O Rapaz Do Cemitério - Parte 1, 2 e 3 .

Irei por a parte 1 e 2 para aqueles que não se lembram da história.

Desculpe a demora para a continuação.

Boa leitura !

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Parte - 1

Passo em frente ao cemitério, ouço alguém chamar meu nome não dou muita importância, continuo andando. Novamente chamam meu nome.

Olho para traz, ninguém na rua, olho em direção ao cemitério vejo um rapaz ao lado de uma árvore que chama atenção acenando com a mão.

Resolvo continuar andando é perigoso ficar na rua a noite, e não faço ideia de quem era o tal rapaz.

Finjo que não vi e continuo caminhando, ouço chamar mais uma vez meu nome, apresso os passos para chegar mais rápido em casa.

Passo em frente a uma casa abandonada que me causa arrepios. Abro o portão de casa, pego as chaves e destranco a porta.

Não vejo ninguém acordado, meus pais devem estar dormindo.

Vou até meu quarto e tento pensar em quem seria o tal rapaz, o sono chega e adormeço.

O despertador toca, dou um pulo de susto , corro tomar banho e escovar os dentes. Olho para o relógio e vejo que meu ônibus tá quase passando no ponto, pego um pão e vou comendo na rua mesmo.

-O homem não vive só de pão, tem que se alimentar direito - resmunga minha mãe enquanto prepara o café.

-vou perder meu ônibus - respondo com a boca cheia. enquanto pego a bolsa em sima do sofá.

-Mas de novo ? e não fale de boca cheia ! - reclama enquanto faz uma cara feia, poderia até ter rido da careta que fez mas estava sem tempo.

-Infelizmente sim, e tenha um bom dia porque eu vou passar sono o dia inteiro -faço que mando um beijo e corro até chegar ao ponto de ônibus.

Quando chego lá, o ônibus está acabando de chegar no ponto, aceno com a mão avisando para me esperar.

Logo que chego no trabalho, Larissa vem e me chama de morta por causa da cara de sono e das olheiras, trabalhar de manhã e ir a faculdade a noite não é nada fácil.

Após terminar meu expediente corro me trocar, a faculdade fica a umas 9 quadras da lanchonete onde trabalho de garçonete, recebo uma mixaria que só serve para pagar a faculdade e comprar algumas coisinhas que preciso. Meu pai só me ajudou a arranjar emprego, me diz pra ser independente porque não quer nenhum filho montado em suas costas.

Corro até a terceira quadra, na quarta o cansaço começa a tomar conta de mim, paro um pouco e novamente corro até a sétima quadra, fico sem fôlego e ando um pouco devagar o suor já pinga de minha testa e meu corpo me cobra descanso.

Ao chegar na faculdade, vou até o bebedouro que tem lá e bebo água que parece não passar minha sede, vejo alguns conhecidos e pergunto se não era eles que estavam no cemitério a noite, todos me respondem não.

Fico encabulada, seria algum maniaco atras de sua nova vítima ou algum ladrão ? Mas como sabia meu nome, será um vidente ?

-Vidente? vê dente ? - rio de meu devaneio, e dirijo-me para minha sala.

Na aula inteira fiquei pensando em que iria fazer, não tinha como não passar em frente ao cemitério , e nenhuma de minhas amigas moram perto de mim.

Chega a hora de ir, pego o ônibus que de noite fica mais vazio, o ônibus chega no ponto .

-O jeito é descer ! - penso comigo .

Me aproximando do cemitério, olho para a árvore onde o rapaz estava e fico aliviada por não vê-lo lá.

Ouço alguém me chamar, olho para trás ...

xxx

Parte 2 -

Olhei para traz e ... corri em desparada, corri corri corri, e nem olhei para traz .

Ah querem saber o que que eu vi ?

Eu vi o tal rapaz, ele estava com algo na mão, é claro que o melhor a fazer é correr mesmo.

E se fosse uma arma? e se fosse uma faca? e se fosse uma arma e uma faca? tantas possibilidades.

Ao chegar em casa não quis nem saber de pegar as chaves na bolsa, quase quebrei a porta de tanto bater, fiz uma gritaria que acho que deveriam ter ouvido lá na china.

-Mãe abre a porta ! tem alguém querendo me matar ! abre a porta mãe - berrei e nada ouvi, de relance olhei para traz, resolvi pegar logo a chave da bolsa e destrancar a porta de uma vez.

Se fosse para ter morrido, já teriam me matado e meus pais nem iam ver, entrei com o humor do cão dentro de casa.

Olhei em todas as janelas vendo se não teriam me seguido, fui até o quarto dos meus pais ver se tinha alguém vivo, e estavam.

Após isto caminhei até meu quarto e sentei na cama pensando o que iria fazer na manhã seguinte, iria correr? iria ir armada? e se não fosse um bandido? e se fosse um mendigo pedindo esmola? e se o mendigo fosse comer meu cérebro? novamente muitas possibilidades!

