Ciúmes de gato(quando o amor é extremo)
(I Gave You All)
 
         -Amor é uma coisa estranha, é um sentimento que deixa a gente meu bobo– disse Pedro para a senhora da floricultura quando comprava as flores, um buquê de rosas, ela sorriu.
         -É para sua namorada? – disse a senhora da floricultura. Tinha os olhos suaves, e cabelos brancos de quem não era intimidada pela idade.
         -Vamos ficar noivos, hoje vou pedir em casamento – disse ele, depois pegou uma  caixa de transporte de animais que estava no chão, lá dentro um filhote de gato angorá.
         -E isso deve ser o outro presente? –falou a senhora simpática enquanto olhava para a caixa de transporte. Dava para ver apenas os olhos azuis de um filhote angorá negro, o belíssimo animal brincou com a vendedora que se encantou com a sua simpatia. – É um gato lindo, e tão raro dessa cor,acho que nunca vi, que olhos maravilhosos, parecem verdes com azul.
         -Veio de muito longe – disse Pedro animado. Pagou, colocou a carta que escreveu no dia anterior, tinha tantas palavras importantes, tanta coisa que queria falar para a pessoa que amava sobre sua beleza, sua  suavidade, ele sabia que de alguma forma o seu coração batia diferente na presença dela. Pedro era um rapaz bonito, com um metro e noventa, olhos castanhos e porte de atleta,jogava basquete, foi enfermeiro do corpo de bombeiros no Rio de Janeiro, mudou-se para Vitória após passar no concurso da Universidade Federal, quase no mesmo dia conheceu Cristiane, foi um amor a primeira vista, seus amigos achavam estranho, um homem gostar de uma mulher só, aquilo era bizarro para os tempos modernos, nem mesmo as mulheres queriam compromisso assim. Pedro não se importava, poucas coisas na vida valem tanto como o amor da mulher que verdadeiramente se ama, se existe uma “coisa” invisível em que acredita essa é o amor.
         Tinha fotos de Cristiane em todos os lugares, para ver o seu rosto, quando ela torceu o tornozelo a carregou no colo, do centro comercial ao estacionamento da clinica ortopédica, vinha sorrido e beijando um ao outro, trezentos metros de alegria, foi a caminhada mais feliz que já fez,ele estava ansioso para ver a mulher que amava e dizer que queria viver o resto da vida com ela, por isso apertou o passo, ouviu os protestos de Alex na caixa de transporte.
         A casa da namorada ficava só alguns quarteirões da floricultura, chegou a casa, levando apenas alguns minutos, tocou a campainha, deu azar, a megera da sogra atendeu, ela não gostava de Pedro, achava que ele era um fracassado. Afinal que homem poderia ganhar a vida como enfermeiro? A filha deveria casar com um médico, afinal depois de estudar tanto, pra depois ter que sustentar o marido nas costas? O pai se sacrificar naquele transporte escolar, quando faltavam dias para a formatura teve um AVC e morreu. Pedro sabia do preconceito da sogra, entendia, mas amava a sua profissão, nem todos os enfermeiros são médicos fracassados, como muita gente pensa por ai, ele gostava de assistir o paciente, um olhar mais de perto, e adorava não ser  função sua determinar o que o paciente tinha, gostava de ver o paciente e a sua doença, ou a sua saúde, como um todo, de forma inteira, um conjunto, sabia que a maioria dos médicos contribuíam para a piora do sistema de saúde e que quase nenhum entendia os pacientes, hoje,  a maioria dos pacientes, conversavam muito mais com os enfermeiros. Dona Olivia abriu a porta. Estava com a cara fechada como sempre, quase não falou com ele.
         -Ela está estudando para a residência – disse azeda.
         -Bom dia para a senhora também – Pedro entrou e foi direto para o quarto de Cristiane.
         Beijou a namorada apaixonadamente, sentiu os seus lábios e ao mesmo tempo o coração disparou. Ela já não demonstrava a mesma alegria em vê-lo, mas dessa vez foi um pouco mais fria.
         -Que lindo – disse ela pegando o pequeno gato angorá, Cristiane estava triste, pois a sua gata Kelly havia morrido há dois meses,gatos em média vivem nove anos, com a morte da velha gata,o gato seria a melhor surpresa. – Pedro, onde conseguiu?
         -Gato preto dá azar – disse Dona Olivia da porta.
