O Cemitério Assombrado - IV - A Menina

A despedida foi silenciosa e triste. Claricce entrou na carruagem carregando suas bagagens. Não tirava dos braços a boneca de estimação, a CIcci. Sua mãe lhe disse uma frase monossilábica, indiferente á sua tristeza. O pai dava baforadas da cigarrilha, lançou um olhar para a menina, descompromissado.

- Vai ficar tudo bem, queridinha. na escola vão cuidar bem de você.

A carruagem seguiu sem pressa. A governanta seguia junto. Beijou-a no rosto, abraçou-a e tentou lhe reconfortar.

- Queridinha, eu entendo o que está sentindo. Passei pelo que você está passando. Tive pais iguais aos seus.

-Eles não gostam de mim Janny. Querem se livrar de mim. Estão sendo cruéis. Vou ficar longe do meu quarto, da minha casa, dos gatinhos da cozinha. Nunca mais vou ver o nosso jardim. E o Lulu o meu cachorrinho...

A governanta não lhe respondeu. Abraçou-a forte e colou o seu rosto no rosto da menina. Esta lhe sentiu o calor humano, lágrimas rolavam pela sua face angelical.

Na mansão os seus pais bebericavam um vinho do Porto de adega centenária.

-Pronto, estamos livres dela.

- Estamos protegendo-a, não é verdaee?

-Sim, sabe que não podemos ter uma criança conosco.

-Vou sentir falta dela, vai pra tão longe...

-Bobagem...logo faremos uma festa e muda a atmosfera desta casa.

A lua se insinuava na abóboda celestial. A carruagem seguia pelo longo caminho decorado com pinheiros. A garotinha dormia no colo da cuidadosa governanta.

Com a aproximação da noite o cocheiro deixou o sabre que levava consigo próximo das mãos e uma arma de fogo. Agitava os cavalos para que aumentassem a velocidade - parecia temer algo.

Leônidas Grego
Enviado por Leônidas Grego em 13/06/2012
Reeditado em 14/06/2012
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