Troquei de roupa e fui dormir, acordei com o despertador tocando, levantei da cama e fui fazer o que fazia todas as manhãs, tomar banho e escovar os dentes.

Desci e sentei-me na mesa onde estava meu pai tomando café.

-Bom dia ! - falou meu pai enquanto tomava uma golada de café.

-Sabiam que iam me assaltar ontem e vocês nem ouviram eu gritar pra vocês abrirem a porta? - perguntei enquanto pegava um pão como sempre.

-Se você não fica-se até de noite na rua, isto não aconteceria- respondeu meu pai ponhando a chicara de café em sima da mesa.

-Se você me ajuda-se ,isto não teria acontecido .

Meu pai só olhou para mim e nada respondeu, mamãe entrou na cozinha.

-Que milagre você por aqui filha - disse minha mãe enquanto esboçava um sorriso.

-Já estou indo, tenha um bom dia,porque hoje a noite eu não sei se conseguirei voltar para casa inteira,tchau-disse-lhe enquanto me levantava da mesa .

Minha mãe ficou sem entender o porque, vi que um sinal de interrogação estava a brotar em sua expressão, peguei a bolsa e corri para o ponto de ônibus.

Novamente a mesma rotina:

Chego no trabalho Larissa vem e me chama de cara de morta,o expediente acaba, corro por nove quadras correndo e parando, não consigo me concentrar na aula, fico pensando que se morre-se não iria perder nada.

Termina a aula, vou para o ponto de ônibus, que logo chega, está quase vazio a noite, chega a hora de descer. Não vejo outra opção, passando por frente ao cemitério logo esperando alguém chamar meu nome.

-Ei ! - diz uma voz que não consigo ver de onde vem.

Paro e olho para todos os lados, olho para meu lado esquerdo e vejo que algo sai do meio daquele breu .

Corro ou fico? corro ou fico?

Novamente vejo que tem algo em sua mão.

-Não me mate, eu tenho filhos para criar, meu pai tá doente ! - me sobressalto, juntando as duas mãos fazendo como se pedi-se bença.

-O que?... que mentira mais deslavada hein!- fez uma breve pausa e continuou - eu sempre te vejo passar e nunca te vi com uma criança e olha que já vejo você passar a muito tempo- disse mostrando o que levava na mão .

-Mas eu nunca te vi, e porque está com uma flor murcha na mão?- pergunto juntando as sobrancelhas .

-É um presente de uma pessoa, porque correu ontem?

-É que eu pensei que você fosse um mendigo, comedor de cérebros e achei que você fosse um... a deixa pra lá, porque fica no cemitério?

-Eu moro lá!

-Ah não me diga que mora em um caixão?

-Mas... eu moro em um caixão!

-Ah não me diga que é o.... - fiquei em silêncio buscando em minha memória pra me lembrar se ele tinha dito oque disse !

-Eu tenho que ir, com licença, já está tarde vá para casa ! - disse-me enquanto caminhava em direção ao cemitério, balançando a flor murcha que levava na mão.

Sem entender direito o que ocorria, resolvi fazer o que fazia de melhor que é : correr e correr e correr !

Cheguei sem fôlego em casa, pensa que eu bati na porta? desta vez não, peguei a chave destranquei a porta, vi que o breu tomava a conta da casa, com medo de acender a luz e encontrar o que não deveria .

Mas pensei, ou entro e acendo a luz, ou fico aqui fora onde tem perigo e mortos... e mortos?

Entrei e acendi a luz.Todos se levantaram e gritaram :

- Surpresaaaaaaaaaa!

-Aí meu coração !- só lembro de ter dito isso e desmaiar, não lembrava nem que era meu aniversário ...

xxx

Parte 3 -

Ao acordar vejo que já é manhã, e que estou deitada em minha cama.

- O que aconteceu ontem mesmo? - pensei ,pensei e pensei - lembrei, cheguei em casa disseram surpresa e eu pof no chão - ontem eu deveria estar muito cansada e dormi .

Desci as escadas e procurei a mãe na cozinha onde só encontro meu pai tomando café.

- Que coisa feia Mirela, todo mundo veio festejar seu aniversário e você desmaia - disse meu pai enquanto se virava para mim.

-Eu me desculpo com eles depois, certo? - isto era a única coisa que ele fazia tão bem, que era reclamar - agora onde está a mãe?

-onde mais você acha que ela está? - perguntou ele , levantando a sobrancelha.

-China? - sai ligeiro da cozinha logo iria receber um sermão por te-lo respondido. E estava sem tempo para uma discussão.

Fui para o quintal e a vi estendendo as roupas.

- eu não tinha dito que não queria festa de aniversário?- disse enquanto a ajudava a estender a roupa.

-Você não tem querer mocinha, e era uma data especial filha tinhamos que comemora-la - respondeu ela.

-Como ficaram quando eu desmaiei? - perguntei.