         -Mamãe, ele é lindo, não sabia que tinha esse tipo de preconceito – Cristiane estava radiante com o presente.Havia outro assunto que preocupada,  ela sabia que teria que dar a notícia para Pedro, esse parecia ser o momento ideal, chega de rodeios, amou Pedro, e achou divertido o tempo que passou com ele, mas agora tinha que ter o seu próprio tempo, já que ele está inebriado e de forma apressada, falando em casamento, contaminado pela alegria do aniversário do namoro. Percebendo que o assunto tomaria um rumo mais particular, dona Olivia pegou o gato, no íntimo a sogra já sabia que era hora de deixar os dois sozinhos, já estava a par do assunto. Antes tinha perguntado a filha se queria que ficasse, Olivia e Cristiane, eram amigas tinham conversado longamente sobre o assunto Pedro, a mãe enumerou a suas razões para o fim do namoro, Cristiane disse que Pedro era assunto dela, e conversaria com ele sozinha, então quando Olivia percebeu que a hora chegou, pegou a caixa de transporte, colocou o gato dentro e disse que ia dar comida e água para o gato.
         -O que tem para me dizer de tão sério? – disse Pedro sentando na cama.
         -Vou fazer residência no Rio, tenho que sair de Vitória, você sabe que a especialidade que gosto não tem aqui – disse Cristiane olhando nos olhos tristes do namorado.
         -Mas tínhamos combinado que você faria pediatria geral no Hospital infantil – os olhos dele eram de suplica, não acreditava em amores a distância. Um desespero tomou conta do jovem enfermeiro, suas palavras já não saiam calmas. – Sabe que desisti do emprego no Maranhão e olha que era na Petrobrás, fiz o meu sacrifício, será que não pode pensar em nós dois?
         -Não pedi nada Pedro, você fez o sacrifício sem me perguntar, como uma prova de amor que nunca pedi, nós somos jovens demais – disse Cristiane pegando a mão do namorado. – Mas eu preciso desse tempo, me escuta, se você me ama?Me liberta, se o nosso amor for forte vai durar.
         -Está bem – disse Pedro, levantando as mãos – muita calma nessa hora, claro, arranjo um emprego no Rio, sou de lá, conheço todo mundo lá. – Ele pegou o celular - então vou com você – posso ligar para um amigo meu agora.
         Cristiane baixou a cabeça.
         -Acho que não me entendeu – disse apertando as mãos de Pedro. – Entende Pedro, tenho vinte e cinco anos, preciso conhecer o mundo, andar, falar com as pessoas. Segunda-feira eu faço a minha primeira viajem sozinha, vinte e quatro anos e é a primeira vez que viajo sozinha! Podemos ficar amigos, você pode até ser o meu namorado oficial, mas não quero compromisso.
         -Você está terminando comigo – disse Pedro quase gritando.  – Sabe o que eu comprei hoje, as alianças, gastei dez mil reais, seriam as nossas alianças de casamento, dei entrada num apartamento que não posso pagar sozinho, comprei flores e paguei três mil no maldito gato! – Chorar por amor dói, mais saber que as lágrimas não adiantam, dói mais ainda. Pedro derramou as lágrimas mais duras e dolorosas, que poderiam ser de sangue, nos quatro minutos que passaram, o mundo de Pedro virou do aveço.
         Pedro saiu, bateu à porta. Cristiane sabia que isso aconteceria, já vinha enrolando aquela decisão há meses, Pedro não percebia, mas há muito tempo ela não queria um relacionamento sério, só uma liberdade justa de quem acabava de se formar e queria ver o mundo.
         Pedro chegou até o carro, no porta-luvas o trinta e oito que comprou quando ainda trabalhava no corpo de bombeiros, não conseguiria viver sem ela, nem deixaria que ela casasse com outro, seu coração batia, olhou e viu que a arma estava carregada, abriu a porta e apontou a arma para Cristiane, ela começou a chorar, dona Olivia de pé implorava para que ele não fizesse aquilo, chamava Pedro de filho, até que Pedro virou a arma contra a própria cabeça, a bala acertou o osso temporal, Pedro caiu morto. Junto ao seu corpo, as alianças e uma carta, muitas flores espalhadas.
SETE ANOS DEPOIS
         -Mãe, onde está o meu buquê? – perguntou Cristiane para dona Olivia. A senhora estava em uma cadeira de rodas depois de um AVC que teve naquele dia da morte de Pedro, há sete anos, estava radiante, a filha estava casando com um neurologista famoso, após o casamento partiriam para a Europa, depois os três morariam juntos em uma casa no bairro nobre, o genro, que era extremamente atencioso com dona Olivia, fez um quarto adaptado somente para ela na casa, no andar de cima, com elevador para sua cadeira de rodas, uma coisa que só tinha visto em filmes.
         O casamento foi luxuoso, quando voltou da lua de mel a primeira coisa que Cristiane quis saber foi:
         -Onde está o Alex? – perguntou a dona Olivia.
         -Aquele gato medonho anda sumindo, volta depois cheio de machucados, anda brigando feio na rua, acho melhor a gente castrar ele, outro dia arranhou a filha do vizinho, você sabe quem te deu aquele gato, Deus me perdoe, mas casa nova vida nova, dá esse gato de presente para sua tia Rute.
