Nuances do terror

Uma goteira ao longe, pingava em um ritmos constante, que ecoava no silêncio gélido do galpão. Como o tic tac de um relógio ia empurrando as horas, sentia tudo como um mundo distante em seu transe de desmaio. Ao acordar, em um galpão escuro, amarrada, entrou em pânico, e se viu imobilizada ao tentar gritar rasgou a boca que estava costurada, fechada por pontos.

O sangue escorria de seus lábios rasgados pela abertura brusca, grunhia em desespero, não conseguia pronunciar palavras, estava ainda sob efeito de algum narcótico.

A cabeça estava imobilizada, não conseguia virar muito o rosto para ver ao redor, mas o cheiro de coisa podre logo inundou seu nariz, parecia ter algo se decompondo muito perto de si. Ficou atônita, sentia o gosto amargo do sangue, a cabeça estava pesada, e mal sentia o próprio corpo. Já não gritava, observava ao redor, se havia mais alguém a seu redor, não ouvia nada alem do gotejar constante, tentou se mexer, e descobriu que estava livre, só que seus membros amortecidos voltavam aos poucos a responder. Imóvel, de repente teve a agonizante sensação de algo mexendo em sua barriga, o pavor tomou conta de si, ao levantar o pescoço viu que em cima de si um animal morto se decompunha, com larvas fétidas se movendo sobre sua pele devoravam aquele ser. Tentou se mexer, mas ainda estava muito mole, gritou com toda a força em desespero. Em um arranco acabou caindo no chão e derramando a lama podre e fétida a seu lado, era uma mão humana, descarnada que repousava ali, sentindo repentino ânsia vomitou, e notou então que junto com o liquido amarelo que tinha em seus estomago algumas larvas saíram de sua boca, com extremo asco enfiou a ponta dos dedos, retirando as larvas vivas que andavam ali, não conteve as lágrimas e grunhidos, ensandecida gritava, de nojo e pavor!

Se viu vestida com roupas pequenas, coberta de carne apodrecida, descobrindo que sua boca tinha sido costurada com larvas dentro e seu corpo não respondia a seus comando, foi tentando se arrastar, para talvez encontrar uma saída, notou que a frente o chão estava molhado, com um cheiro fétido de esgoto. Se questionou se encararia se arrastar por tal podridão, estava fraca, dolorida e possuída por um asco extremo de si e de tudo aquilo. Tão sem explicação era que a ultima lembrança que tinha era de sair do trabalho e ter uma repentina tontura e tudo escurecer.

Tudo ao redor era úmido e sujo, escuro, a luz que entrava por algum canto era turva pois o ar parecia pesado de uma sujeira doentia. Ao observar ao redor notou um ponto luminoso, um pontinho vermelho, que contrastava com todo o resto acinzentado. Quando finalmente a razão voltou a si, sentiu ódio, pois aquilo era um aparelho eletrônico, e se viu então diante de uma câmera que registrava seu tormento. As forças voltaram milagrosamente, pois se levantou e foi andando em fúria naquela direção. Quanto notou a câmera ficava acima do lado aposto de onde estava, tendo um precipício de metais e entulho alguns andares abaixo sentiu extrema repulsa diante de tal sadismo.

O sangue seco dos lábios caia quando tentava formar palavras, mas ainda não havia precisão em seus lábios... Caminhou, meio se arrastando, até as escadas, desceu com dificuldade, chegou à base do prédio, e se viu dentre entulhos e lixo, em um local que parecia não ser usado há muito tempo. A luz do sol a cegou, e a aridez do que cercava aquele galpão a angustiou, estava longe de tudo, alguns cômodos abandonados, como depósitos pequenos ao redor do galpão, e tudo em um estado de descuido tão extremo que parecia saído de um apocalipse de destruição. E se viu, então, dolorida, faminta e sozinha: sem esperança.

Ao se sentar mo chão, e se ver em total desamparo apenas chorou, se viu uma mulher sem ação. Ouviu então o ronco de um motor, ao longe, se aproximando com rapidez. Um carro escuro parou, era um tipo de van, abriu a porta e um homem alto desceu, pegou ela pelo braço com violência e jogou seu corpo amortecido dentro da van, olhou nos olhos dela e disse:

-Fica linda com os lábios fechados, e com vermes dentro deles, assim como sua alma podre sua vadia. Mandaram te dar um recado, quando quiser roubar algo de alguém, roube sem deixar rastros, senão na próxima vez não vai te sobrar muita coisa... Ah se fosse você tomava cuidado quando for ao banheiro –sorriu sarcasticamente e enfiou uma agulha hipodérmica induzindo-a ao sono novamente.

T Sophie
Enviado por T Sophie em 23/07/2012
Reeditado em 24/07/2012
Código do texto: T3793621
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