O QUE FOI AQUILO?

Turma formada, alegria geral, viagem programada para todos os alunos , em um acampamento no meio da floresta. Essa foi a última cena feliz da minha vida.

Meu nome Carlos, o careta da turma. Não aceitei caçar animais para comer nos dias seguintes, tão poucos os cigarros de maconha, dos populares. Pedro, o preferido das meninas havia levado uma arma, que exibia com toda a ´macheza´ do mundo, fazendo brilhar os olhos daquelas idiotas.

Estavamos ao redor de uma fogueira, os mais sóbreos contavam histórias de terror, enquanto outros faziam sexo. Eu não conseguia tirar os olhos de uma árvore na minha frente, havia alguém ali, tinha certeza.

Acordei com o som de um disparo, o idiota do Pedro, matou um pássaro, e, exibia-o para todos como prêmio.

Alguém precisava tirar a arma dele, durante o dia ele matou vários outros animais, só por graça. Gostaria de ir embora daquele lugar.

A cerveja havia acabado, Pedro e as meninas, foram para a cidade comprar, recusaram-se me levar achando que eu iria ficar, estavam certos.

Durante a tarde observava os outros colegas de classe, as meninas se bronzeavam, enquanto os outros, bebiam o resto da bebida, idiotas.

Resolvi andar por ali.

Tudo era tão livre, as árvores pareciam conversar uma com a outras, em uma perfeita sintonia. Eu sentia estar sendo seguido, arrepiava-me todo, não olhei para trás, senti um toque de mão no meu ombro, não tinha ninguém, não tinha nada. Estranhamente o toque de mão me fez ficar leve espiritualmente, eu amava aquela floresta. De cabeça baixa vltei para o acampamento.

Já era tarde, o pessoal ainda não havia voltado, os que ainda estavam de pé, pareciam preocupados.

Já passava das 23:00, quando o farol aparecia dentre as árovores. A gritaria tomava conta, o extase pela bebida, voltei sozinho para o acampamento. Ao passar por uma árvore, algo fecha minha boca com as mãos, era quente demais;

-Saia daqui esta noite, saia daqui.

Fiquei paralizado, a coisa me solta entrando dentro da escuridão, algo de errado com os pés, voltados para trás, mais andava para frente, um cabelo ainda vermelho vivo se destacava. Estava ficando louco?

Voltei transtornado para o acampamento, quando fui pegar minha mochila para arrumar minhas coisas, uma cobra, me encarava de frente, parecia conversar comigo, não entendi sua linguagem, ela desistiu, indo embora.

Não parava de dizer para mim mesmo que algo estava errado.

Quando o pessoal voltou e me viu, começaram a rir.

-Vai embora Carlos? Seu boiola. Vai deixar de ver isso seu virgem? Dizia-me Pedro, abaixando a blusa das meninas, deixando os seios de fora.

Dei as costas correndo, todos rindo atrás de mim, não importava, não sabia para onde estava indo, mais sabia que era certo, depois de um tempo cheguei na estrada, um carro vinha ao longe, dei sinal. Não sei como dormi em casa, não sei como cheguei, minha mãe pulou na cama, me abraçando, me beijando, não conseguia entender o que se passava, ela ligou a tv.

-O grupo de jovens que acampavam em comemoração a formatura, desapareceram misteriosamente, helicópteros e viaturas foram mandados para vasculhar a área........... Dizia o noticiário da tv.

-Filho o que aconteceu? você está dormindo há 4 dias, o que houve com os seus amigos?

-Não sei mãe, não sei. Minha cabeça doia muito. Deixe-me sozinho mãe, por favor.

O helicóptero filmava o acampamento, alguém entre as árvores....

-Ali mãe, alguém ali na árvore está vendo? Ali, ali aquele menino? Ali, ali, ali?

-Onde filho?, não vejo nada, deite vai, pare de assistir isso.

Antes de dela desligar, aquilo me deu tchau. Eu o vi rir....

Eduardo monteiro
Enviado por Eduardo monteiro em 23/07/2012
Código do texto: T3793583
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