-Um pouco preocupados, mas a festa continuou - disse ela enquanto pegava a bacia.

Sai dali bufando, como pode a aniversariante desmaia e eles continuam a festa sem ela.

Puxa vida, ao passar pelo corredor que dava para a sala e a cozinha vi o relógio na parede.

-Meu deus ! -gritei com as duas mãos na cabeça .

Corri me arrumar, estava atrasada fazia 20 minutos , se o chefe visse o que iria dizer , que estava muito ocupada dormindo?

Desci as escadas ,peguei um pão e sai mastigando, corri para o ponto de ônibus e para piorar meu dia, o ônibus estava ali e a porta estava se fechando.

Acenei tanto para o ônibus que poderia ter tirado meus braços fora do lugar.

Mas para minha felicidade ele parou, e todos desceram do ônibus assustados.

Não entendi o porque e me aproximei da aglomeração que estava se fazendo em volta do peneu do ônibus.

O susto que levei ao ver que debaixo da roda estava uma poça de sangue e podia-se ver o pé uma criançinha.

E ali estava a desculpa que eu daria a meu chefe, logo a ambulância chegou e estava a tirar a criança debaixo do ônibus, alguns estavam a chingar o motorista e outros estavam a olhar assustados a criança.

E vi perto da ambulância uma mulher a chorar e se descabelar, logo imaginei que deveria ser a mãe da criança.

Fui a pé mesmo para o serviço, deve pensar que não tenho coração, mas o que iria ficar fazendo lá não ajudaria em nada ficar olhando.

Meus pés já estavam dormentes, entrei na lanchonete e Larissa vem me dizendo que hoje eu não parecia morta, mas sim uma morta-viva.

Poderia ter arrancado a lingua dela para fora, mas tinha algo mais importante a fazer.

Bati na porta da sala do chefe, que me mandou entrar, contei sobre o ocorrido e ele disse que se eu pagasse hora extra ,estava tudo certo.

É claro que aceitei, mais fiquei sem descançar no sábado, pois fazer hora extra em dia de semana não ia dar por causa da faculdade.

Ao terminar o expediente corri me trocar, realmente tudo era uma correria, se duvidar eu corria até nos meus sonhos.

Depois que me troquei ,fui correr as 9 quadras até chegar a faculdade.

Cheguei lá tão cansada que todos os ossos de meu corpo estalavam, tentei prestar o máximo de atenção na aula.

Chega a hora de ir, e vou me "arrastando" até o ponto de ônibus, entro e sento .

E foi aí que me lembrei do cemitério, mas talvez eu tenha ouvido errado sobre morar em cemitério, e dormir em um caixão.

Quando o ônibus chegou ao meu destino, desci e fui caminhando como uma lesma .

Ao passar em frente ao cemitério , vejo o rapaz do outro lado da rua, que me vê e vem ao meu encontro.

-Não parece bem - disse ele.

-É... - como pode ele dizer aquilo, se quem andava pálido igual a um morto era ele e não eu, morto? - onde você mora mesmo? - perguntei

-No cemitério como já tinha te dito antes - respondeu.

-Vou ser direta está bem? você é um morto? - perguntei temendo a resposta.

-Morto? eu? imagina - disse ele quase gaguejando - criativa você hein ! - terminou.

-Não está mentindo? pode me dizer - perguntei novamente.

-Não, não -disse ele olhando para o chão.

-Mas você tinha dito que dormia em um caixão - disse fazendo um gesto apontando o dedo para o cemitério.

-Não pode apontar o dedo nasce verrugas ! - disse ele voltando a olhar para mim.

-Este é o menor de meus problemas - continuei com o dedo apontando para o cemitério - você não respondeu minha pergunta !

-Caixões são confortáveis, sabia? - disse ele.

Um arrepio percorreu a minha espinha, quase me deixando muda.

-A curiosidade matou o gato, se tem medo da resposta porque pergunta? não seria melhor deixar isto em branco? - continuou ele - concorda comigo?

-Sim, me desculpe eu respeito você mesmo você sendo morto - deixei escapar a palavra morto, se estivesse com uma arma na mão eu teria dado um tiro em minha cabeça.

-é... - disse ele e continuou - vou indo ,se cuide viu? cuidado com o tal mendigo comedor de cérebros - e lá foi ele em direção ao cemitério balançando a flor que levava na mão.

Andei despreocupada pela rua, as pessoas deviam me respeitar mais pois era amiga de um defunto, ri de mim mesma ao pensar aquilo.

Quando estava a passar em frente a casa abandonada, fiz a pior besteira de minha vida.

Que foi olhar para a casa e pior ainda, ter olhado para aquela janela que vivia aberta.

-JESUS ME SALVA - gritei gaguejando ao ver que na janela estava .........

Continua !

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Obrigada por lerem !

Um grande abraço a todos !

Jessica Alana
Enviado por Jessica Alana em 21/10/2012
Código do texto: T3944606
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