Lua Vermelha - Cap. 1

Ron e Joz andavam caçando pela noite, um deles avisou a lua cheia avermelhada e comentou:

- O que pode significar quando a lua está com aquela cor?

O outro respondeu:

- Maus agouros, acho que é isso.

E os dois continuaram a vagar pela floresta a procura de animais para banquetear na aurora, porém aquela noite não proporcionava muito e, embora a abundância da claridade da lua, nada avistavam nas penumbras feitas pela luz do luar caindo pelos vãos das folhas das árvores. Joz disse que era mau agouro e agora eles acreditam mesmo que estão de azar. Mas quando já estavam por desistir e voltar para a aldeia, eles escutam um uivo...

-Ron - falou Joz em voz baixa - Vamos pegar esse lobo, já que não conseguimos nenhuma caça, é melhor do que ficar com fome na aurora

Está louco - respondeu Ron impaciente - esses animais andam em matilha. É um perigo caça-los nessas condições, pois possuímos apenas 2 espingardas de 1 tiro. Imagine que fossemos atacados por uma matilha de lobos, mataríamos apenas 2 e enquanto estivéssemos recarregando as armas, o resto deles já estariam nos estraçalhando. Não podemos nos meter com eles, são animais ágeis e vorazes. Além disso, os lordes da aldeia não aprovariam nem um pouco carne de lobo para o almoço, por isso vamos sair logo daqui.

Eles deram meia volta e começaram a regressar lentamente em direção à aldeia. Os passos

leves para fazer o mínimo barulho possível e não chamar a atenção dos lobos. Era fácil caminhar pela floresta pois a luz avermelhada da lua clareia até mesmo as partes mais densas, mas isso não significava que os lobos não obtivessem visão melhor do território também. Quando caminharam uns 500 metros de distância, viram uma massa amorfa e imóvel no chão.

Ron – chamou Joz com um princípio de medo – o que será aquilo ali na nossa frente?

Eu não sei – Ron, que era mais velho e mais experiente que Joz, respondeu disfarçando sua preocupação, para não assustar o rapaz – vamos chegar mais perto para ter certeza.

Quando chegaram perto, constataram que se tratava de uma carcaça humana, ficando realmente apavorados, aqueles restos mortais ali, com certeza aquele pobre homem tinha sido atacado pela matilha ensandecida. Aos olhos dos dois caçadores, aquilo transformara-se mais que mau agouro, aquilo era um prenuncio de morte... até que:

Espere – Ron interrompeu o silêncio constrangedor enquanto olhavam o cadáver – nunca ouvi falar de ataques dos lobos nessa época do ano! Nesses tempos eles sempre migram para lugares onde a comida é farta.

Você não está achando estranho o jeito que esse homem foi morto – Joz olhou na direção de Ron e voltou a olhar o cadáver – parece que algo saiu de dentro dele, algo grande.

Ron abaixou-se e acendeu sua lanterna a gás, tapando as frestas para não iluminar muito.

Joz, isso é uma casca mesmo! Quem ou o que saiu daqui de dentro eu não sei, mas isso não é nada bom, vamos correr de volta para a aldeia, pois há uma presença maligna aqui.

Ron trouxe em seu bolso um saquinho de sal para espantar o azar conforme suas crendices e, sabendo ele que aquilo afastava presenças más também, espalhou em volta deles um pouco daquele sal.

Ron – falou Joz tomado pelo pavor – acho que sal só adianta para presenças negativas espirituais, nesse caso é material. Vamos fugir...

E eles puseram-se em disparada na direção da aldeia o mais rápido que podiam correr. Porém algo muito estranho saltou em seus caminhos. Um cão enorme que, hora andava em quatro patas, hora em duas, era o maior e mais feio lobo que já tinham visto. Ron disparou com sua arma na direção da criatura, porém só recuou um pouco e voltou a caminhar na direção dos amedrontados caçadores.

Joz, atire, ATIRE JOZ!!!

Porem ele não respondia e não esboçava qualquer tipo de reação aos chamados de Ron. Esse por sua vez tomou a espingarda das mão de Joz e disparou novamente, acertando na perna do enorme lobo. O monstro caiu ao chão lambendo a pata ferida, enquanto Ron tapeou o rosto de Joz na tentativa de ele voltar a si e, logo que Joz voltou ao normal, correram em direção a aldeia.

Droga – Reclamou Joz – sinto uma dor no peito, acho que me cortei.

Chegando a aldeia, bateram no primeiro rancho que viram e entraram, pedindo desculpas a família daquela morada e explicando os motivos do incomodo. Joz começou a chorar e Ron olhou perplexo os rostos dos moradores que começavam a se espantar. Ele olhou na direção de Joz, que estava com a camisa aberta no peito, e fitou os 3 longos cortes naquela região do corpo de Joz.

Aquilo me arranhou Ron, o que farei agora?...

Ron não disse nada, apenas baixou a cabeça pensando o quão rápido fora aquele maldito lobo em arranhar Joz antes dele efetuar o segundo disparo.

Até hoje, nas noites de lua cheia em que ela fica inflada com a cor vermelho-sangue, os lordes da aldeia dizem que é noite do “olho do lobo” e prendem Joz num calabouço no subterrâneo do rancho principal, e de lá, as pessoas escutam gemidos que transformam-se em urros e uivos durante toda a madrugada...

Andrios S Moreira
Enviado por Andrios S Moreira em 09/07/2012
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