sobrevivente

Quanta saudade do meu filho, fui ontem a entrada do quarto dele,mas não consigo entrar, meus olhos enchem de lágrimas,morreu tão pequeno! Minha mulher Clara nunca se recuperou. Fico o dia todo me perguntando o que acontece com as pessoas quando morrem?

Às tarde de sabado desço à rua para comprar jornal, a banca de jornal ainda fica na esquina,desisto, o jornaleiro não me dá atenção, as pessoas não reparam mais nas outras, não quero ler jornal, vejo as crianças briancando, como aquilo me dói, dor, é a unica coisa que liga agente ao mundo, o resto é fantasia, nem sei se quero que minha vida acabe, pois sentir essa dor me conforta.

Clara viaja pelo mundo, não quer nem entrar na nossa casa, lá tudo anda frio,gelado, mas o quarto de Marcos não entro,com disse, não consigo entrar ,fiz uma oração na noite de ontem, quem sabe Deus esta ouvindo.Alguém me perguntou, você acredita em Deus?Que pergunta difícil de responder,se me disserem se eu acredito no Deus do cajado,não, eu não acredito,mas nesse mundo nenhuma pessoa consegue negar Deus, não só acredito com espero que ele exista.

Trabalho no supermercado, sou o gerente de um setor, sempre fui eleogiado, nos ultimos dias, somente os estranhos falavam comigo,pessoas qeu eu não via á muito tempo, todos me olham com pena, pensavam: o homem que teve o filho atropelado,esse sou eu? Tive meu filho atropelado?Não sei mais, nem me lembro onde estava no dia que Clara chegou corrento dizendo:"Felipe, Marcos sofreu um acidente ", foi assim mesmo?Não me lembro mais.Acho que foi nesse dia que eu estava com um brinquedo na mão, carro de controle remoto que tinha comprado para ele.Marcos havia me pedido aquele carro alguns dias antes, havia dito não, você tem que ir bem na escola,que estupidez!Não pude atender o pedido do meu filho, afinal escolas são tão cruéis! Quem não percebe a crueldade dos contos de fadas? Onde a menininha sempre perde o pai depois a mãe,fica órfa, depois é criada pela madastra.Escolas esperam demais de crianças que só querem brincar.

Uma tarde de Sabado, foi agosto, dia quinze , Meu filho Marcos entrou com uma senhora idosa,simpatica e baixinha, não conseguia me lembrar de onde conhecia aquela senhora, o certo é que eu tinha uma enorme simpatia por ela.Marcos estava vestido com a roupa do Batmam que comprei para ele,tenho certeza que era ele, a senhora que acompanhava Marcos,deveria ter uns cinquenta anos brincava como se fosse o neto dela, segui os dois, moravam em um sobrado, no segundo andar, tentei telefonar para Clara para dizer que o nosso filho estava vivo,ela não atendeu.

Seguia a senhora e o neto, possivelmente, até o sobrado todos os dias, mas eu tinha visto o meu filho morrer, então quem seria aquela criança?

A sexta feira santa, eles não vieram ao supermercado?Também não sei o que eu estava fazendo ali, fiquei esperando do lado de fora, o supermercado estava fechado, fui até o sobrado andando, nenhum movimento, talvez eles fizessem o repouso da sexta feira, no sabado o supermercado abriu, ela apareceu, sempre a seis horas, resolvi me aproximar queria conversar com ela,afinal aquela senhora agia como se fosse avó do meu filho, ou não era ele?

-Olá,sou o gerente, estão gostando do supermercado?

Ela respondeu balançando a cabeça, não houvi palavras, mas escutei ela falar, anda Marcos vamos embora,disse puxando o braço do menino.

Os dias estavam me consumindo, olhava aquela mulher com o neto tão parecido com o meu filho, quem seria, qual o nome dela.

Certo dia, parado na vizinhança, uma senhora perguntou.

-O senhor não é gerente do supermercado que morreu no acidente de carro com sua mulher, não é saldavel ficar por aqui, eu morri ontem,só quero ver o meu marido ser preso, depois vou para onde tenho que ir, aquele safado me matou, quero ver se vai pagar?

Olhei bem para aquela mulher, era parte decomposta, na sua face ainda havia vermes,eu não tinha entendido, procurei o espelho para ver minha face, metade já era caveira, outra metade estava comida pelos vermes, havia morrido, Marcus era um sobrevivente,vivia com avó,eu e Clara morremos no acidente de carro,Clara tinha acitado tudo, eu ainda vagava.

JJ DE SOUZA
Enviado por JJ DE SOUZA em 29/09/2012
Código do texto: T3906729
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.