Ainda sem título

Essa é uma história que talvez, assim que terminá-la, quero publicar. Por isso vou escrevê-la lentamente e publicar em menor escala, pois caso eu publique que graça teria pra vocês que já leram? kkkkk

Dedico para Zeni, uma leitora assídua que me pediu que escrevesse algo de terror. Não sei se vai lhe agradar, mas é o que tem pra hoje.

Leiam e critiquem, preciso de criticas.

Por favor, comentem com sinceridade. Se ficar uma bosta pode dizer que ficou uma bosta.

Abraços.

(LEMBRANDO, É SÓ UM RASCUNHO).

PRÓLOGO

17 de setembro de 2012

O local estava mal iluminado, a não ser por quatro archotes de madeira no alto de cada parede. O que dava para se notar era um salão grande, o teto elevando-se á muitos metros do chão. A atmosfera era pesada e densa, fazendo necessário muito esforço para permanecer ali por muito tempo. No chão brilhoso, estava desenhado um pentagrama, e á frente dele havia uma pequena mesa quase podre, com uma bíblia fechada em cima. No meio do pentagrama, ajoelhado sem camisa e com a calça arregaçada até os joelhos, um homem com um turbante prata pronunciava palavras em um tom inaudível. A língua que ele estava falando parecia ser algum idioma medieval, ou talvez fosse latim mesmo. O fogo nos archotes bruxuleavam e ás vezes oscilavam, deixando o salão mais escuro do que estava.

‘’A vida ás vezes é boa com uns, mas não comigo’’, pensou o homem enfim levantando-se e retirando um isqueiro do bolso traseiro de sua calça surrada. Ele hesitou um pouco antes de fazer o que devia ser feito, mas fez com coragem. Acendeu o isqueiro e ateou fogo na bíblia, em seguida a jogou no chão entre as chamas e ajoelhou-se frente ao livro, pronunciando mais uma vez aquelas palavras, só que agora mais veloz e aparentemente mais apavorado. Estava fazendo. Agora seria tarde demais para voltar atrás.

- Eu lhe entrego a minha alma com prazer, desde que sejam realizadas minhas mais ardentes vontades... Busque no meu íntimo, realize, serei seu cervo... Que os anjos queimem sem piedade, eu aprenderei a te amar, doce satã. – sussurrou sem saber o que estava falando.

Nenhuma reação.

Atordoado, ele aproximou-se do chão e encostou seu beiço no piso gelado, porém fétido. Ali já havia sido realizado os mais sinistros rituais. Ele já ouvira boatos que o demônio em pessoa usava aquele local para brincar com suas almas, fazendo-as sofrerem na carne aquilo a que já se dispuseram alguma vez na vida por pura ganância. Era o que ele fazia agora, mas era de certa forma ateu. Do mesmo jeito que não cria em Deus, não cria no demônio. Mas não custava tentar.

Seu corpo tremia todo, o que ele falou em seguida saiu quase num sussurro.

- Demônios... Cuidem de minha alma... Dê-lhe conforto... Realize aquilo que tanto anseio...

A atmosfera quase rala do salão tornou-se pesada e insuportável. O corpo do homem começou a ter espasmos, uma espécie de convulsão, mas ele estava consciente, sentindo tudo. Os archotes se apagaram e o local tornou-se um breu, a única luz sendo da bíblia em chamas, mas quase se apagando. Seu espírito parecia querer sair do seu corpo, o jogando de um lado para o outro no chão gelado. Ele tentou segurar-se nos pés da mesa, mas essa foi ao chão caindo em cima dele. Um som estranho invadiu o local e repentinamente o corpo do homem se aquietou. Ele sentou-se com os joelhos dobrados e a cabeça enfiada entre eles. O ar pareceu encher-se de alguma coisa extremamente poderosa, ele sentiu isso. Seria Deus tentando fazê-lo parar com aquilo? Mas o que apareceu no ar não se parecia nada com Deus. Uma espécie de fumaça negra deformada adentrou o recinto, fazendo o homem levantar-se assustado, com os olhos a lhe saltaram da órbita. A fumaça tomou forma de um homem com asas longas e pontudas. Ele ficou parado olhando para o chão concentrado, até que virou-se para o homem assustado, encolhido num dos cantos daquele escuro.

- Tentando correr agora? – a voz grave ressoou por todo o local, batendo nas paredes e voltando, resultando num eco assustador.

- N... Não. – respondeu o homem sem esconder seu medo.

A criatura que aparecera, se aproximou e ele pode ver que seu físico era igual ao homem normal, mas seu rosto era terrível. Ele tinha uma longa asa negra, brotando de sua carne.

- L... Lúcifer? – sibilou encarando a entidade que sorria no escuro.

- Impressionado em me ver? Não foi você mesmo que me chamou aqui? – disse com a voz firme, fazendo ressoar pelo local mais uma vez. – Você vai ter seus desejos atendidos. Vejo que é uma alma desesperada, que já tentou crer no senhor, meu pai, mas sempre foi ignorado, estou certo? – foi mais uma afirmação do que uma pergunta. – Seu ritual foi idiota, de onde tirou essa ideia? E o que é isso no seu pescoço?