         -Mãe, não implica com Alex – ao ouvir seu nome o gato angorá extraordinário, grande, quase obeso, porém muito ágil, veio andando com a sua elegância até a dona, que era a única que conseguia pegar aquele animal no colo.
         -Oi meu bem, sabe que te amo – disse fazendo carinho no pescoço, onde o gato mais gostava.  – Você vai ter uma casa só sua.
         -Eduardo, onde está o seu marido? – perguntou dona Olivia.
         -Foi visitar um cliente, um desses ricos que pagam para ele ir até a casa deles, sabe que ele faz isso com muito critério.
              – Quando dona Olivia falou o nome do marido de Cristiane o gato miou, olhando para a mulher com um ar de desconfiança.
         Eduardo foi uma escolha boa que Cristiane havia feito, um cavalheiro, procurava demonstrar que a amava, era educado e muito rico, porém a paixão que procurava,  Cristiane nunca encontrou nele,estava certa que a pessoa que mais amou até aquele dia foi Pedro.
Uma coisa que estava chateando Cristiane, a repentina mudança de comportamento de Eduardo depois do casamento, andava fumando, bebendo e às vezes usava maconha, o que ela reprovava, o que ela havia escondido antes de casar.
         -Vai me perdoar, minha filha, esse gato não gosta do seu marido, isso vai dá confusão  – disse dona Olivia , muito supersticiosa.
         À noite, com hálito de bebida, Eduardo chegou, uma decepção  para Cristiane, que esperava por um príncipe encantado, ele parecia um sapo que bebia demais, algumas vezes ela achava que o marido tomava alguns psicotrópicos(auto medicação), mas era um bom genro e poderia tentar consertar os erros do marido ao longo do casamento, ninguém é perfeito.
Eduardo dizia estar apaixonado, mas ouviu boatos de Eduardo com enfermeiras o tempo todo na residência, considerado pelos amigos como temperamental, seu descontrole era frequente, sexualmente tinha que aprender muito ainda, veio na cabeça de Cristiane memórias de Pedro que queria apagar,  principalmente nessa hora, lembrava-se de Pedro, um namorado apaixonado, mais bonito que Eduardo, mais meigo. Eduardo tinha uma mentalidade pornográfica sobre o sexo, Pedro era suave, para Cristiane, uma mulher romântica, Pedro tinha um desempenho sexual muito melhor, por que será que ela estava lembrando-se de Pedro?
         -Dia difícil – chegou pegando nos seios dela, nada de beijos ou flores, sempre direto ao assunto. Sexo, sem um beijo, sexo das cavernas? Pensou Cristiane.
         -Você está fedendo a uísque – disse Cristiane.
         -Só umas doses querida, eu encontrei uns amigos na Rua da Lama – um ponto popular de universitários em Vitoria.
         -Isso é coisa de adolescente – disse Cristiane enfurecida – você pode ter uma atitude mais adulta. Poxa Eduardo, estamos casados, já existe telefone celular. Tudo bem, se quiser ir à Rua Lama,me chama, eu gosto também.
         Eduardo não respondeu, era assim que ele resolvia o assunto, ficava calado, não dizia uma palavra, foi tomar banho e voltou só de cuecas.
         -Vamos para a cama – disse sorrindo – assim podemos fazer as pazes.
              – Cristiane pensou que aquilo não iria durar muito, o casamento estava assim alguns meses após a lua de mel, achou que seria muito se durasse um ano, o problema era dona OliviaTereza Matos, sua mãe, que era mais apaixonado pelo genro que ela, estava doente.
         À noite Olivia acordou com um miado de gato, quando olhou para  Alex, o gato parecia maior, estranhamente olhava fixamente para a parede e miava, dona Olivia passou para a cadeira de rodas, para alcançar o elevador, queria descer a escada e chamar a filha, mas quando estava na beirada da escada o gato pulou no seu rosto, o movimento foi brutal e rápido, a cadeira  de rodas ganhou um impulso, rodou para trás e depois caiu escada abaixo, em uma das voltas o pescoço de dona Olivia sofreu uma fratura, estirou-se no último degrau sem vida. De pé ao lado dela Pedro sorria, com um buraco de bala no osso temporal esquerdo e a cabeça aberta do outro lado.
         Cristiane só chorava, enquanto o pessoal da funerária retirava a sua mãe, Eduardo sentado no sofá de pijama disse:
         -Avisei para a sua mãe ter cuidado, não desse pela escada, nem se aproxima dessa escada, mandei construir esse elevador só para ela, não sei o que aconteceu, talvez estivesse com sede, mas tem tudo no quarto dela, o que ela queria aqui embaixo?
