia se estava morto, ou vivo ou se estava morto vivo. Ele só sabia que tinha de ser impiedoso e imparcial para conseguir seu alimento, o sangue. Sangues puros, fluidos das virgens, para viver por mais um dia de desespero e decadência num mundo de diferenças.

O ódio o perseguia sempre, pois o ódio era fonte de sua força de coexistência. Ele foi morto pelo ódio, por isso matava por ódio e se alimentava com ódio.

Foi pelas sombras da noite e chegou á casa dela e penetrou no quarto mortiço da virgem.

Ele descobriu os lençóis que a envolvia. Ela estava deitada de lado, de costas para ele, mas ele pode ver que a pele dela era demasiado macilenta, os cabelos eram loiros quase brancos e o corpo era esguio.

Ele deu a volta na cama e fixou seus olhos negros e decadentes no rosto dela. Uma expressão de complacência e pena (de si mesmo) tomou conta de seu rosto.

Seria possível ele se apaixonar por ela?

Ele se apaixona pela imagem angelical e não entendia muito bem esse sentimento contrário ao que ele era acostumado a sentir. Um anjo poderia amar um demônio? Não, Nunca. Não

Sentou-se numa cadeira ao lado da cabeceira da cama para fitar e sentir o amor evoluir suavemente. Sentia seu peito vazio se encher de paixão, e de medo também.

Algumas lágrimas melancólicas caíram de seus olhos, pois sabia que ela não o amaria. E se amasse sabia que os dois viveriam separados por um abismo, como o abismo que há entre a vida e a morte.

Ele acabou cochilando na cadeira e logo começou a sonhar com seu anjo. Em possibilidades que só eram possíveis em sonhos.

Entrementes ela despertou com um passe de mágica chamado paixão, ou sugestão para os mais céticos. Após o susto veio a mutualidade de sentimentos porque se viu apaixonada pelo homem com as expressões mais suaves e dores que estava dormindo na cadeira.

Ela queria ver os olhos dele que liberavam algumas lágrimas em seu sono.

Ela se sentou de frente para ele, de medo que seus rostos ficassem quase colados. Ela podia sentir a respiração gelada dele.

Ele acordou. Primeiro encontrou os olhos dela que dizia “eu te amo”. Depois ela disse:

- Eu te amo.

Depois eles se beijaram, um longo beijo, então ele disse:

-Venha comigo.

Ele tentava ter esperança, mas alguma coisa lhe dizia que no fim tudo teria um fim.

Ela o observava com a pena. Seus azuis refletiam o desespero dos olhos negros dele.

- Não posso ir com você. Não posso ser como você. Eu te amo, mas somos condenados, por isso me mate.

Ela consentiu com os olhos e ele entendeu o que era amor e sabia que era a coisa correta a fazer, por amor, pois ele a amava.

Ela se entregou aos braços dele e o esquentou com seu abraço. Ele acariciou o semblante dela e olhando nas profundezas dos olhos dela viu o amor se unir num só. Em seguida ele a matou e beijou os lábios de sangue de sua virgem.

Depois que conheceu o doce sentimento, o amor foi a razão de sua vida pela eternidade.

FIM

lord edu
Enviado por lord edu em 06/02/2007
Código do texto: T371935