O que ele tinha no pescoço era um colar, uma cruz de ponta cabeça. Ele achara o colar numa loja que vendia artigos para roqueiros, pensou que seria útil, mas pelo visto não era nada demais.

De repente a cruz pareceu queimar sua pele, tentando infiltrar em sua carne. Ele afundou-se mais ainda no chão e começou gemer, enquanto Lúcifer com a mão estendida para o corpo do homem permanecia imponente. O rapaz tentou tirar a cruz que agora lhe apertava com mais força, e sentiu suas mãos queimarem. A cruz começou pegar fogo, fazendo o rapaz ficar desesperado e urrar de dor, estava sendo fritado. Lúcifer sorria.

- Acha que com uma cruz é capaz de me invocar? – perguntou vendo que a cruz em chamas adentrava na carne do sujeito. – Eu vim por um único motivo. Você parece ser uma alma desesperada, porém fiel. Te darei o que deseja, mas você terá que fazer o que eu mandar, está entendendo?

O homem sentindo uma dor que nunca sentira antes só assentiu, e jogou-se aos pés de Lúcifer para fazê-lo parar, mas esse recuou e deu uma ardente gargalhada. Ele quase ficou surdo pela força que a voz daquele demônio emitia.

- Por... Favor... Pare...

- Só mais um pouquinho.

Enfim ele sentiu a pior dor de todas, como se sua pele estivesse sendo rasgada, e percebeu que ela realmente estava sendo rasgada. A cruz estava infiltrando em seu corpo, e logo ele percebeu um volume por baixo da pele, com o formato da cruz, mas agora a dor era menos intensa. A área do seu peito ficou totalmente queimada, com a cruz em chamas por debaixo da pele.

- Agora é hora do show. – anunciou Lúcifer.

O salão pareceu tremer, e os archotes despencaram de onde estavam. Realmente estava tremendo. Lúcifer fechara os olhos e começara pronunciar coisas indistinguíveis. O rapaz guinchou de uma vez para frente e sentiu sua alma querendo fugir do próprio corpo. Ele tremia compulsivamente e perdera o controle de si mesmo. Agora era Lúcifer que o controlava, manejando seus braços para cima e para baixo, fazendo o corpo do rapaz levitar e cair violentamente. Contra sua vontade, sua boca foi aberta e uma grande quantidade de sangue jorrou, parecendo que estava perdendo todo o sangue do corpo. Realmente era isso que estava acontecendo, Lúcifer não só estava pegando sua alma, como estava transformando-o num demônio. Depois que o sangue todo saiu, foi a vez de sua alma sair por sua boca escancarada, atingindo um ângulo inimaginável. Uma luz ofuscante inundou o local, mas não tirou a concentração de Lúcifer que permanecia parado, realizando sua mágica. Logo a luz se apagou e uma fumaça parecida com a de Lúcifer quando ele chegou, entrou num baque violento pela boca do rapaz, fazendo-o guinchar mais uma vez, só que agora já não sentia mais dor.

Tudo parou de repente. A voz de Lúcifer inundou o local novamente.

- Pronto, agora você é meu.

Eles não tiveram tempo de dizer mais nada, quando um som atingiu novamente o local, trazendo um brilho ofuscante consigo. A temperatura tornou-se extremamente quente e o rapaz sentiu a cruz queimar mais uma vez, gemendo de dor. A forma de um homem, só que aparentemente feito de fogo apareceu, indo logo na direção de Lúcifer.

- Iblis... – sussurrou o arcanjo.

A criatura nada fez, a não ser aproximar-se do rapaz que olhava tudo aquilo atento.

- Ele é meu! – gritou Lúcifer.

- Tem certeza? – falou uma voz grave que parecia sair daquele fogo. – Você usou um ritual meu, e o transformou num demônio muito relativo á mim.

- Esse ritual não é seu!

A figura de Lúcifer então dissolveu-se e transformou-se num animal gigantesco, parecido com um urso, só que três vezes maior, e com os olhos flamejantes. Suas garras eram enormes e brilhantes. Ele urrou fazendo o som ecoar por todo o local, mas o outro demônio permaneceu parado.

- Não é se tornando um cachorrinho que vai me assustar, Lúcifer. Resolvemos isso em outro lugar.

Antes de se dissolver mais uma vez, o homem de fogo encarou o rapaz e o envolveu num abraço, fazendo sua pele crepitar, mas quando se afastou o homem viu que nada havia acontecido. Em seguida ele sumiu, deixando só o animal, urrando de raiva. Lúcifer voltou a sua forma e sorriu mais uma vez para o rapaz antes de sumir também, dissolvendo-se numa fumaça negra.

O rapaz permaneceu só, encolhido no canto e assustado com tudo o que acontecera. Sua ganância falara mais alto, mas conseguiria tudo agora?

Sua desgraça acabara de começar...

Espero que tenham gostado, talvez eu poste mais partes dependendo dos comentários.

Fernandes Carvalho
Enviado por Fernandes Carvalho em 17/09/2012
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