A Vingança do Velho Feiticeiro

A VINGANÇA DO VELHO FEITICEIRO

Ninguém na cidade gostava de ouvir ou lembrar das lendas que falavam do velho Vizir que morava no alto da colina. Os mais velhos diziam que Vizir já estava morto desde quando eram crianças. Mas as outras pessoas o odiavam porque sua história era estranha e ninguém a conhecia, exceto os anciões da cidade. O que sabiam era do medo que causava quando aparecia nos contos orais que os mais velhos contavam.

Quando uma sombra era vista no cemitério os mais velhos diziam que era ele (Vizir) quem ia visitar o próprio corpo sepultado em um lugar secreto. Diziam que Vizir ou seu espírito tramava uma vingança contra toda a cidade.

O medo que todos tinham do velho Vizir era oriundo dessas estórias que os mais velhos espalhavam. Eles contavam que quando eram crianças Vizir era um velho mefistofélico que morava no alto da colina e vivia em misantropia cheio de segredos e mistérios macabros.

Certo dia quando muitas crianças começaram a desaparecer o povo da cidade não tinha duvidas de onde procurar. Foram direto à cabana de Vizir e acharam treze corpos esquartejados e decapitados num grande porão imundo da cabana do velho feiticeiro. Eram os corpos das crianças.

Pego em flagrante Vizir foi morto a pedradas pelo povo, acusado de prática de magia negra, pois não só os pequeninos corpos foram encontrados, mas também livros, poções e preparativos para rituais de magia preta.

Seu corpo foi largado em qualquer parte da cidade todo esfolado e desfigurado. Mas seu espírito permanecia em nossa esfera materialmente vivo através das artes proibidas da magia negra da imortalidade. O espírito enterrou o próprio corpo num local secreto no cemitério para que ninguém o matasse de vez.

E assim o espírito de Vizir permaneceu em latência por um longo tempo até que gerações futuras se esquecessem de sua existência.

Mas agora ele voltou e os mais velhos juram que Vizir veio se vingar de toda a descendência daqueles que um dia lhe privou de sua vida corporal.

Algumas pessoas que viam o suposto velho no alto da colina chamavam a guarda para verificar, mas quando a policia aparecia lá tinham uma estranha surpresa: a cabana permanecia como à quase um século, sem nenhum sinal de pessoa nenhum.

No cemitério e no lago também viram Vizir, mas o guarda que contrataram não viu nada rondando o lugar. Mas ele jurava que à noite ouvia barulhos estranhos que lhe metia medo. Então logo ele ficou louco e se suicidou no lago nos fundos do cemitério e nenhum outro quis ocupar o seu lugar.

A cidade toda começou a entrar em pânico e as visitas aos mais velhos no asilo eram constantes. Todos pressentiam a própria morte e queriam saber o caminho da salvação e destruição definitiva de Vizir. Mas estas eram respostas que os mais velhos não sabiam responder para desespero de toda a gente.

Todos estavam ficando cada vez mais desesperados. Os mais velhos que tudo sabia de Vizir, morreram.

E todas as pessoas começaram a ter o mesmo pesadelo terrível que a vendeta de Vizir lhes proporcionaria. Ninguém mais conseguia dormir com seus medos mais profundos acendidos pelo velho feiticeiro. E seus anseios nefandos traiam sua fé.

E estremeceram ainda mais quando outras treze crianças desapareceram naquela noite de sombras e maldiçoes vidas do inferno.

Foi a coisa mais maldita que a natureza testemunhou: todas as pessoas estavam sendo manipuladas como marionetes. Todos se levantavam contra a própria vontade e andavam em direção ao Lago Vermelho contra suas vontades.

Eles gritavam de horror e o desespero carcomia seus cérebros. E não conseguiam parar suas pernas que trilhavam no caminho obscuro da morte.

O mar de gente começou a atravessar o cemitério e todos viram os terrores intenso e satânico que agora regia suas vontades, suas vidas.

Era Vizir que estava sobre sua tumba e movia milhares de bonecas de vodu para dentro de uma bacia negra cheia de sangue das treze crianças. Todos que passavam por ali viam a própria representação em uma boneca que ia sendo tragada pelo sangue e o próprio corpo ia sendo engolido pelas águas do lago.

O rogo de misericórdia e os gritos de desespero eram dignos de pena. As pessoas iam adentrando nas águas indignadas e miseráveis mesclando suas lágrimas amargas com a doçura do sangue do lago.

Mas os olhos diabólicos do espírito de Vizir imperavam a ira e a vingança e de sua boca saía uma gargalhada cavernosa e ecoante que consumia com as vidas que ele esmagava com as próprias mãos até reinar um silêncio de morte que lhe avisava que estava feito.

lord edu
Enviado por lord edu em 01/03/2007
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