         Dez dias depois Cristiane estava com Alex na varanda e o síndico tocou o interfone e pediu para falar com ela.
         Morava em um condomínio fechado, milionário de casas, existia regras, o síndico veio reclamar do gato, alguém chamou o síndico dizendo que a piscina estava interditada, ele falou de uma obra no local. À noite o síndico tomava um banho refrescante na banheira, e usava o seu barbeador elétrico, quando terminava cada etapa da barba, deixava o barbeador no canto e dormia na banheira, Alex entrou pela janela, sentou ao lado do síndico, do seu lado Pedro vendo o síndico dormir disse no ouvido do síndico como se ele pudesse ouvir.
         -Preocupado com meu gato?Esse gato tem uma missão, ninguém pode impedir.
         Jogou o barbeador ligado dentro da banheira.
         Aquilo foi interpretado como acidente.
         Eduardo levantou com dor de cabeça, tinha vontade de beber o tempo todo, do seu lado Pedro o instigava para beber, o gato não para de miar para impedir que Eduardo dormisse, cerca de uma hora da madrugada ele foi até o gato e tentou chutar o animal que com agilidade se esquivou fazendo com que Eduardo caísse, depois arranhou profundamente o rosto do neurologista.
         -Cristiane,  quero esse gato fora da minha casa amanhã.
         -Nada disso, a casa também é minha.
         Eduardo saiu, procurou um amigo que vendia maconha, queria fumar um, sua carreira não ia bem, agora só fazia consultoria em Proto - Socorro,ele  tinha saído do consultório, bebia e fumava maconha quase todo dia, além do peso nas costas que sentia, uma dor que incomodava bem abaixo do pescoço, raiva, sempre estava com muita raiva, não conseguia dominar a sua raiva, já respondia a dois processos  por não tratar bem os pacientes, e outros quatro por negligencia.
         A viatura da polícia parou o carro de Eduardo, foi revistado encontraram drogas e álcool, tudo foi parar na mídia, a carreira dele estava acabada, que merda, pensou Eduardo depois de fazer o cheque para o advogado, quanto que é a fiança, cem mil, isso é fiança de assassino, não para quem fuma uma coisinha de nada e bebe duas cervejas.
         -Agora dá um tempo, entra para uma igreja evangélica para vê se te filmam sendo pastor, se você tiver outra encrenca fica preso – disse o advogado.
         -O que está acontecendo com você Eduardo?- perguntou Cristiane.
         -Sei lá, perdi o meu emprego, fui preso, estou impotente, deve ser alguma macumba – disse deitando na cama. Pensou que talvez precisasse de um gole de uísque, seria o último para se acalmar – Pedro estava de Pé perto dele, o gato no alto da estante miava longamente.
         Eduardo foi até a cozinha pegar uma faca.
         -Que é isso Eduardo – disse Cristiane.
         -Vou matar aquele gato preto, ele está me dando azar, sua mãe disse que quem te deu ele foi aquele namorado que se matou, por favor, dê um jeito nele – disse Eduardo.
         -Não seja criança – disse Cristiane pegando Alex no colo – ele é só um bebê, meu bebê.
         À noite Cristiane, por um mistério não escutava os longos miados de Alex, Eduardo não conseguia dormir, duas da manhã Cristiane ouviu um barulho diferente, foi até a cozinha, o barulho vinha de lá, Eduardo esfaqueava o animal como doido.
         Cristiane chamou a polícia, Eduardo foi preso novamente.Crisitiane correu para salvar Alex, mas o veterinário disse que era tarde demais, Cristiane chorou, pediria a separação para Eduardo, com isso Pedro estava satisfeito.
         Cristiane percebeu que alguma coisa estava errada, foram até a caixa onde guardava as suas recordações, lá estavam às alianças e a carta de Pedro.
         Começou a ler. Nunca teve coragem.
         “O amor para mim é tudo na vida, todo o resto é secundário, todo resto é um grande imaginário, uma mentira, amor , amor de pai, amor de filho, mas sempre amor, as pessoas ficam atrás de profissões, do dinheiro, de valores, de motivos inúteis para viver, para mim somente o amor impulsiona a vida para o lado certo, caso contrário a vida consome a gente, empobrece nossos pensamentos, nenhum dinheiro pode comprar um olhar apaixonado, uma esperança de felicidade, fique comigo, que mostrarei para você isso, escute a nossa música, I Gave You All, amo você com toda a minha alma, meu corpo, minha essência”.
         Cristiane gritou para Pedro ouvir.
         -Eu era tão jovem!
         Pedro foi embora.



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JJ DE SOUZA
Enviado por JJ DE SOUZA em 10/11/2012
Reeditado em 11/11/2012
Código do texto: T3979150
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