Sangue por Todos os Lados

Sangue... sangue por todos os lados.

Sangue nas paredes, na cortina, na capa do sofá. Capa que me custou exatos 72 reais na feira de móveis usados. O tom vermelho contrastou de uma forma intrigante com o azul da capa do sofá. Capa esta que me custou 72... ou seriam 73 reais?

Droga. Odeio me esquecer das coisas. Onde eu estava mesmo? Ah sim... Sangue... sangue por todos os lados.

Vejo muito sangue mas não vejo nenhum corpo. Não vejo um corte ou um ferimento. Não vejo vítimas, assassinos, ladrões nem nada parecido. Se houvesse um ladrão ele teria levado meu abajur. Lindo abajur com as faces formando uma espécie de guarda-chuvas de cristal, com pêndulos cristalinos na ponta. Quanto eu paguei por ele mesmo? Droga. Odeio me esquecer das coisas.

Nossa, olha o carpete. Carpete lindo de manta com três cores diferentes formando uma espiral no centro. Cheio de sangue, droga, olha quanto sangue. De onde será que vem?

Peraí. O que é aquilo atrás do sofá azul cheio de manchas de sangue? Que desperdício de dinheiro... sangue mancha sabia?

Está reluzindo, brilhando, ofuscando minha visão...

É uma faca. Rá! Acho que finalmente achei a arma do crime. Será que houve algum crime?

Ei! Um corpo caído. Nossa esse rosto parece familiar. Onde será que eu vi ele antes?

Deixa eu tentar me lembrar... Abajur cristalino, 72 ou 73 reais, faca... JÁ SEI. Esse é o meu rosto.

Sou eu que estou deitado com o abdômen aberto e as tripas no chão... Como eu não me lembrei disso antes?!

Droga. Odeio esquecer das coisas.

Álisson Zimermann
Enviado por Álisson Zimermann em 25/09/2012
Código do texto: T3900601
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